EDUCAÇÃO: O que há com as Faculdades de Direito?
Ecoam até hoje em meu ouvido as palavras de meu falecido e sábio pai:
"Saber não ocupa espaço. Estuda, minha filha. Jamais pares de fazê-lo. Quanto mais estudares, mas quererás aprender. O estudo far-te-á crescer como criatura e quanto mais souberes, melhor poderás servir nosso Brasil e contribuir para que cresça como Nação. Assim, estarás apta para auxiliar nosso povo"
Os artigos aqui publicados são, em sua maioria, excelentes. Informam e proporcionam a troca de idéias as mais variadas: umas pertinentes, outras não.
Há que respeitar-se,,todavia, há a Liberdade de Expressão e cada um se expressa como sabe- ou não sabe!
A tecnologia avança - ótimo que assim continue! As ferramentas de busca em muito auxiliam.
Todavia, não se pode deixar de considerar - sem saudosismo algum - o quanto se aprendia há uns 50 anos. Latim era (e é) fundamental para as linguas neolatinas, como o Francês, o Italiano, o Espanhol, o Romeno e o Português (entre outras que, principalmente do Espanhol e Francês se originaram, formando espécies de dialetos, como o Catalão, p. ex.).
Acresço que, junto com o Grego, ainda auxilia, e muito, os que pretendem seguir Ciências Biológicas, Medicina, Zoologia...
É verdade que ninguém saía do ’ginásio’ falando Latim, Frances, ou Ingles. Garanto-lhes, todavia, que nossa lingua era bem falada e bem escrita (o que dificilmente ocorre hoje)... Tínhamos provas semanais e mensais, bem como exames semestrais e de fim de ano. As provas eram escritas e orais e as médias exigidas eram elevadas.
Ninguém ainda havia aventado a "brilhante" idéia da 'múltipla escolha’. As provas todas eram discursivas em todos os níveis, principalmente ao prestar-se o vestibular. Eram sorteados três assuntos e sobre os mesmos, tínhamos que discorrer. Quem não houvesse estudado, teria grandes dificuldades de escrever qualquer coisa.
De alguns tempos para cá, a situação do Ensino no Brasil, tem caído vertiginosamente. Com raríssimas exceções, nossos estudantes usam um Português péssimo, sem respeito algum à gramática; nem mesmo conhecem – se conhecem, não aplicam - seus conceitos mais básicos. Ignoram, por exemplo, as concordâncias todas.
Muito tem corroborado para o que acima escrevi acentuar-se , foi o ‘advento’ da internet: está se desenvolvendo o “Internetês"
Assim, com o 'auxílio negativo' dessa 'nova lingua' o Português se vai diluindo em um poço sem fundo de ignorância.
Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac, o “Príncipe dos Poetas Brasileiros o maior dentre os melhores dos Parnasianos, afirmava:
"A Pátria não é a raça, não é o meio, não é o conjunto de aparelhos economicos ou políticos: é o idioma criado ou herdado pelo povo.”
Que ‘herança’ será deixada para os futuros brasileiros? Que língua falarão? Se é que falarão, pois, pelo que vemos hoje, poderão bem emitir grunhidos como nossos ancestrais.
Para dar-lhes uma idéia da triste situação em que se encontra o Ensino em nosso país: ao abrir a Tribuna do Advogado, não há uma só edição que não contenha anúncios: " Ensina-se Português para Advogados"... o que claramente demonstra a falta de conhecimento da língua que, no caso, é o instrumento ou mesmo a ’arma’ que nós, advogados usamos para combater todas as iniqüidades, injustiças, desigualdades sociais, etc.
Penso: que tipo de escolas freqüentou um aluno que não obteve aprovação no Exame de Ordem? Como foi aprovado nos níveis inferiores, de que maneira entrou para a faculdade, e como essa faculdade concedeu-lhe o diploma de bacharel?
E, acima e além, há ainda outro aspecto (este, perigoso): os poucos que, carecedores dos conhecimentos não só necessários como fundamentais da Ciência do Direito, para que possam exercer a profissão que escolheram, conseguem passar no Exame de Ordem. Como?(*)
A meu ver, existe ’culpa’, sim: é a do Estado que, após as diversas Leis de Diretrizes e Bases, ficou ’sem diretrizes e sem bases’.
As ’vítimas’ são os alunos. Aqueles que querem realmente estudar, o fazem, mas a obrigatoriedade do Ensino, parece ter-se tornado ’letra morta’ na Constituição.
"Quanto mais ignorante um povo é, mais fácil será manipulá-lo" , ensina-nos o anexim.
Isso é uma lástima, pois o brasileiro é um povo inteligente, curioso, criativo...
Fundamental é que o Governo tome todas as providências para reverter essa caótica situação.
Que o governo dê à Educação a atenção que merece e possamos ter um povo desenvolvido intelectualmente ao seu máximo.
Que a internet seja usada da melhor maneira possível.
Que os livros todos, principalmente os Clássicos, voltem a ser lidos pelos estudantes!
E, ‘last but not least’, que os professores de todos os níveis tenham reconhecidos seus esforços e recebam salários dignos. (**)
(*) Verfica-se que todos os anos têm crescido o número de bacharéis que não passam no Exme de Ordem.
(**) Há professores que recebem menos do que os trabalhadores domésticos.
(**) Há professores que recebem menos do que os prestadores de serviços domésticos.