Um Giro no Mundo da Alfabetização de Jovens e Adultos(EJA)
A alfabetização é o processo pelo qual se adquire o domínio de um código e das habilidades de utiliza-lo para ler e escrever.
A alfabetização é uma parte fundamental, mas não é a única.
No Brasil, a EJA tem sido associada à escolaridade compensatória para pessoas que não conseguiram ir para a escola quando criança, o que é um erro. Também há o desafio da participação, da inclusão e da equidade: como colocar em prática o conceito da inclusão, que preve o atendimento das demandas de aprendizagem da vasta diversidade de grupos.
Ao permitir que o indivíduo interprete, sistematize, confronte, informe, reivindique e garanta a sua memoria, o efetivo uso da escrita garante-lhe uma condição diferenciada na sua relação com o mundo, um estado não necessariamente conquistado por aquele que apenas domina o código. Por isso, aprender a ler e escrever implica não , apenas no conhecimento das letras e do modo de decodifica-las, mas na possibilidade de usar esse conhecimento em benefício de formas de expressão e comunicação necessarias e legitimas em um determinado contexto cultural.
O significado do aprender a ler e escrever permite ao aluno de EJA que cultive os hábitos de leitura e escrita, e responda aos apelos da cultura, podendo inserir-se na sociedade. A escrita e a leitura são importante na escola, porque são importante fora dela para que esses alunos possam ser engajados num processo de alfabetização e, assim consigam interagir no meio social.
Se as práticas pedagógicas pudessem transformar as iniciativas , meramente institucionais em intervenções educativas, talvez fosse possível compreender melhor o significado e a verdadeira extensão da não aprendizagem e do guadro de analfabetismo no Brasil.
Na prática, a desconsideração dos significados implícitos do processo da alfabetização, o longo e difícil caminho que o aluno pouco letrado, como é o caso dos alunos de EJA tem a percorrer, a reação dele em face da artificialidade das práticas pedagógicas e a nagação do mundo letrado, acaba por expulsar o aluno da escola, um destino cruel, mas evitável se o professor souber instituir em classe uma interação, capaz de mediar as tensões, negociar significados e construir novos contextos de inserção social.
A EJA, enquanto modalidade de Educação Popular apresenta uma trajetória de desafios, principalmente, por ser uma alternativa para minimizar o problema da exclusão social. Porém, essa modalidade de educação, por muito tempo, não se apresentou como prioridade educacional, sendo entendida e tratada , apenas como política compensatória direcionada a suprir a perda de escolaridade em idade própria.
A EJA possui muitas especificidades e requer um quadro de profissionais preparados para atuar de forma integral aos interesses expostos no próprio modelo pedagógico. Este último pressupõe, além da inclusão de uma parcela das camadas populares a um direito fundamental: a educação.
O preparo no interior do processo educacional para participação na vida pública e acesso aos bens socioculturais a que todo cidadão, de fato, tem direito.
Nesse sentido, a "educação de qualidade" na EJA, de acordo com esses objetivos de inclusão social, necessariamente, passa por um processo de adequação, tendo em vista, a formação de quadro docente da rede pública para atender a demanda e uma avaliação constante do processo educacional como forma de , não somente, oferecer vagas para suprir a escolaridade perdida, mas produzir as condições necessarias para que o cidadão esteja preparado para interagir e, por meios próprios, buscar melhorias na qualidade de vida pelo acesso aos bens sociais, que, em si, seria o ideal almejado pela função equalizadora.
A função qualificadora, que parece reagrupar as funções anteriores, permite à esses alunos a flexibilidade para adaptar-se às transformações constantes do mundo moderno, visto que, a escola lhe forneceu formação integrasl como ferramenta para atuar e buscar sempre informações e como utiliza-las no seu cotidiano.
Para finalizarmos, salientamos que o ideal de EJA seria o de permitir ao educando um ensino que lhe sirva para conduzir o raciocínio crítico, o pensar sobre os problemas humanos e, por si só, leva-los a pensar sobre a sua própria condição, questionando as coisas e, não aceitando sem questionar as razões pela qual essas coisas são de um jeito e não de outro.
Em suma, leva-lo a pensar criticamente e a discutir o que pensa sobre o assunto, numa situação dialógica, e realmente politizadora. Fazendo valer uma construção de uma epistemologia pautada não somente no conhecimento, mas na crítica à realidade vivida da qual esses alunos faz parte.
Então, primeiramente, devemos considerar a necessidade de consolidar a alfabetização funcional dos indivíduos, pois estudos atuais indicam que é preciso uma boa escolaridade na formação de usuários da linguagem escrita e oral, capazes de fazer dela multiplos usos para expressar a própria subjetividade, buscar informações, planejar e controlar os processos e aprender novos campos do conhecimento.
O objetivo do texto é apresentar o impacto dos estudos sobre as práticas alfabetizadoras na EJA. Portanto, o que se entende é que a alfabetização nessa modalidade de ensino transcede a mecanica do ler e do escrever, ou seja, a alfabetização é um processo historicosocial multifacetado, envolvendo a natureza da língua escrita e as práticas culturais de seus usos.
Alfabetizar não é só ler, escrever, falar sem prática cultural e comunicativa, numa política cultural determinada. Assim, a concepção de alfabetização tem se ampliado no cenário socioeducacional, estimulando práticas escolares diferenciadas, uma vez que, tais questões, de uma forma ou de outra, chegam à escola.
Consequentemente, a escola precisa pensar a alfabetização desses alunos de EJA, como processo dinamico, como construção social, fundada nos diferentes modos de participação desses alunos nas práticas culturais de uso da escrita, transcendendo a visão liunear, fragmentada e descontextualizante presentre nas salas de aula, onde se ensina/aprende a ler e escrever.