(In) Disciplina na Sala de Aula

Como resolver a (In) disciplina na sala de aula?

Liduína Maria de Sousa Pereira

Universidade do Estado de Mato Grosso

A indisciplina na sala de aula é um desafio para as instituições sociais. O objeto de estudo é bastante amplo e tem várias interpretações, pois é exatamente por ter muitas faces que a indisciplina na sala de aula tem intrigado bastante a todos que se colocam na busca de uma solução ou de uma verdade para essa realidade que acontece principalmente entre o professor e o aluno.

A análise das causas e das consequências do surgimento, ou melhor, do aumento da indisciplina e algo que todos desejam entender e sanar. No enfrentamento dessa crise, a sociedade por meio de seus representantes: pesquisadores, gestores etc. Vem tratando de discutir e procurar formas de chegar a uma resposta, para que o ato de estudar seja apenas um momento de aprendizado e prazer entre o professor e o aluno.

Falta de “Educação” gera indisciplina

O que motiva a indisciplina na sala de aula? A resposta é o desejo de toda a sociedade, e na busca de resposta existem várias teorias, pois para uns é o modo como o aluno reage negativamente ás imposições de regras e limites, dentro da família, no colégio e em todo o seu ambiente social, já para outros, a indisciplina se dá pelo fato contrário, é a autodefesa de regras e limites exagerados.

Na sociedade todos sabem que tem regras de convivência, são essas imposições que tornam o ser um sujeito social, porém a criança e o adolescente, são pessoas que ainda estão em formação, precisam ter acesso às regras sociais para que se formem pessoas sociáveis.

Para tanto deve ser mostrado ou ensinando a eles todos os códigos de ética e convivências sociais, por todas as instituições. A criança faz parte de uma grande rede social envolvendo principalmente a família e a escola, o aluno deve saber que ele tem que obedecer aos regimentos éticos e morais do colégio onde estuda, e também aos seus pais.

Entretanto, na forma como tudo é colocado para a criança, pode ser o problema. Na tentativa de acertar, em algumas entidades tudo é levado ao extremo, já em outras, o que manda é a vontade do aluno. Se aceita algumas determinações dos pais, dentro da sala de aula, acreditando, que todas as tentativas possam ajudar na questão da busca pela solução da indisciplina.

Existem também os casos de desajustes familiares, onde pais sem nenhuma estrutura social e psicológica para educar seus filhos, passam informações negativas e erradas para os mesmos através de seus exemplos de vida, e assim a criança vive em vários mundos e conceitos de certo ou errado, pois a cada meio social que convive, seja na escola com os amigos ou no lar e vai ser formando um ser social sem referência de educação e convívio social. Esse é um dos agravantes para o surgimento do aluno indisciplinado, transformando-se no adulto com vários transtornos sociais.

São múltiplos os exemplos, de motivos que geram a indisciplina do aluno, como são também os que tentam uma mudança desse comportamento social. Acredita-se que todas as discussões são legitimas para a melhoria da educação.

Entretanto, para que aconteçam algumas mudanças, como já foi citado, o relacionamento entre aluno, é de fato o ponto culminante nessa luta para construção do individuo consciente de seus atos.

Para tanto o educador não pode perder a sua autoestima, sendo valorizado dentro da sociedade, para que possa ser visto como alguém, que tem compromisso profissional e possui, entre outros, o direito e o dever de intermediar o conhecimento socialmente produzido para o educando, outro é o reconhecimento e valorização da família como um núcleo gerador das primeiras noções de cidadania e valorização do próximo, aprendendo que deve respeitar o conhecimento e a autoridade é que o aluno poderá respeitar as instituições.

Muitas vezes o professor não conseguiu disciplina porque não tem autoridade diante dos alunos. Normalmente o professor espera que o aluno traga um reconhecimento natural para com sua pessoa; historicamente, este tempo passou. Isso acontecia quando a escola representava um inquestionável caminho de ascensão social e, dessa, forma, o professor era um dos seus representantes mais qualificados e como tal era tratado (ainda que fosse um respeito meramente formal). Hoje tudo mudou esse tratamento de respeito tem de ser conquistado pelo professor. (VASCONCELLOS, 2006, p.54)

Atualmente a relação entre professor e aluno, está muito tumultuada, pois as convenções os valores muitas vezes não se encaixam. Em virtude da globalização e do uso das diferentes mídias, os alunos se entediam ao ficarem sentados diante de uma pessoa falando para eles o que podem ver ou ficarem sabendo apenas em um click no computador. É indiscutível a falta de vontade de um grande numero de alunos em ficarem em sala de aula em virtude desse e de outros motivos aqui já citados.

Não havendo uma interação entre professor e aluno, o educador fica impossibilitado de colocar em prática os ensinamentos, as convenções, acordos sociais, determinantes, para os alunos entenderem, que independente do que se vê fora da sala de aula, mesmo com toda a mídia e os meios de comunicações, ele, o professor, é a principal via de acesso para ajudá-los a chegar até o conhecimento.

Assim o educador em muitos casos fica em uma encruzilhada, sem saber se pode agir diretamente com o aluno ou se deve passar o problema no caso da indisciplina para os responsáveis do colégio, ou se fala diretamente com os pais. Os professores são as vítimas e muitas vezes vistos como vilões da indisciplina, pois a grande maioria da sociedade exige deles todo o processo de ensino dos alunos, tanto a formação moral como a educacional.

As questões ligadas á moral e á vida em grupo devem ser tratadas como conteúdo de ensino. Caso contrário, corre-se o risco de permitir que as crianças se tornem adultos autocentrados e indisciplinados em qualquer situação. (MESQUITA FILHO, 2002, p.80)

Contudo, o educador fica sendo um dos receptores de quase todos os problemas existentes dentro da sociedade, pois, acabam sendo levados para dentro da sala de aula, sob a forma de indisciplina, e consequentemente atingindo diretamente ao professor. Esse, por sua vez, é colocado como peneira da sociedade, - pois, é ele, quem aos olhos de grande parte das pessoas-, deve resolvê-los.

Desta feita, sem fugir de suas convicções, mas não sendo o único com os deveres de formador de opinião e caráter, o educador tenta passar para os alunos, as informações para terem acesso ao conhecimento, e assim assimilarem a consciência de direitos e deveres em seu meio social, desta forma na construção de suas personalidades, serão indivíduos mais tolerantes, sensíveis e fraternos, quanto à convivência em coletividade.

Contudo, ainda cabe a pergunta: como resolver a indisciplina na sala de aula? Essa pergunta está longe de ser respondida, mas pode ser discutida e analisada, para tanto deve haver interesses das instituições e de todos os órgãos da sociedade, em chegar ao motivo ou aos motivos geradores dessa situação.

A indisciplina na sala de aula é uma realidade diária, em que todos os envolvidos sofrem, não só o professor e a instituição, mas o próprio aluno causador da indisciplina, certamente esse aluno tem ou sofre algum tipo de tratamento inadequado, da sociedade, ou até mesmo dentro do seio familiar.

Enquanto não se encontrar as respostas para a solução da indisciplina, é preciso que todos, tanto as entidades educacionais, os pais e os alunos tentem chegar um acordo de convivência, com solidariedade, buscando ajudar, e procurando entender os motivos uns dos do outros. E assim, juntos avançarem na questão de que, todas as pessoas precisam e tem direito a ter acesso à educação e conhecimento para crescerem, e que sem disciplina não se chega a lugar algum, e a humanidade não evolui.

Considerações finais

A preocupação central gira entorna da temática da indisciplina na sala de aula, e toda a discussão faz criar um ambiente de questionamentos e buscas pelos resultados, mesmo que nem todos se engajem nos diálogos e ações, tentando melhorar os relacionamentos entre pessoas, sejam em sala de aula ou em qualquer meio.

A grande maioria dos educadores, pais e até mesmo alunos, buscam o entendimento, e isso acontece quando falam para uma ou mais pessoas sobre algum problema de indisciplina que lhe esteja incomodando, nesse momento mais um elo de discussão é fixado na corrente do entendimento. Seja em grupos ou separados todos tem buscado meios de resolver o problema da indisciplina em sala de aula.

Entende-se que para sociedade avançar em seus conhecimentos deve continuar discutindo os problemas, e dessa maneira, havendo incessantes debates sobre o assunto seja possível chegar a um entendimento, que possa construir no seio social um ser humano ético e disciplinado, no sentido de entender e aceitar os códigos de convivência social. Na educação através das instituições, a criança e o jovem terá a chance de obter conhecimentos, para ser um adulto sabedor de todos os conceitos determinantes para a sua valorização e a do outro.

A discussão sobre a indisciplina na sala de aula leva as instituições a um denominador comum, que é o diálogo entre as partes, e quem sabe logo todos possam entender e responder a grande questão; como resolver a indisciplina na sala de aula?

Referências:

ARAGÃO, A. Indisciplina - Escola Nova. São Paulo: Abril, 2009.

MESQUITA FILHO, J, 2009. Indisciplina- Escola nova. São Paulo: Abril

VASCONCELLOS, C.S. (in) Disciplina construção da Disciplina Consciente e Interativa em Sala de Aula e na Escola- São Paulo: Libertad, 2006.

________________________________________. Os Desafios da Indisciplina em Sala de Aula e na Escola. Nº 28. São Paulo: FDE, 1997. (Série Ideias)

LiduinaMaria
Enviado por LiduinaMaria em 21/07/2010
Reeditado em 15/02/2011
Código do texto: T2391360