Fé na vida... Fé no que virá!
Apesar de calejada pela profissão, nunca deixei de acreditar no poder de transformação que existe nas mãos de quem educa. Mas além dos obstáculos do cotidiano ainda temos que nos esbarrar com problemas causados por pessoas que deveriam estar do nosso lado. Essa semana fui ameaçada de morte por um aluno. Um adolescente de 14 anos! E todo esse turbilhão só aconteceu devido a falta de compostura de uma conselheira tutelar, acreditam? Mas,, vamos aos fatos. Uma de minhas funções é enviar o nome de alunos infrequentes ao Conselho Tutelar depois de cessadas todas as tentativas de reverter tal quadro. E foi isso que eu fiz. Uma, duas, três vezes o aluno foi encaminhado ao Conselho tutelar. Após tantas tentativas acompanhadas de pedidos por telefone, o aluno e a mãe foram convocados para uma conversa. Essa história teria um final feliz, não fosse o encaminhameto feito por uma Conselheira. Não sei se por ignorância ou por puro comodismo, ao invés de dar uma bronca no menino, mostrar pra ele a importância de ir pra escola e até mesmo a obrigatoriedade de sua frequência, essa senhora encaminhou a conversa de tal modo que o aluno fez sérias e infundadas denúncias e voltou pra escola se achando "o protegido" e que já era imune a qualquer regra da escola ou de convívio social. Raramente faltava as aulas, porém, nada fazia: nem tarefas de aula, nem de casa e quando questionado a respeito desse comportamento dizia em alto e bom tom que não fazia porque não queria. Desacato a professores, a coordenadora, uso de palavras de baixo calão com os colegas virou rotina. Outro dia tive que retirar o celular do aluno porque o mesmo estava ouvindo música dentro da sala de aula, atrapalhando a aula e infringindo o Código de Convivência e isso foi motivo para transtornar o aluno, que queria porque queria o celular de volta . Depois de me dizer impropérios e até me ameaçar dizendo que iria procurar o "Conselho Tutelar", o aluno disse que iria buscar "uma parada" e encher minha cara de bala. Amedrontada, porém ciente do que eu teria que fazer liguei para a Dlegacia de polícia e fui prontamente atendida, registrando um Boletim de Ocorrência. Mais tarde fui avisada de que a mãe do aluno foi a delegacia com ele e que a conversa que ele teve com o delegado foi muito boa, recebendo uma boa bronca e até mesmo ouvindo conselhos do quanto era importante estudar e respeitar as pessoas, incluindo aí, todos nós educadores. Essa história ainda não teve um final pois só na segunda feira o Conselho de Escola se reunirá para decidir o que será feito nesse caso. Mas, mediante meu desapontamento pela bola de neve causada pela Conselheira que se auto intitula "educadora" por ser professora aposentada foi transformada em pesadelo, quando, frente a frente com o aluno, tive minha vida ameaçada por um adolescente, que na verdade, nunca teve maiores problemas de disciplina. Só estava infrequente e foi mal orientado pela pessoa que deveria apenas mandá-lo de volta pra escola. Quanto as denúncias feitas pelo aluno, além do documento totalmente mal formulado pela Conselheita, nada mais nos foi informado e muito menos questionado. Ninguém apareceu na escola para apurar as denúnicias e nem para conhecer o trabalho sério, coeso e significativo desenvolvido na escola em que trabalho. Mas sei que as coisas estão mudando, e pra melhor. Hoje, aqui em minha cidade contamos com o apoio de promotores, juízes e delegados que como nós, acreditam que crianças e adolescentes precisam apenas de um direcionamento, um rumo, alguém que esteja junto deles, conduzindo-os, acompanhando-os. E é por isso que volto a ter fé na vida e tenho muita fé, que o que virá será bem melhor: Mais respeito, mais seriedade e competência na hora de trabalhar com crianças e adolescentes, que serão jovens e adultos conscientes e prontos para transformar essa realidade em que vivemos hoje.