INTELIGÊNCIA SOCIAL

Admirável é o povo brasileiro.

É verdade, por mais que eu reflita e leia sobre nosso país, menos definições eu consigo encontrar para esse povo notável.

Você teria alguma caríssimo(a) leitor(a)?

Eu trabalho com gente. E trabalhar com pessoas, além de seus próprios colegas de trabalho, é fonte inesgotável dos mais variados assuntos. Tenho certeza de que sou um homem afortunado e um escritor que terá sempre o que dizer enquanto estiver atendendo ao público e acompanhado de personalidades tão singulares.

Não me entenda mal o meu querido leitor(a), não quero deixar subentendido que se trata de gente esquisita, que não pense isso o meu leitor tendencioso. Não, eles não são esquisitos e eu também não sou esquisito. Acho...

Contudo não haver um padrão do que venha ser normalidade, compartilho com o bom baiano com sua afirmativa de que de perto ninguém é normal. E também não sei por que, basta eu manter algum tipo de contato com quer que seja e essa frase sempre me vem à cabeça. Caprichos tão meus...

Em meio a tantos assuntos, tantos e inacabáveis, percebi que é preciso um jogo de cintura muito especial para se lidar com o sexo frágil no ambiente de trabalho. Basta um olhar, uma palavra mal interpretada e os ânimos já se acirram.

Eu, HOMEM, sou um privilegiado em meio às mulheres. Comigo o tratamento é diferenciado. Basta um pequeno sorriso, um mimo aqui, um afago ali, uma pequena média, um bombonzinho, um café que eu sirva com delicadeza, e já estão todas conquistadas. Cativas minhas, compradas com pequenas bobagens.

Não quero vê-lo, amado leitor, e principalmente as minhas queridas leitoras, franzirem a testa neste momento da minha narrativa. Eu não sou um manipulador, sou apenas alguém que possui uma inteligência social muito desenvolvida. Cultivada com apuro e esmero durante anos de observação do sexo oposto. É só praticar que você também consegue. É para isso que estamos aqui.

Entre elas, as mulheres, um mínimo detalhe é motivo para confusão e bafafá. Entretanto, eu posso dizer o que penso. Claro que sei como dizer. Sempre em tom de brincadeira e com um leve sorriso maroto nos lábios.

É leitor(a); aprenda comigo esta lição gratuita:

As expressões faciais, os gestos do corpo, o jeito como se fala e a tonalidade com que se imposta a voz, comunica muito mais do que as palavras em si.

Exemplo prático: Você não xinga aquele amigo(a) seu de tudo que é nome e não continua tudo bem entre vocês? E por que é assim? É assim porque do jeito que vocês se comunicam, as expressões, a tonalidade da voz e todo o contexto montado pelos dois dão espaço para se dizer em palavras qualquer coisa.

Experimente dizer o que diz ao seu amigo sem o jeitinho certo e ficará sem sua amizade.

É mentira o que digo?

Mas elas são inteligentes?

Sim, claro que são, mas facilmente manipuladas. É fácil aproveitar-se do clima bélico instaurado entre elas para me sobressair e sempre ser o menino bom e adorável em todas as situações.

Pensei em todas essas coisas enquanto ocorreu uma cena no banco.

Eu e uma amiguinha do trabalho saímos para almoçar e fomos ao banco para pagar contas e sacar um dinheirinho para comprar bobagens.

Pirulitos, balas, bombons, trufas e sortimentos de docinhos para minhas queridas colegas de trabalho.

Eu já havia passado na doçaria e presenteado esta minha amiguinha com um mimo que ela adora, uma maravilha de chocolate e avelãs chamada Ferrero Rocher.

Você já experimentou um Ferrero Rocher? Experimente, não vai se arrepender.

Nisso, vínhamos pela rua tranquilamente a conversar e eu a advertir minha amiga, que comia os bombons quase que em transe.

Dizia eu a ela:

- Você é mesmo uma tonta! Não sabe fazer nada, não acerta em nada na vida, tonta velha!

A minha amiga sorria, enquanto eu dizia-lhe estas palavras.

E respondia:

- É Quinzinho, acho que sou mesmo, você tem toda a razão. Gosto muito de você pela sua amizade sincera.

E continuava a adverti-la pelo caminho ao banco. Ela me ouvia com atenção e gratidão. Sem reclamar.

Então, finalmente chegamos ao banco.

Minha amiga, que não se dava bem com as máquinas, começou logo a ter problemas com o trambolho eletrônico, e eu também não conseguia ajudá-la. Foi aí que ela, já nervosa, chamou o segurança para auxiliá-la.

- Sinhora, eu num intendo nada dessas máquina, vou chama o gerente prá te ajuda.

Uma única frase, em um único minuto. Minha simpática amiga, já irritadíssima com a situação, comentou comigo:

- Esses seguranças são todos uns burros que não sabem fazer nada!

Para nossa infelicidade, o segurança ouviu o que ela falou.

- Oh Dona, eu sô só sigurança, num tenho brigação de ajuda criente cum máquina!

- Vocês não têm obrigação de fazer nada, né? Essa é sua obrigação, não fazer nada. Absolutamente nada. Sua obrigação é somente ficar aí de vaquinha de presépio.

Disse a minha explosiva amiga ao segurança.

O segurança também já visivelmente alterado soltou essa:

- Não tenho culpa se a sinhora não sabe mexe na máquina. A sinhora é mesmo uma tonta! Não sabe fazer nada, não acerta em nada na vida, tonta velha!

Não deu outra.

Minha amiga voou em cima do segurança e começou a bater no homem e a rasgar toda sua roupa. Eu, que tentava separar a briga, também acabei levando alguns supetões que nem sei de onde vieram.

O segurança acabou ficando seminu e minha amiga tomou umas belas porradas. Eu já disse o que ganhei nessa bela história.

Então, minha doce amiga foi correndo e chorando até a gerência, exigiu que o segurança fosse demitido imediatamente. Foi atendida prontamente com os mais requintados pedidos de desculpas que eu já ouvi em minha vida.

No fim da história, lembrei-me de que o segurança falou as mesmas palavras que eu falei à minha amiga quando dizia que ela era uma tonta velha e não sabia fazer nada. Claro, o brucutu falou sem o jeito especial e muito bem articulado que eu tenho de falar.

Para mim, esse episódio comprovou que minha teoria é válida no mundo real e eu posso ser considerado um eminente cientista social. Mais especificamente, um cientista social feminino por compreender e saber bem como age e pensa o sexo frágil.

Quem quiser fazer um curso de inteligência social por correspondência é só escrever para mim que eu envio as apostilas.

E se você for mulher, nem vou cobrar.

Beijos!!!

Frederico Guilherme
Enviado por Frederico Guilherme em 28/05/2010
Reeditado em 28/05/2010
Código do texto: T2285895
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