Paulo Freire: o defensor dos oprimidos
Paulo Freire: o defensor dos oprimidos
Autora: Solange Gomes da Fonseca
Resumo: para Paulo Freire, educação deve ser uma prática de liberdade, que vise à construção de uma sociedade democrática. Ora, sendo assim, como o educador pode contribuir para construção de uma sociedade democrática, participativa, atuante, se sua prática pedagógica permanece bancária, distante da ação reflexiva dos educandos e apenas reprodutora da estrutura dominante.
Então, vejamos o que o texto nos diz da influencia de Freire na educação.
Educação é para o autor em questão “uma situação gnosiológica”, isto é, um processo onde educar é comunicação, é diálogo, é um encontro de sujeitos interlocutores que procuram a significação dos significados.
Ao buscar controlar a vida e a ação do aluno de forma que este aceite o mundo tal como é, e assim não permitindo que o mesmo exerça seu poder de criação e transformação da realidade.
A educação é o ato de depositar, em que os alunos são recipientes passivos dos depósitos do educador, e assim, a educação bancária é domesticadora. Já como concepção oposta à educação bancária, temos a educação problematizadora, onde o educador não impõe, mas sim propõe o educando conteúdo a ser estudado. Essa educação problematizadora fundamenta-se na criatividade e requer um processo de ação/reflexão autentico sobre a realidade. Desta forma, responde à vocação do homem para autenticidade quando envolvido num comportamento de luta pela transformação social.
No mundo que se configura como globalizado, a participação crítica exige a formação de cidadãos, sendo que a construção da cidadania só se efetiva por intermédio da educação, principalmente a educação básica, cuja qualidade é o fundamental para se construir o direito a ter direitos.
O mundo contemporâneo acaba por obrigar a escola a ser crítica, onde o educador e o educando possam superar suas passividades, tornando-se seres ativos, sujeitos que constroem a história e construtores de uma prática educativa emancipatória que requer, efetivamente, do educador, uma tomada de posição pela missão históricas consciente e conseqüentes da humanidade, de destruir as relações de classe que sustentam a alienação e privam o homem de seu pleno desenvolvimento humano.
Paulo Freire, era um educador comprometido com a educação popular e a definia como um espaço de mobilização, organização e capacitação científica e técnica, em que o conhecimento do mundo é feito através das práticas do homem, de acordo com as suas necessidades de sobrevivência no meio em que vive. Segundo ele, educação popular e mudanças sociais caminham juntas.
Seu pensamento freireano surge da sua percepção de ser humano e do mundo. Ve o ser humano, seres de relações que respondem aos desafios para criar e recriar um mundo de cultura adaptando-se as suas necessidades.
Para Freire, educação é o compromisso do profissional desta área, em fazer dela um instrumento de mudança na sociedade, através da reflexão e da ação do educando. Via o amor como uma tarefa do sujeito, portanto, não acreditava na educação sem amorozidade.
Uma educação que procura desenvolver a tomada de consciencia e a atitude crítica, graças à qual o homem escolhe e decide, liberta-o em lugar de submetê-lo, de domesticá-lo, de adaptá-lo, como faz com muita freqüência e educação em vigor num grande número de países do mundo. Educação esta que tende a ajustar o indivíduo à sociedade, em lugar de promovê-lo em sua própria linha. Pois, é pela ação e na ação, que o homem se constrói como homem.
Freire acreditava na educação como instrumento transformador da sociedade. E, foi dessa forma que se tornou um educador popular que, via na educação a possibilidade de mudança na sociedade. Esse educador amoroso e abnegado fazia da docencia o fim de sua vida.
Freire defendia a docencia com liberdade, contra o autoritarismo, com respeito ao conhecimento trazido pelos educandos e ao senso comum.
Freire estava convencido da importância e urgência da democratização da escola pública, da formação de professores incluídos nos cursos de atualização, toda a equipe escolar que faz parte do conteúdo da escola.Para entender e trabalhar o papel fundamental da escola na transformação da sociedade faz-se necessário uma compreensão dialética entre escola e sociedade.
A proposta de Paulo Freire, também leva a marca da preocupação com o fator humano.Acima de tudo investiga o homem enquanto humano, portanto, interesse para humanização. Desta forma, ele procurava contextualizar o homem nos seus aspectos históricos, políticos, econômicos e sociais. Isso fazia com que ele enxergasse a educação fora dos muros da sala de aula tradicional, fazia com que ele percebesse o homem enquanto sujeito histórico e transformador dentro do grande ambiente global, onde se edifica a sociedade dos tempos modernos.
Desde ponto de vista, Freie (2002, p.12), esclarece que: “a melhor maneira que a gente tem de fazer possível amanhã alguma coisa que não é possível ser feita hoje, é fazer hoje aquilo que hoje pode ser feito. Mas se eu não fizer hoje o que hoje pode ser feito e tentar fazer hoje o que não pode ser feito, dificilmente eu faço amanhã o que hoje não pude fazer”. Portanto, aceitar a condição de limitação da experiência não representa imobilizar-se diante das dificuldades, nem tampouco negar a sua importância.
Ao propor uma prática de sala de aula que pudesse desenvolver a criatividade dos alunos, Freire condenava o ensino oferecido pela maioria das escolas (Istoé, as escolas burguesas), que ele qualificou de educação bancária. Nela, segundo Freire, o professor age como quem deposita conhecimento num aluno apenas receptivo, dócil. Em outras palavras, o saber é visto como uma doação dos que se julgam seus detentores.
Para se falar de Paulo Freire é preciso alguns requisitos fundamentais. É preciso amor a vida, acreditar nas utopias, na transformação, numa sociedade mais justa e igualitária. Do mesmo modo, é preciso ter dentro de si a esperança, a ousadia, a coragem de enfrentar as adversidades do dia a dia e as repentinas; é preciso, igualmente, acreditar na integridade, na beleza e no poder de transformação dentro do ser humano, principalmente daqueles a quem a vida fecha as portas, dos “demitidos da vida”, dos “esfarrapados do mundo”. É por isso, que insisto tanto nos meus textos em que as experiências não podem ser transplantadas, mas reinventadas, modificadas, inovadas...
Paulo Freire, concede educação como reflexo sobre a realidade existencial. Articulada com essa realidade nas causas mais profundas dos acontecimentos vividos, procurando inserir sempre os fatos particulares na globalidade das ocorrencias da situação.
Para concluir, nada mais justo do que dar a palavra a ele próprio: “uma das tarefas mais importante da prática educativa/crítica é propiciar as condições em que os educandos em suas relações uns com os outros e todos com o professor ensaiam a experiência profunda de assumir-se. Assumir-se como ser social e histórico, como ser pensante, comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos, capaz de ter raiva, capaz de amar. Assumir-se como sujeito capaz de reconhecer-se como objeto” (Freire, 1997, p.46).
Para que os leitores reflitam a importancia dele para a educação deixo no final do texto a seguinte frase:
“Paulo Freire foi o mais célebre educador brasileiro, autor da ‘pedagogia do oprimido’, defendia como objetivo da escola ensinar o aluno à “ler o mundo” para poder transformá-lo”.