A SURRA QUE A PROFESSORA LEVOU DO ALUNO
Hoje, 12 de novembro de 2010, vi na TV (BOM DIA BRASIL) mais uma notícia terrorizante: um estudante de 21 anos, no SUL do país (salvo engano), ao saber de uma nota baixa no seu curso de Enfermagem, surrou a coordenadora do curso. Com uma cadeira, "quebrou a professora no pau". Ela ficou totalmente imobilizada com os dois braços quebrados, na tipóia, escoriações por toda parte e o olho roxo. Felizmente que alguém deve ter chegado a tempo de evitar o pior, pois diante do que vimos, não cremos que o "animal" a deixasse viva.
Consciente do que tinha feito, o que se diz estudante procurou uma delegacia pra saber se alguém tinha registrado alguma queixa em seu nome. Ao delegado adiantou que havia sofrido de preconceito por ser negro. Com essa atitude, o estudante já procurava misturar os fatos, inclusive utilizando-se de sua própria cor par servir de escudo contra uma possível condenação ou mesmo prisão, o que seria mais justo. Um agravante em tudo isto é que o estudante é praticante de JIU JITSU e fez da professora, possivelmente, uma das suas aulas práticas preferidas. Indagamos sem querer induzir ao humor negro: será que ele não queria fazer da professora uma das suas aulas práticas de enfermagem? Sem dúvidas que sim! Mas não no que concerne a enfermagem, mas a “enfernagem” do seu caráter, do seu mundo violento que não se contém em si e tem que concretizar em alguém.
Grosso modo, é esse o nosso dilema como professores. As agressões verbais a gente até enfrenta com o conhecimento e a competência somados às vivências do dia-a-dia. Contudo, alguns alunos mal resolvidos sexual e afetivamente, precisam disto como forma de superação, provavelmente, do que lhes faltam em casa: LIMITES! Algumas vezes o limite existe, mas desconectado da vida enquanto escola e da família enquanto processo educacional. Os resultados estão por aí. Hoje no Sul, ontem no Nordeste, amanhã no Norte, depois no Sudeste e se alternam independente da ordem dos fatos, conforme já vimos outros casos nos noticiários.
A educação está em crise ha muito tempo. Nossas escolas funcionam quase todas sem nenhum rigor metodológico; boas partes dos professores privados filosofam: "a escola finge que nos paga e nós fingimos que ensinamos", o que não justifica. Na escola pública, literalmente, o "buraco é mais em cima". Os professores são servidores públicos e se acham donos; não raro vivem de licenças médicas. Os alunos têm consciência que a escola pública não é de ninguém - desconhecem a lógica dos impostos que nos garante que o serviço público é nosso enquanto cidadãos. Que o Ministério da Educação precisa definir um piso nacional de salários e uma política educacional mais agressiva, ninguém discute. Só não podemos mais conviver com as desculpas esfarrapadas dos maus professores que, mesmo ganhando altos salários ( se fosse o caso ) continuariam medíocres, pois VOCAÇÃO NÃO SE VENDE NA FARMÁCIA. Independente se serem públicas ou privadas, poucas têm uma relação direta eficiente com as famílias dos alunos... As famílias, por suas vezes, dificilmente atendem ao chamado das escolas. Quando o fazem, sempre é a mãe quem participa, pois para alguns pais, isto é coisa de "mulher, mãe", etc.
Voltando ao estudante de enfermagem, esperamos que a polícia faça sua parte, mas sabemos que a justiça não fará a sua. Menos por incompetência e mais porque lhe falta um código penal mais atualizado, menos cheio de brechas que asseguram os empregos de advogados. Mas enquanto houver um professor vocacionado no mundo, certamente que teremos esperanças de ver uma educação que prepare pra vida e que resgate os valores que alguns jovens como este, insistem em desconhecer.
Como perguntar não ofende, insisto: será difícil compreender que o estudante não tenha apenas repetido na escola o que, possivelmente tenha feito em casa?
PS.: Em roxo, da cor do olho da professora.