O Professor na *Velocidade da Luz*
'O mundo de hoje não é igual ao mundo de ontem'. Esta frase, que já foi repetida milhões de vezes leva-nos a refletir sobre a educação e a postura do professor na atualidade.
A postura do professor é assunto recorrente na liberdade educacional brasileira e apontado como um dos fatores responsáveis pela crise no ensino. E sempre que há uma crise, é preciso contextualizá-la no tempo.
Na realidade, parte da crise no ensino é de origem idêntica àquela enfrentada por todos os tipos de crise existentes no planeta, ou seja, intimamente relacionada com as contínuas e profundas transformações sociais ocasionadas pela velocidade com que têm sido gerados novos conhecimentos científicos e tecnológicos, sua rápida difusão e pelo setor produtivo e pela sociedade em geral.
Como resultado da busca, e bem sucedida, de conhecimentos científicos para a produção de tecnologias, que passou a ocorrer em escala crescente, a partir do século XIX, tal conhecimento deixou de ser apenas cultural, para tornar-se o material para o progresso econômico e social e para o poder político e militar. Estima-se que nos últimos vinte anos, foram gerados mais conhecimentos científicos e tecnológicos do que em toda a história anterior da humanidade.
As mudanças vêm ocorrendo tão rapidamente que afetam não só o homem, mas o meio ambiente, as instituições sociais e de uma maneira sem precedentes. No caso dos professores, estes têm sofrido enormes impactos provocados pela frequente introdução de novas e revolucionárias tecnologias que modificam hábitos, valores e prioridades e, inclusive tradições que pareciam imutáveis.
Acontece que, quase sempre, a introdução de tecnologias inovadoras não é discutida e muito menos planejada pela sociedade. As alterações sociais são, muitas vezes, de tal grandeza e tão inesperadas que, os professores e instituições, também, não conseguem evoluir com a rapidez que seria necessária para se adaptarem à nova realidade, enfrentando portanto, sérias crises.
As alterações sociais refletem e muito, na postura do professor. Como será que o professor consegue acompanhar o ritmo tão avassalador de informações e mudanças? Você já parou para refletir sobre isso?
Para que o professor consiga acompanhar tais mudanças, ele tem de estar constantemente em cursos de atualizações [não gosto da palavra com que hoje em dia as pessoas tem se referido à esse tipo de atualização: 'reciclagem'. Professores não são objetos para serem reciclados, prefiro dizer que nós, professores passamos por cursos de formação constante para que hajam novos olhares sobre o ensino e que consigamos incorporar à nossa prática a utilização das novas tecnologias].
Busca-se desta forma inteirar-se das novas informações que afetam a prática pedagógica e dos métodos inovadores de ensino, para que, na sua prática, esteja sempre atualizado e seja capaz de enfrentar as alterações sociais de maneira rápida e eficaz. Daí o título do texto 'O Professor na Velocidade da Luz'.
Há muitos estudos que apontam que o preparo do professor é o responsável pelo sucesso ou insucesso do ensino. Claro que o professor não é o único responsável pela crise no ensino. Magda Soares em seu artigo 'A necessidade de ler' salienta que o desinteresse do aluno também é responsável pela crise no ensino, mas que isso é apenas um reflexo do despreparo e da falta de metodologia adequada a esses alunos.
Cabe então a nós, professores, utilizarmos as tecnologias a favor do nosso trabalho, cabe a nós também, repensarmos o ensino-aprendizagem e criar novas formas de abordagem dentro das salas de aula, repensando também nossa didática.
Nov/2001
* Apenas o que está entre colchetes foi acrescentado posteriormente à escritura deste texto.