Maçonaria: O Trabalho

Dado este texto ser dedicado a público aberto, não posso avançar numa explicação mais ampla sobre o assunto, entretanto creio não estar quebrando nenhum segredo ao afirmar que o grau companheiro é dedicado ao trabalho, ou seja, dentro da instrução dos graus simbólicos haverá um que será voltado para o trabalho.
A questão passa a ser : qual trabalho? Ou seja, o que significa o trabalho maçônico?
Dadas as questões herméticas e sigilosas que envolvem nossa Ordem, pode o leigo ou desavisado pensar que se trata de alguma coisa voltada aos mais extravagantes objetivos, mas é engano. Volto à tecla de artigos anteriores: o maçom é um homem de ação que passou por um processo iniciático-simbólico visando lhe despertar a consciência espiritual, objetivando transformá-lo de modo que sua ação individual na vida cotidiana, modificada por estes preceitos, contribua no sentido de uma melhor vivência em sociedade.
Portanto, o que podemos concluir é que ao maçom cabe aprender a trabalhar na intimidade do seu ser, questionando seus pensamentos e sentimentos, reconhecendo os seus vícios e lutando por adquirir virtudes, reconstruindo a sua própria consciência, tão bem representada no símbolo da pedra bruta a ser cubicada e posteriormente polida.
Perceba que é um processo contínuo, ou seja , a transformação da “pedra”, só é possível pela dedicação e pela ação das ferramentas simbólicas sobre ela. Também é importante observar que o processo iniciático coloca o conhecimento à disposição do maçom. Porém, o exercício que haverá de levar à transformação é primeiramente trabalho solitário e só posteriormente, interação com a coletividade.
Já a esta altura creio ser possível sintetizar o que é o trabalho maçônico: é ele a ação do maçom na intimidade de seu ser, é a sua ação no mundo cotidiano, e mais importante: uma ação interativa e integrada, no sentido de que é o profano que aprendeu a ser livre e de bons costumes pela sua ação no mundo cotidiano. E aquele que se qualifica à iniciação maçônica, aí recebe um novo trabalho: o de ação sobre si, de fato não completamente novo, já que supõe-se que anteriormente já realizava este trabalho. Entretanto, a partir deste momento é trabalho ordenado e estruturado, que seguindo a metas dos graus simbólicos haverá de colocar à disposição do maçom a síntese de importantes conhecimentos.
Assim, não creio estar errado ao afirmar que o maçom, antes de tudo, é trabalho, é ação que gera aprendizado, que por seu lado atua no sentido da renovação da ação, num processo contínuo no qual se desenvolve a sua evolução.
Do mundo para a solidão da reflexão e, obtidas as suas conclusões , o retorno com uma atitude melhor para viver em coletividade, numa interação de reflexão das experiências com respectiva renovação interna e novamente colocação em prática do conhecimento adquirido.
A isto o trabalho maçônico: algo extremamente humano, porém no sentido mais amplo de humanidade, onde teremos a criatura a se transformar em cidadão e este, sabendo-se criatura em meio à Criação, dando passos pela estrada da moral humana, para dia atingir a profunda ética da alma que efetivamente nos congregará na almejada irmandade universalizada.
 
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 01/05/2009
Reeditado em 01/05/2009
Código do texto: T1569873
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