A Maturidade Mental - Parte I
Gostaria de dividir com minhas amigas e amigos do Recanto da Letras alguns lúcidos comentários do psicólogo Overstreet, o pioneiro a estabelecer uma concepção do que seja MATURIDADE MENTAL.
Nos idos de 1967, escreveu "A Maturidade Mental" e é desse livro que pretendo extrair algumas considerações, dividindo em tres ou quatro partes, para dar uma idéia da importância e profundidade do tema. Como estamos praticamente o tempo todo analisando tanto o nosso como o comportamento dos outros, desejo contribuir, por pouco que seja, com os notáveis esclarecimentos do psicólogo humanista Overstreet. Logo no início de sua obra ele nos diz: " Caso a pessoa seja média, adiantada ou retardada em seu crescimento mental, emocional e social, aí pode estar a razão oculta- a razão principal - pela qual suas relações adultas com o mundo são o que são. ... ainda admitimos pessoas a todas as principais prerrogativas da existência, numa base puramente cronológica. A idade em que se iniciam e terminam as atividades escolares é cronológica; da mesma forma a idade em que as pessoas podem casar sem o consentimento dos pais; assim também a idade em que são consideradas aptas para o trabalho responsável; e igualmente a idade em que podem votar e exercer cargos. Depois que os membros de nosssa sociedade ganham anos bastantes para serem considerados adultos juridicamente, a sociedade, exceto nos casos mais flagrantes, não exerce controle sobre suas exibições diárias de imaturidade.... Até esta data, na história humana, não tivemos meio exato algum de avaliar a maturidade psicológica de um membro do Congresso, digamos, ou de um Juiz, de um superintendente de escolas, ou de um professor, ou o de um diretor de companhia. Do ponto de vista psicológico temos voado às cegas. ... Lado a lado, nos corredores do Congresso, nas reuniões de congregações universitárias, na igreja, em comitès cívicos - e por toda parte onde se reúnem pessoas - vamos encontrar os maduros e os imaturos. O conceito de idade psicológica mal começou a penetrar nossa consciência comum. De modo geral, estamos familiarizados com sua aplicação às crianças, porém, apenas estamos começando a ficar alerta aos sintomas de conduta, em mulheres e homens crescidos, que deveriam advertir-nos de sua imaturidade psicológica; que deveriam prevenir-nos contra dar-lhes uma oportunidade maior de estabelecer os padrões de êxito de nossa sociedade, ou de exercer poder sobre a vida de outrem. ... Uma concepção que focalize a atenção sobre os anos de formação pode significar muito para o progresso de nossa civilização. Se uma bela maturidade é rara entre os adultos, uma das razões principais, segundo começamos a perceber, jaz em nossa ignorância até agora generalizada, dos mil e um modos pelos quais o processo de maturação pode ser detido nos anos iniciais da vida. Se desejamos maior maturidade entre os adultos do futuro, os anos da infância e da meninice - e os problemas emocionais que lhes são próprios - merecem toda sábia atenção que for possível. ... Esta concepção do desenvolvimento detido ou fixação, em suma, nos faz encarar, de um modo inteiramente novo, todo o processo do crescimento humano, desde o nascimento até à morte - através da infância, da meninice e da adolescência, bem como da vida adulta. Faz-nos ganhar consciência dos anos "fatídicos" da vida, e das experiências "fatídicas". Induz-nos a uma nova seriedade sobre como a vida deve desenvolver-se." Na segunda parte, irei transcrever as três teorias: bondade- maldade; conhecimento-ignorância e a teoria de Overstreet: maturidade-imaturidade.E ele vai belamente nos dizer que onde se prega a teoria bondade-maldade, os métodos são o da pregação, recompensas e castigos, com ênfase mais na punição do que nas recompensas. Na teoria conhecimento-ignorância, os métodos são da instrução. Hoje já sabemos que só a instrução não é suficiente para uma mudança de comportamento. Já na teoria maturidade-imaturidade surgem novos métodos, que auxiliam os indivíduos a ver sua vida como um todo, reconhecendo os pontos-problema. E ele encerra esse capítulo das teorias dizendo que a principal tarefa da nossa cultura é a de auxiliar as pessoas a crescerem. Este ponto será visto na parte II, com as palavras do psicólogo.