EDUCAR PARA A VIDA

“A educação é aquilo que sobrevive depois que tudo o que aprendemos foi esquecido”

(Burruhs Frederic Skinner)

A vida é a nossa grande mestra, as pessoas, as surpresas, a luta pela sobrevivência, a perda de um ente querido, a morte de alguém que amamos. Tudo vem com sua devida lição. Por que não somos educados para a perda? Por que não aprendemos a conviver com as perdas, uma vez que, inevitavelmente, teremos que aprender - mesmo que a posteriori - com muito sofrimento? Por que não educar as crianças para saber e entender o valor da vida nas coisas simples, que são de grande importância para a construção de sua história?

A orientação básica que prevalece em nossa sociedade está focada numa visão linear, cartesiana: produzir mais, vender mais (não importa o quê) e, sobretudo: lucrar mais. Por sua vez, as instituições acadêmicas - como regra geral - estão mais preocupadas com a produção de profissionais e não com a formação deles. Um modo de vida, que hoje está sendo globalizado, nos oprime de forma crescente, evidenciando cada vez mais sintomas de decomposição e de decadência social e das relações humanas em geral.

Na verdade, a sociedade humana já atravessou a penosa fase da sensibilização e está entrando “de cheio” na da conscientização. É agora necessário dar o salto qualitativo: agir. Mas precisamos agir, não apenas rearrumando o mundo exterior e deixando como está o mundo interior. A História humana, especialmente a do século XXI, mostrou que isso não resolve a problemática básica da Humanidade: compreender qual é a nossa missão e cumpri-la. Surge assim um grande desafio, que abre espaço para a compreensão. O fato é que o ser humano (tomado como espécie) não tem demonstrado ser capaz de usar seu livre arbítrio e suas potencialidades internas para construir uma sociedade melhor.

Obscuras forças que borbulham em nossas profundezas subconscientes nos distraem do “caminho da luz”. Ocorrendo isso com bilhões de pessoas, o desfecho não pode ser outro que a triste situação atual, para muitos, dramática e até pavorosa; uma sociedade permeada de contra-valores e sem controle. A educação é um processo que, se bem conduzido, produz pessoas íntegras, felizes, equilibradas, com senso de cidadania e de comportamento social aguçados e que determina o sucesso de uma família, de uma comunidade, de uma cidade, de um país e da própria civilização.

Porém, quando inadequada, distorcida, inepta e manipulada, tende a se transformar em fonte inesgotável de neuroses, de psicoses, de desajustes de todas as naturezas e espécies, verdadeira “fábrica de monstros”. Não se deve, no entanto, confundir o ato de “educar” com o de meramente “instruir”, papel difundido pelas “instituições” que se preocupam e leva as pessoas a preocuparem somente com a produção de profissionais. É certo que não devemos moldar a criança ao nosso desejo, podando-lhes os sonhos, mas é essencial corrigir-lhes o pensamento com brandura para aspectos que a vida costuma nos ensinar desde pequenos, para que não soframos constrangimentos maiores enquanto adultos.

Eis então o papel da família: o de educar para a vida. Esse ato só pode ser desempenhado no convívio diário, na troca de informações, sensações, olhares... Penso que se fôssemos educados obedecendo estes valores, seríamos pessoas melhores, passivas, compreensivas e mais fortes. Capazes de amar e ser amadas, viver e ter consciência da vida. Também quando fôssemos deparar com a morte, saberíamos sobressair com mais capacidade. A educação é uma junção de valores que ninguém pode nos tirar e, uma vez que temos este agrupamento de valores éticos e morais, temos a consciência de tudo o que nos rodeia e que faz parte da vida. Se todos os pais, mesmo os que não tenham as devidas condições financeiras, educassem seus filhos para a vida e não só para a sociedade, creio que teríamos e viveríamos em um mundo melhor.

Wallace Sousa
Enviado por Wallace Sousa em 28/04/2010
Código do texto: T2225274
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.