INCLUIDOS E EXCLUIDOS
Saquei da gaveta uma folha amarela que alí fora enfurnada a coisa de trinta anos. Não vou corrigir uma vírgula sequer do que o que alí escreví. Daquele tempo para cá consegui aprender algumas coisinhas a mais. Porem vou ser fiel ao primitivo texto. Àquela época perguntava: leigo é uma pessoa definitivamente incapaz de adquirir o saber secular? É uma pessoa que não teve oportunidade de aprender? Ou então, por outro lado, é alguem que não teve vontade ou interesse em aprender? Levanto tal questionamento porque parece predominar na concepção mais vulgar do termo a ideia de que o laicato seja um estado definitivo na condição social. A pessoa que não é, não é mesmo, pronto e acabou, e fim de papo! A ideia que se faz do laicato atinge seu aspecto mais cruel no que tange a sua definição como condição funcional, quando o prendemos a um mero pedaço de papel, ou mesmo a um conjunto de rituais, aí o real saber de uma pessoa fica a isto cingido. Bonito é, por exemplo, quando uma cultura se genuflexiona diante de sua fragilidade, no que tange a definição de suas instituições. O saber humano tem limites e está submetido a certas condições e sem dúvida tais condições haverá de comportar uma certa flexibilidade no tempo e no espaço. Quem observa a historia pode concluir que já evoluimos muito daquele saber medieval, onde figuras investidas de poderes sobre humanos impunham suas inquestionáveis vontades e/ou caprichos.
Mas resíduos ficaram. Cumpre a nós, agora, que vivemos a era das CPIs, das sindicâncias, dos exames, das investigações, das verificações, das auditorias, das pesquisas. É! temos que ir em busca de um saber que mais nos aproxima daquilo que se convencionou chamar de verdade.