Entendendo a mente de um abusador

O conhecimento de qualquer ação requer o aprofundamento da causa e efeito. A compreensão da mente do abusador não pode afastar-se deste princípio. É preciso compreender que qualquer desequilíbrio ou anomalia séria na função sexual, torna impossível o desenvolvimento de si e, até o estudo de si. Para tanto devemos desenvolvermos uma linguagem de sinais e símbolos apropriados para entender e compreender cada caso.

O abusador é um indivíduo que perdeu o juízo da realidade devido à desorganização de sua personalidade. Algo aconteceu em seu perimundo ou em suas experiências existenciais, desestruturando sua personalidade, levando-o agir fora dos padrões ou da razão.

Temos dois centros para entendermos a mente de um abusador.

1-Centro somático – o abusador traz em sua essência a personalidade abusiva, através de ações existenciais, ao longo de uma perspectiva.

2-Centro psíquico – são atos particulares do abusador, que se recriam constantemente. Sendo a atividade psíquica pendular e periódica, devido ao funcionamento do sistema nervoso o abusador age entre um período de inibição e o período prático criativo. Durante o período de inibição o abusador cria suas fantasias, podendo em alguns casos exteriorizá-las , através do desejo. A excitação inspira uma prática criativa de seus atos.

O individuo ao sofrer abuso sexual o cérebro sofrer um distúrbio mental, criando um novo motivo de viver (automotivo), praticando ou repetindo atos os quais acredita ser suficiente em seu modo de viver.

O ato autômato do abusador lhe faz pensar que não há mais necessidade de cada movimento, isto significa que os movimentos passam para o centro motor, ao qual normalmente pertence, o emocional trabalhando pelos demais centros. Este ato em muitos casos é trabalhado dentro do abusador em lugar de outra atividade sem que saiba, não dando conta de seus pensamentos enganadores, dando credibilidade as suas fantasias, o que lhe impede de observar os raros momentos de lampejos da consciência de si mesmo. Seus momentos de consciência são eventuais, não tendo o abusador nenhum controle sobre tais movimentos, aparecem e desaparecem por si mesmos, por condições exteriores, associações acidentais ou lembranças de emoções.

As imagens do ato em sua memória são impressões profundas e ou superficiais, podendo desaparecerem.

No momento em que o abusador receber as impressões e estiver em momento de consciência fará melhor ligação entre as impressões novas e antigas as associando na memória. Se estiver no estado de identificação não as notará nem os seus vestígios. Neste estágio o abusador não vê nem ouve, fica completamente imerso em seu mundo.

Como toda conduta humana tem sua razão em um fato anterior o individuo ao sofrer um grande impacto em sua auto estima entra em processo depressivo, fugindo para um estado de psicose maníaco depressivo, criando fantasias que lhe excitam (fleches de situações vividas no presente ou situações passadas arquivadas na sua essência – delírios), deflagrando um desejo de ponta. É o ápice do delírio causado pela situação traumática na qual o abusador em sua tela mental esconde o fato anterior momentaneamente ao praticar o ato sofrido ou vivido, deixando de ser vitima e passando a ser o algoz, delineando uma trajetória cíclica. Os atos vividos ou praticados não são recordados sempre da mesma maneira, alguns recordados de forma viva, outros permanecem vagos ou não recordam absolutamente nada, sabem apenas que aconteceu.

Neste momento ocorre à fuga da realidade, se expressa usando várias máscaras, a fim de não se deixar identificar. No inter-relacionamento pessoal apresenta-se hora disfarçada de excessivamente severo para consigo mesmo, hora extremamente bonzinho, feliz, realizado, agradando todos ao seu redor, projetando um estado interior que procura combater no outro, por não se dispor a fazer em si mesmo. Na realidade seu subconsciente possui conceitos incorretos sobre si mesmo, não tendo coragem de enfrentar a realidade.

Os conflitos internos causam uma gradual transição para estados de desordem mental. O abusador possui cargas negativas resultantes do patrimônio somático que lhe enfraquece, dando início a atos de histeria, loucura e crime, sendo obstáculos ao seu desenvolvimento saudável . Nossas atividades nervosas não são caóticas, nem livres, MAS SUBMETIDAS A DETERMINADOS FATOS ANTERIORES.

O indivíduo reprimido busca compulsivamente por uma saída, através de sintomas neuróticos, deflagrando seus clichês provoca uma descarga de energia deprimida conectada em seu sistema nervoso central. Repetindo a violência sexual , o abusador esquece momentaneamente seu processo neurótico, ou seja, a causa de seus atos sofridos ou praticados. As circunstancias pode modificar a personalidade do abusador, perdendo ou deteriorando facilmente.

Seu pensamento está preso ao direcionamento das lembranças impostas pelos circuitos nervosos, como um espelho refletindo para o mundo exterior um pensamento anormal, anormalidade que vai do claramente mórbido ao convencionalmente fora de norma, uma vez que pode ser variável o grau de distorção de sua reação.

As diversas atividades, ações e reações do ser humano dependem de impressões externas. Cada centro do ser está perfeitamente adaptado para receber a espécie de impressões que lhe é própria e para responder a elas de maneira desejada. Quando as atividades são constantes e semelhantes, é possível calcular o próximo ato, podendo-se prever e predizer muitos incidentes e reações que se produzirão, daí poder-se ajudar e até direcioná-lo. O padrão nem sempre é linear de tal modo que pode, até certo ponto, se substituído mutuamente.

A excitação deflagra o desejo de ponta do abusador. Ao identificar as conexões pode-se em tese, preverem-se as direções possíveis de seus atos, pois circula em sua tela mental um pensamento de cada vez, daí ser necessário obstruir esta compulsividade.

O controle da compulsividade para muitos é a abstinência. Esta é um mecanismo transitório associado aos impulsos de excitação, requerendo um constante equilíbrio entre causa e efeito, sendo preciso resistir suas expressões das emoções negativas, pois resistindo pode absorvê-las. Seus fleches são tão rápidos, tão familiar, tão imperceptível, que é impossível notá-los, se não fizer esforços suficientes para criar-lhes obstáculos. Todavia o processo de abstinência só pode ser exercido ao se controlar a excitação.

Muitos casos de abuso não ocorreriam se o abusador não tivesse passado por situações as quais o levaram a reação da relação vivida. (a vitima de hoje pode ser o monstro do amanhã). Alguns dos abusadores não guardam nenhuma relação compreensível com a atual vivencia, estando a causa em outro plano, sua essência sobre carregada de intempéries grosseira, associada ao pensamento de superioridade de gênero. Estes vivem o momento, pois a visão do futuro lhe ofusca os olhos, fazendo com que repita no momento o passado primitivo.

Entender a mente do abusador é criar meios de prevenção , evitando direta ou indiretamente o ato, além de diminuir seu débito, evitar novas vitimas e a geração de novos abusadores.

Rosevel Rodrigues Pereira

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Rosevel
Enviado por Rosevel em 30/04/2010
Reeditado em 16/02/2013
Código do texto: T2229713
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