Discutindo educação

Um dos grandes desafios para quem se propõe a educar crianças e jovens é entender a complexidade dessa ação, principalmente, na contemporaneidade. É preciso que salientemos que a educação formal, ou seja, educação escolar já não supre as necessidades de nossos alunos como ela se apresenta.

Imaginemos um ambiente escolar tradicional, uma sala de aula para ser mais preciso, cada aluno possui sua carteira, um espaço mínimo e individualizado no qual ele passa pelo menos quatro horas diárias. Todos nós sabemos que a função primordial da escola é a de formar cidadãos autônomos, capazes de intervir e solucionar problemas no âmbito social, isso implica em tomar decisões e atitudes que sirvam ao coletivo. Mas como essa função pode ser desenvolvida e o objetivo alcançado se durante todo o processo educacional a criança/adolescente tem sempre seu lado individual sobreposto ao coletivo? Tomando como base o pensamento de Freire (2005), ao longo de nossa vida escolar somos treinados para pensar e agir em função do individual, quando, na verdade, as maiores problemáticas do mundo atual requerem pensamentos e ações direcionados à coletividade. Dessa forma, é alvo de bastante discussão o modelo educacional tradicional, que valoriza muito mais atitudes e comportamentos individuais. Não queremos dizer com isso que não consideramos a individualidade de cada um, muito pelo contrário, pensamos que cada aluno tem suas características individuais e precisam ser levadas em conta no processo de ensino/aprendizagem. O que afirmamos é que há um abismo imenso entre individualidade e individualismo, e que mesmo se tratando de individualidade, esta não pode se sobrepor ao coletivo.

O modelo sociocultural e econômico vigente se reflete também dentro da instituição escolar, pois para Neira (2003, p. 33) a instituição educacional “[...] em sociedades capitalistas, fatalmente é manipulada pelo Estado, a serviço dos seus interesses. Como o Estado capitalista serve predominantemente aos interesses dos grupos economicamente dominantes”. A Escola passou a ser um comércio, visando lucro e que tem como principal função difundir a ideologia da classe dominante e que exalta valores de uma sociedade competitiva. Entendemos que o capitalismo tem como característica principal a competição exacerbada e que transpassa o campo simbólico trabalhado por nós professores de Educação Física. A escola capitalista acirra esses valores de competição cruel existentes nesse Sistema pérfido e ainda freia o desenvolvimento da liberdade e autonomia do indivíduo, renovando, apenas, a força de trabalho a cada geração. Algo que é bastante discutido atualmente é a supervalorização, somente, da preparação de nossos jovens para o vestibular, deixando de lado a educação e preparação para a vida social, tal situação é o reflexo do Sistema citado por nós. O vestibular nada mais é que uma competição desumana e um instrumento ineficaz de verificação do aprendizado dos alunos.

Mediante a esse modelo as relações dentro do campo escolar e fora dele se tornam cada vez mais competitivas do que cooperativas, sendo que os grandes problemas de nossa sociedade pedem decisões e ações de cunho coletivo.

Ainda há muito a se discutir sobre o tema, e muitas contribuições serão dadas para superar tal forma de se educar, um modelo que não serve mais para atender os interesses sociais. Só formando cidadãos cooperativos e dispostos a utilizar seus conhecimentos em prol do coletivo que poderemos mudar o rumo da história.

Ps:Leitores, este artigo está em fase de produção, em acabamento, mas quis compartilhar com vocês!

Referências

NEIRA, Marcos Garcia. Educação Física: desenvolvendo competências. 2ª Ed- São Paulo: Phorte, 2006.

FREIRE, João Batista. O Jogo: entre o riso e o choro. Autores associados, 2002.

Pedro Hermes
Enviado por Pedro Hermes em 05/08/2010
Reeditado em 28/03/2014
Código do texto: T2419954
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