A Educação Ambiental Na Formação De Professores

Cleide Araújo Esteves 1

Dayana Estável Mourão 2

Roseane Bezerra Costa 3

RESUMO

Muito se tem escrito e falado sobre os grandes problemas da humanidade, causados pela superpopulação e por prejuízos advindos de uma era industrial muito desenvolvida, mas cada indivíduo tem uma visão diferente do que acontece com o meio ambiente. Constata-se que educação ambiental na escola é hoje o instrumento muito eficaz para se conseguir criar e aplicar formas sustentáveis de interação sociedade-natureza. Este é o caminho para que cada indivíduo mude de hábitos e assuma novas atitudes que levem à diminuição da degradação ambiental, promovam a melhoria da qualidade de vida e reduzam a pressão sobre os recursos ambientais. A escola dentro da Educação Ambiental deve sensibilizar o aluno a buscar valores que conduzam a uma convivência harmoniosa com o ambiente e as demais espécies que habitam o planeta, auxiliando-o a analisar criticamente os princípios que tem levado à destruição inconseqüente dos recursos naturais e de várias espécies. Tendo a clareza que a natureza não é fonte inesgotável de recursos, suas reservas são finitas e devem ser utilizadas de maneira racional, evitando o desperdício e considerando a reciclagem como processo vital.

Palavras chave: Meio ambiente – educação ambiental – formação docente

ABSTRACT

Much has been written and talked about the great problems of humanity, caused by overpopulation and for damages arising from a highly developed industrial age, but each individual has a different view of what happens to the environment. It appears that environmental education in schools is now very effective tool to successfully create and implement sustainable forms of interaction between society and nature. This is the way for individuals to change habits and assume new attitudes that lead to the reduction of environmental degradation, promote improved quality of life and reduce the pressure on environmental resources.The school within the Environmental Education should sensitize the student to seek values that lead to a harmonious coexistence with the environment and other species that inhabit the planet, helping them to critically analyze the principles that have led to the reckless destruction of natural resources and various species. Having clearly that nature is not inexhaustible source of resources, their reserves are finite and must be used rationally, avoiding waste recycling and considering how vital process.

Keywords: Environment - environmental education - environmental resources-

1 INTRODUÇÃO

A Educação Ambiental há poucas décadas discutidas no Brasil, vem assumindo novas dimensões a cada ano, principalmente pela urgência de reversão do quadro de deterioração ambiental em que vivemos, efetivando práticas de desenvolvimento sustentável e melhor qualidade de vida para todos e aperfeiçoando

sistemas de códigos que orientam a nossa relação com o meio natural. Trata-se de compreender e buscar novos padrões, construídos coletivamente, de relação da sociedade com o meio natural (NALINI, 2003).

A escola educa; por sua vez também é responsável pelas ações da sociedade. A educação ambiental é uma forma abrangente de educação, através de um processo pedagógico participativo que procura incutir no aluno uma consciência crítica sobre os problemas do ambiente. É indiscutível a necessidade de conservação e defesa do meio ambiente. Para tanto, os indivíduos precisam ser conscientizados e, para que esta tomada de consciência se alastre entre presentes e futuras gerações, é importante que se trabalhe a educação ambiental dentro e fora da escola, incluindo projetos que envolvam os alunos.

A população humana cresceu, evoluiu. As pessoas estão arrastadas pelas

novas tecnologias e cenários urbanos, e existe pouco da relação natural que havia

com a cultura da terra. Para que a situação não piore, é preciso agir, proteger o ambiente.

Justifica-se o presente tema, tendo em vista que o professor na sala de aula é uma das formas de levar a Educação Ambiental à comunidade, pois um dos elementos fundamentais no processo de sensibilização da sociedade dos problemas ambientais é o educador. Este tem o poder de desenvolver, em seus alunos, hábitos e atitudes sadias de conservação ambiental e respeito à natureza, transformando-os em cidadãos conscientes e comprometidos com o futuro do planeta. Para o desenvolvimento deste trabalho utilizou-se a pesquisa bibliográfica, embasada principalmente em NALINI (2003), SANTOS (2000), SATO (2002), entre outros.

1.2 DESENVOLVIMENTO

A Educação Ambiental é um processo educacional criado ao longo dos anos

através de estudos de especialistas, com visão das necessidades do homem e da

natureza entrelaçadas em um objetivo comum que é a manutenção da qualidade de

vida de todos os seres do planeta. Em vista da existência de problemas ambientais

em quase todas as regiões do país, torna-se importantíssimo o desenvolvimento e

implantação de programas educacionais ambientais, os quais são de suma importância na tentativa de se reverter ou minimizar os danos ambientais.

As atividades de educação ambiental precisam extrapolar o âmbito escolar e promover o aprendizado e, até, a transformação de todos nós. Segundo Nalini (2003), proteger a natureza precisa ser tarefa permanente de qualquer ser pensante e aprender a conhecê-la e respeitá-la pode levar uma vida inteira. Não há limite cronológico, em termos de educação ambiental, para que todos estejam em processo de aprendizado constante. Entretanto, como a maioria dos temas transversais, educação ambiental é um muito abrangente e a maioria dos projetos que se propõem a trabalhar o assunto procuram concentrar-se em focos mais específicos dentro deste grande assunto.

A população está cada vez mais envolvida com as novas tecnologias e com cenários urbanos perdendo desta maneira, a relação natural que tinham com a terra e suas culturas. Os cenários, tipo shopping center, passam a ser normais na vida dos jovens e os valores relacionados com a natureza não tem mais pontos de referência na atual sociedade moderna.

A educação ambiental se constitui numa forma abrangente de educação, que se propõe atingir todos os cidadãos, através de um processo pedagógico participativo permanente que procura incutir no educando uma consciência crítica sobre a problemática ambiental, compreendendo-se como crítica a capacidade de captar a gênese e a evolução de problemas ambientais.

Atualmente, são comuns a contaminação dos cursos de água, a poluição atmosférica, a devastação das florestas, a caça indiscriminada e a redução ou mesmo destruição dos habitats faunísticos, além de muitas outras formas de agressão ao meio ambiente que vem a prejudicar, (como exemplo podemos citar a cidade de Tangará da Serra, em Mato Grosso, principalmente em julho, época de estiagem, das queimadas que prejudicam ainda mais o meio ambiente). Precisamos com urgência da sensibilização da população para os prejuízos que as queimadas provocam a natureza, aos animais e até mesmo os perigos a saúde das pessoas.

A população mato-grossense sofre todos os anos com a fumaça das queimadas durante o período de seca. Não é novidade para qualquer cidadão que, nessa época do ano, a saúde, principalmente de crianças e idosos, sofre com a má qualidade do ar. Segundo a pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) Sandra Hacon, coordenadora da componente Saúde no projeto da Rede Milênio/LBA, somente agora, com os resultados do estudo iniciado em 2006, é possível afirmar que as queimadas causam prejuízos à saúde, reduzindo a capacidade pulmonar de crianças e aumentando o número de consultas ambulatoriais e de internações hospitalares por doenças respiratórias.

Um dos mais preocupantes focos de queimada neste ano de 2010 está em Tangará da Serra (a 239 km de Cuiabá), onde há pelo menos uma semana os bombeiros tentam conter o fogo que ameaça devastar os 7 mil hectares de reserva do assentamento Antônio Conselheiro, um dos maiores do país, onde vivem mil famílias. Foi verificada uma faixa com 30 km de vegetação queimada e a situação geral no Estado já é motivo para críticas, pois lá residem mais de mil famílias, funcionando três escolas de Ensino Médio. O assentamento de 37 mil hectares existe há 12 anos e a distância mínima para o centro da cidade de Tangará da Serra é de 30 km. Pelo menos cinco sítios tiveram as pastagens totalmente devastadas, tal como plantações como as de abacaxi. Até ontem, o fogo estava subindo uma serra na região (JORNAL EXPRESSOMT. 10 jul. 2010 ...).

Dentro deste contexto, é clara a necessidade de mudar o comportamento do homem em relação à natureza, no sentido de promover sob um modelo de desenvolvimento sustentável, a compatibilização de práticas econômicas e conservacionistas, com reflexos positivos evidentes junto à qualidade de vida de todos.

“A Educação Ambiental é um processo de reconhecimento de valores e clarificação de conceitos, objetivando o desenvolvimento das habilidades e modificando as atitudes em relação ao meio, para entender e apreciar as inter-relações entre os seres humanos, suas culturas e seus meios biofísicos. A Educação Ambiental também está relacionada com a prática das tomadas de decisões e a ética que conduzem para a melhoria da qualidade de vida” (SATO, 2002: 23-24).

Dessa forma, criou-se, no mundo inteiro, um consenso mundial de que o nosso futuro, enquanto homens e mulheres organizados em sociedade, depende das relações estabelecidas entre os homens e os recursos naturais. Inicialmente, a Educação Ambiental apresentava um caráter preservacionista, com ações voltadas apenas para o cuidado com a natureza mas hoje sabemos que ela não se limita simplesmente às modificações ambientais, ela possui um caráter social e político que não podem ser negados, uma vez que o ambiente é um todo complexo.

A educação ambiental nas suas diversas possibilidades, abre um estimulante espaço para um repensar de práticas sociais e o papel dos professores como mediadores e como transmissores de um conhecimento necessário para que os alunos adquiram uma base adequada de compreensão essencial do meio ambiente global e importância da responsabilidade de cada um para construir uma sociedade planetária mais equitativa e ambientalmente sustentável (TRISTÃO, 2004).

De acordo com Sato:

Há diferentes formas de incluir a temática ambiental nos currículos escolares, como atividades artísticas, experiências práticas, atividades fora da sala de aula, produção de materiais locais, projetos ou qualquer outra atividade que conduza os alunos a serem reconhecidos como agentes ativos no processo que norteia a política ambientalista. Cabe aos professores, por intermédio de prática interdisciplinar, proporem novas metodologias que favoreçam a implementação da Educação Ambiental, sempre considerando o ambiente imediato, relacionado a exemplos de problemas atualizados (SATO, 2003).

Atualmente, o currículo escolar vem transformando-se e buscando, em alguns locais atender as exigências do paradigma da pós-modernidade, que entende a sociedade como uma totalidade. Segundo Santos (2000), a modernidade está assentada sobre dois pilares de construção do conhecimento, onde o primeiro é o conhecimento-regulação e o segundo o conhecimento-emancipação. Sendo que o conhecimento que se consagrou foi o conhecimento regulação, dominando e anulando as possibilidades de implementação do conhecimento emancipação.

A educação ambiental, com sua dimensão abrangente, é uma forte aliada para reorientar a educação em direção a sustentabilidade. Além de vir alargando o seu escopo de possibilidades, de promover mudança ética, sustenta-se em uma educação voltada pela ação e para a ação. Logo, agrega e fortalece as iniciativas da chamada educação para a cidadania, da eco pedagogia, da educação para sociedades sustentáveis, da educação para a gestão ambiental, enfim, das várias denominações e representações que recebe (TRISTÃO, 2004).

A educação, de modo geral, tem uma função essencial para propiciar o desenvolvimento de modo sustentável das sociedades em transição, nas quais predomina a lógica dado o crescimento a qualquer custo do retrocesso, que não tem nem amparo legal, se levarmos em conta o dispositivo do “direito adquirido“. Nessa direção, a educação para sociedades sustentáveis está relacionada com a constituição de mais um campo do sentido da educação ambiental e de uma necessidade de entendermos seus significados.

Esse é o papel da Educação Ambiental que, além de tratar de assuntos relacionados à proteção e uso racional dos recursos naturais (solo, ar, água, flora e fauna), também deve estar focada na proposição de idéias e princípios que possibilitem a construção de um mundo sustentável.

A Lei Federal nº 9.795, de 27 de abril de 1999, através de artigo 2° diz: "A Educação Ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal”. A Educação Ambiental busca abrir os nossos olhos, mostrando que o ser humano é apenas mais uma parte do meio ambiente em que vive. Ela se contrapõe às idéias antropocêntricas, que fazem com que o homem se coloque egoisticamente como o centro do universo, esquecendo, muitas vezes, da importância dos demais componentes da natureza.

1.3 CONCLUSÃO

A Educação através dos professores deveria estar acompanhando de perto, de maneira mais incisiva, todo esse processo ambiental, deveriam estar à frente das discussões que se desenrolam no mundo, deveriam conhecer e entender as causas e, mais que isso, ser capaz de propor soluções. Afinal, a educação é uma das ferramentas para garantir a continuidade e expansão do conhecimento sobre nós mesmos e do universo em que vivemos. Os profissionais da educação são os responsáveis por formar, orientar e conduzir o desenvolvimento das atuais e novas gerações, transmitindo-lhes os conhecimentos adquiridos pela humanidade ao longo de sua existência, clareando os caminhos à frente na construção de um futuro melhor com um meio ambiente mais saudável e uma qualidade de vida mais consciente.

A Educação Ambiental é um tema de importante valia em uma formação acadêmica, é essencial os futuros educadores estarem em constante construção e reconstrução de conhecimentos, eles dependem de teorias para formarem opiniões e transmiti-las aos seus discentes. A Educação Ambiental pode ser analisada como um processo que proporciona as pessoas condições para serem críticos e terem uma visão ampla sobre o ambiente, propiciando valores que desenvolvam atitudes conscientes a respeito da conservação e de utilização dos recursos naturais, como também ações que levem a melhoria da qualidade de vida e que busquem solucionar o consumismo indisciplinado. É necessário que cada professor se sinta responsável pela formação global de seu aluno e não por um único aspecto, informativo e relacionado à sua área específica de atuação.

REFERENCIAS

NALINI, R. Justiça: Aliada Eficaz da Natureza. In: TRIGUEIRO, A. (coord.) Meio Ambiente no Século 21, especialistas falam da questão ambiental nas suas áreas de conhecimento. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.

SANTOS, B. S. A critica da razão indolente – contra o desperdício da experiência. São Paulo: Cortez, 2000.

SATO, M. Educação Ambiental. São Carlos: Rima, 2002.

TRISTÃO, M. A Educação Ambiental na Formação de Professores: Redes de Saberes

Site: www.expressomt.com.br/noticia.asp?cod=78654&codDep=3- Acesso em 12.07.2010.

Roseane Bezerra
Enviado por Roseane Bezerra em 22/07/2010
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