PROFISSÃO PROFESSOR; EXERCÍCIO DA VAIDADE
Li hoje pela manhã uma declaração que me deixou surpreso. Um professor universitário, defensor da educação a distância, declarou que o ensino presencial é “uma viagem para o ego do professor”.
Junto a isso, o tal professor declarou ainda que na educação a distância o papel do professor seria mais de um organizador e de um orientador do que propriamente de alguém que muito conhece um determinado assunto tentar transmitir o seu enorme saber a uma mente supostamente mais estreita.
A minha surpresa foi o fato de um professor admitir que sua função está mais relacionada a um exercício de sua própria vaidade do que efetivamente na tentativa de educar os “sem-luz”.
Em latim, a palavra aluno significa aquele que não possui luz.
Já há algum tempo que eu filosofava em cima da ideia de que o professor, ao longo da vida escolar dos sem-luz, deve tornar-se cada vez mais desnecessário.
Cada vez mais o estudante deve soltar a mão do mestre e começar a caminhar com suas próprias perninhas, ou senão terá que viver sempre à sombra do maravilhosamente sábio DOUTOR. Sempre como seu dócil e cabeçudo discípulo.
Mas quem derrubará o impostor do alto de sua cátedra? Será que eles algum dia admitirão que sua necessidade na vida de um estudante é quase nula? Ou teremos que, sempre, dizer amém aos donos da verdade e obedecer invariavelmente suas imposições?
Quanto mais se depende de alguém mais criança se é.
E não é esse estado das coisas que queremos. Depender de professores já é fato inadmissível já no primeiro ano do nosso antigo ginásio (5ª série). O que vamos dizer de discentes que dependam de professores, ainda, no ensino superior?
Mas é exatamente isso que o dono da verdade, o mestre, o doutor, aquele que professa algo, o quase-pretenso-sacerdote-professor necessita, de que necessitemos dele. Por isso quer fazer com que creiamos na sua imprescindibilidade.
Mas o fato é que o professor é apenas necessário às crianças. É mister que elas sejam conduzidas pelas mãos, que sejam encaminhadas enquanto engatinham.
Mas somente nesta fase pueril.
Para nós que somos ADULTOS é uma questão de honra não sermos conduzidos como crianças, ou como gado.
Assim, para alguém que chegou à idade adulta, submeter-se aos caprichos e vaidades daqueles que sobem num tablado e exercitam toda sua soberba já é algo que não se pode mais suportar.
Já dizia o finado Paulo Freire que ninguém ensina ninguém, não se transmite conhecimentos como se deposita dinheiro no banco. Até quando teremos que suportar esse ensino bancário?
Até quando vamos permitir a tirania da “aula expositiva”? Por acaso é necessário que alguém diga com outras palavras o que está escrito nos livros?
É preciso repensar profundamente a pedagogia aplicada nas nossas escolas. Necessitamos cada vez mais ver o professor como apenas um orientador, alguém que se preste a uma emancipação das pessoas e não alguém que exerça sua vaidade impunemente nas salas de aula.
Ou seremos eternamente uma nação de idiotas e dependentes, e mais ainda, subservientes, dóceis servos, sempre com as mãos juntas em forma de súplica dizendo amém.
Finalmente, hoje pela manhã, li alguma coisa interessante e inteligente em meio a tanta superficialidade e fanfarrice.