A influência da educação em nossas escolhas
Qual a relação existente entre as escolhas de uma nação e seu respectivo nível educacional? Para esta pergunta, podemos ter diversas respostas e, muitas delas, certamente, convergirão para àquela que mostra uma íntima relação entre a qualidade de nossas escolhas e a qualidade da educação.
Segundo uma pesquisa realizada pelo IBOPE (maio/2010) a Educação (27%) é a terceira área considerada mais problemática no País. O ensino fica lado a lado de questões como drogas e empregos (29%), e atrás somente da saúde (66%) e segurança pública (42%) na preocupação dos eleitores. Ainda de acordo com os entrevistados a Educação Básica merece atenção especial do próximo presidente e ela aparece em quarto lugar entre áreas consideradas prioritárias e que podem ajudar a solucionar os problemas nacionais. Na avaliação da qualidade educacional 44% dizem está regular, 21% ruim/péssimo e 34% ótimo/boa. Já para 51% a educação está melhorando em ritmo lento. Mas o que isso tem haver com o resultado das eleições?
Nestas eleições tivemos vários “fenômenos” eleitos com maioria de votos. Vou ater-me ao palhaço Tiririca que foi eleito com 1.353.820 votos. Quero acreditar que foram votos de protestos e não escolhas fiéis. No entanto, estes eleitores talvez não imaginassem que estariam elegendo outras pessoas que não eram “dignas” de tal confiança. Com ele foi mais três federais, inclusive o Delegado Protógenes. Para quem não lembra, ele comandou a Operação Satiagraha, que prendeu o banqueiro Daniel Dantas, do grupo Opportunity; o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta; e o megainvestidor Naji Nahas. Depois foi indiciado criminalmente pela PF em dois crimes: quebra de sigilo funcional e violação da Lei de Interceptações. Ele teria sido responsável pelo vazamento de dados secretos da Satiagraha e, tal conduta, na avaliação da PF, caracteriza quebra do sigilo funcional. Também não podemos esquecer do mito Paulo Maluf que conseguiu quase meio milhão de votos e que caso sejam computados vai levar dois federais com ele.
O que os eleitores do Tiririca têm em comum com os de Maluf? A forma de protestar ou um pouco de analfabetismo funcional? Esta é realmente a melhor maneira de protestar? Qual o pior: um palhaço analfabeto ou um corrupto que se diz ficha limpa? O que os dois (e muitos outros eleitos) tem pra nos oferecer enquanto deputados federais?
Vejamos a relação entre as péssimas escolhas e o nível intelectual do nosso povo. Segundo o IBGE, 20% dos brasileiros não conseguem compreender textos, enunciados matemáticos e estabelecer relações entre assuntos, apesar de saberem ler e escrever, ou seja, são analfabetos funcionais e tem menos de quatro anos de estudo. No ano passado, o analfabetismo atingiu 14,1 milhões de brasileiros (9,7% da população). O número é somente 1,8 ponto percentual menor do que em 2004.
A olhar pelos números, tivemos poucos investimentos na educação. E claro, para o bem dos corruptos, é melhor ter um analfabeto funcional em cada cinco brasileiros para que continuem elegendo pessoas com tamanho “despotencial” para nos representar. Deduz-se que o crivo do nosso eleitor é um tanto quanto deturpado da atividade crítica realizada pelos alfabetizados. A moralização política começa pelo investimento na educação. Somente através dela é que seremos capazes de nos livrar da ignorância que nos conduz às péssimas escolhas.
Estou convicto de que realmente existem compras de votos. Quando percebi que algumas pessoas foram eleitas em nosso Estado sem nenhum serviço prestado à comunidade e que outros, mesmo sem mandato, trabalham pelo povo e não tiveram este mesmo privilégio. O povo precisa de qualidade na educação para saber escolher, caso contrário, a corrupção vai continuar afrontando a vida da pequena parcela de nossa sociedade que ainda não se corrompeu.
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