SOBRE A JUVENTUDE

Educadores de todo o país (talvez do mundo!) têm buscado respostas ou mesmo tentado entender o que se passa com a família moderna. O que mudou, porque e quando, exatamente. Essa busca tem, sem dúvidas, uma razão de ser: entender o jovem do novo séc. Não são menos interessantes do que os do meu tempo, tampouco são menos inteligentes, ou menos atraentes. Ainda sonham, criam expectativas, brincam, riem...No entanto, em meio a variadas formas de adquirir conhecimentos, quedam-se inertes diante da vida. Talvez tenham informações demais, saibam demais. Mas o fato é que não aprofundam nada. As informações chegam rápido, eficientes nas suas molduras, mas ficam por aí.

Há um estranho consenso entre os jovens do mundo moderno e, como se fosse um pacto, como se combinassem, de alguma forma, eis que surgem quatro, digamos, “jargões” que parecem ser algo orquestrado. São eles: “sei lá.”, “pelo menos”, “por mim” e, o pior de todos: “é assim mesmo”. O “sei lá” Infere total despreparo para a vida e suas armadilhas e eles usam a expressão como se fosse algo natural. Não saber talvez seja cômodo, não dói. Quem você acha que deva ser o nosso novo presidente? “Sei lá...”. Que dia é a apresentação do trabalho? “Sei lá!”. O “pelo menos” beira à mediocridade na existência. Um conformismo triste de quem já se vê como perdedor. Se tira nota baixa: “Pelo menos não fui eu sozinho...”; se tira uma nota 4,0, “...pelo menos não foi 3,0...!. O “por mim” já é o cúmulo da indiferença: Uma criança foi baleada enquanto brincava na laje da sua casa. ..“Por mim!...”. Sua mãe foi chamada ao Colégio. .. “Por mim!”...

Mas, pior, pior mesmo é ouvir um “É assim mesmo”! Nossa! A rua está imunda, um homem está fazendo xixi no poste, o cara está ouvindo seu som nas alturas depois das 10, um cara está espancando a mulher, uma criança foi estuprada pelo pai, um jovem foi morto por causa de um celular, o oceano está morrendo com o vazamento assassino, um delegado, aos 35 anos, morre quando dava uma entrevista, um menino de 2 anos fuma cigarros, uma criança de 12 anos porta uma arma...... “É assim mesmo!”. Enquanto isso, como educadora, vou tentando mostrar que a vida pode ser diferente, o mundo pode ser diferente, porque: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Mas está difícil. A hora não chega. Será que chegará? “Sei lá!”. E se não chegar? “Por mim!”. E se chegar tarde demais? “Pelo menos já aproveitei meu Carnaval.” E se não chegar nunca? Ah...deixa pra lá, é assim mesmo...”

ZanaPires
Enviado por ZanaPires em 19/08/2010
Código do texto: T2448181