O MUNDO NA ERA "IDIOT SAVANT"

O assunto que pretendo discorrer, ao qual, a bem da verdade, pretendo mesmo é traçar um paralelo com a nossa realidade social e política, me surgiu quando me chegou às mãos um texto muito interessante cujo título "NÃO, AOS IDIOTS SAVANTS", foi publicado numa revista técnica de grande circulação e que foi pauta de leitura para interpretação de texto na prova de português dum recente concurso público para a area superior em enfermagem.

O texto, muito complexo ao leigo, e que versava sobre a inserção econômica e financeira do Brasil depois da crise mundial de 2008 /2009, faz várias considerações sobre a nossa passagem aparentemente mais tranquila por ela, frente a boa condução das políticas fiscal e de juros, porém enfatiza que as reais proporções da crise sobre o nosso rumo tecnológico e social ainda nao se delineou por completo, a demandar por mais um bom tempo para que possamos mensurar os seus reais imapctos.

Precisamos formar profissionais de todas as áreas, mas que se conectem com a realidade do país, não tão otimista quanto se prega, insinuava o autor.

Pincelava também sobre "o boom de crescimento" industrial e comercial dos países asiáticos, cujos olhos voltados ao Brasil também não é fenômeno que comporta apenas um lado tão otimista de interpretação política, e frisava muito bem que a intensa importação de produtos também denuncia uma situação de queda da nossa produção industrial em vários setores, o que perocupa.

Enfim, também citava a necessidade duma séria política de educação 'sensu lato" e duma "política cultural" a definir nossa prioridade social de valores (não é cultura política!- e este chamado fica por minha conta!); que o autor explicava como a necessidade premente que temos de nos definir quanto aos valores referenciais que vamos desenvolver culturalmente na formação educacional, ou seja, quais os valores sociais que vamos priorizar como "golden" na condução das vidas a serem formadas como instrumentos de "real transformação social". Explicava também que crescimento econômico não significa necessariamente inserção social, e penso sermos um bom exemplo do tal fenômeno.

E por fim, o texto falava do papel dos meios de comunicação de massa, como coagenciadores responsáveis na veiculação dos tais valores culturais a serem cultivados na instigação do pensamento.

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Foi aí que entendi aonde o autor queria chegar: estamos sim, na era de formação "em massa!" dos "idiots savants", em todo o mundo, mas principalmente por aqui, nesta tripa quase inconsciente de continente latino-americano.

É interessante que assim seja, e os líderes se exaltam com o sucesso da "criação" favorecido pelas suas mãos.

Como o estímulo à inteligência não depende apenas da carga gênica do indivíduo,mas muito mais da inserção no seu meio, os atuais valores priorizados pela sociedade instigam a formação de "personas" que não se enxergam nem a si, nem ao entorno, sequer o seu próprio contexto no seu complexo meio. Assim fica fácil comandar e manipular.

Os "idiot savant", portadores de notável rebaixamento das atividades cognitivas, até "brilham" em algum segmento da sociedade, dos esportes, das artes ou da política, porém se exigidos na atuação e abstração do pensamento a deflagrar a necessidade do seu potencial multiinteligente, como por exemplo para a resolução de pequenos problemas, estes não responderão cognitivamente a contento.

São indíviduos que não agregam conhecimentos por déficit de estímulo social.

Seria mais ou menos esse o conceito que explicaria tanto "abestalhamento" fazendo sucesso entre nós, tantos falsos ídolos e mitos em tantos seguimentos da sociedade, como por exemplo, os programas de reality show, as revistas femininas e muitos dos "best sellers" de massa da televisão sem qualidade alguma e até mesmo as candidaturas políticas pitorescas que chegam ao auge do sucesso.

Somos nós, enquanto sociedade, que definimos nossos valores a serem cultivados e "eudeusados" na condução da educação e dos nossos prioritários projetos de futuro.

Enfim, cabe a nós decidirmos o quão Idiot Savant (idiotas sábios) queremos ser e quais serão os "idiot savants" que irão nos comandar e fielmente nos representar.

Tempos de arrepiar...e por aqui são as urnas que nos falam, a não me deixar mentir...

Assunto cuja época é mais que apropriada para a nossa reflexão.