ESCOLA PÚBLICA II
A partir desse segundo texto sobre educação pública no Brasil, passo a apontar sugestões visando a uma possível saída para o ensino público.
Hoje gostaria de começar pela questão da UNIVERSALIZAÇÃO DO ENSINO e da MASSIFICAÇÃO DO ENSINO. No primeiro grifo, vê-se finalmente o direito - conquistado na Constituição - de toda e qualquer criança e adolescente em ter acesso e matrícula garantidos em uma escola pública de sua respectiva cidade; e isso é correto e bastante louvável: um dever do Estado; no segundo grifo, vê-se um problema crônico instalado. Massificar é transformar o aluno em "algo amorfo e sem nenhuma subjetividade"; é transformá-lo em "peça de série de um determinado lote"; é transformá-lo em "ovelha amontoada em curral" e assim por diante. O primeiro passo seria, então, DESMASSIFICAR. Para isso, precisaríamos modificar substancialmente o MODELO EDUCACIONAL VIGENTE. Teríamos, então, que dar uma atenção particularizada a cada matrícula feita no ano letivo que iria se iniciar. Essa matrícula que teria como objetivo direcionar o aluno para a sala e turma adequadas, seria feita a partir das notas do certificado do Ensino Fundamental (se regulares, boas ou excelentes), também se ouvindo o parecer dos professores sobre os anos letivos anteriores cursados por esse mesmo aluno, e, principalmente, depois de acurada e profunda conversa (entrevista) com esse mesmo aluno, diagnosticar minuciosamente suas PREFERÊNCIAS, TENDÊNCIAS, GOSTOS, INTERESSES PROFISSIONAIS E INTELECTIVOS, APTIDÕES e CONDIÇÕES COGNITIVAS REAIS para dar continuidade aos seus ESTUDOS, e, a partir daí, SE APROPRIAR DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO (SISTEMÁTICO) via LIVROS (GRAMÁTICAS, ALMANAQUES, ENCICLOPÉDIAS, COLEÇÕES DIDÁTICAS ETC) OU, se, AO CONTRÁRIO, a via de acesso a tudo isso acima citado seria outra: um outro meio, uma outra ferramenta pedagógica, outros recursos didáticos. Por exemplo: há alunos que ficam bastante à vontade quando abrem um livro didático e fazem análises, sínteses, conjecturas quaisquer, associações, inferências etc; por outro lado, há alunos que não têm a menor habilidade intelectual com um livro em suas mãos. Para esses últimos, o caminho que eles teriam para se apropriar legitimamente do conhecimento seria por meios mais palpáveis, motores, usando de suas habilidades manuais. Em outras palavras, ao invés de pôr o LIVRO "DE TEOR INDECIFRÁVEL" para esse aluno, poder-se-ia tentar aquilo que lhe apraz: uma ferramenta, por exemplo, como ALICATE, FIOS, CHAVE DE BOCA, CHAVE DE FENDA, SERROTE, TESOURA, AGULHA, INSTRUMENTOS MUSICAIS, ARTÍSTICOS E ESPORTIVOS, dentre tantos outros. Se o aluno não consegue aprender a mecânica simbólica expressa nas equações do livro de física ou matemática, talvez aprenda a mecânica prática de desmontar, revisar e consertar uma moto que estaria dentro da escola diante de suas mãos e olhos.
Em Escola Pública III, farei outros enfoques sobre o ensino. Até lá.