Maçonaria: Cristinismo ou Socialismo
(O Evangelho ou O Capital)

O objetivo deste texto é o de pequeno estudo comparativo do tema do título e sua relação com o ideário maçônico, buscando suas afinidades e divergências.
A razão que me estimulou à comparação é que, seja o evangelho de Cristo, seja  a teoria marxista materialista, assim como a Maçonaria  propõem como o seu fim uma sociedade igualitária e universalista, o que de alguma forma poderíamos dizer a prática de um sistema fraternal.
Entretanto, se a princípio pode parecer haver afinidades entre estes dois sistemas, de fato existem diferenças na forma da construção dessas “ fraternidades” humanas, em especial com relação às suas bases teóricas e os métodos utilizados para sua obtenção.
Diferença central é a de que o evangelho foi construído por Cristo a partir da reafirmação da revelação mosaica do Deus único, enquanto que o socialismo-comunismo de Marx, a partir do pressuposto ateu, ou seja, da não existência de Deus.
Desta origem verificamos que se a proposta marxista é materialista, construída a partir da transformação político-econômica, já  na proposta cristã prevalecem a interferência e a vontade divina, de forma apoiar-se  na transformação ético-moral (espiritual).
Suprimido Deus, Marx  partiu para uma avaliação histórica das sociedades humanas e constatou um mecanismo dialético de evolução que, resumidamente, significa que todo fato positivo traz o seu fato negativo dentro de si, de forma este último crescer até modificar o primeiro, sendo novo fato positivo, e trazendo nele novo negativo. Marx assim constatou o confronto das classes sociais em busca do poder; mostra que é a burguesia que elimina a aristocracia e esta é, posteriormente, eliminada pela classe proletária.
Assim, a evolução materialista se faz pelo confronto de classes e pela dominação da sociedade pela classe vencedora. Sendo o Estado o efetivação material do poder, teremos no socialismo um estado dominado por integrantes do proletariado a impor a igualdade de fora para dentro, ou seja, a igualdade determinada pela classe dominante, neste caso, o proletariado que tomou o poder. Nele não caberá uma transformação do indivíduo, mas a imposição de uma ordem ao mesmo. Não será uma questão de conscientização e transformação individual, mas imposição pela força dos que detém o poder.
Já Cristo não parte da avaliação da história, apoia-se na avaliação do indivíduo, na sua conceituação de virtudes e pecados.
Enquanto o marxismo nasce da avaliação do passado, o cristianismo surge como proposta apoiada no ideal futuro. Não sugere o confronto das classes, mas o perdão e a renovação individual. Acrescenta a dura justiça mosaica à misericórdia com caráter educativo e não vê o homem como proveniente de classes, mas os divide em fortes e fracos, de forma que os fortes tenham misericórdia e os fracos perdoem as ofensas sofridas, desenvolvendo, assim, o amor. Sugere a concórdia ao invés do confronto.
Embora baseado na transformação consciente da individualidade o que se verifica é que tal transformação implica o combate à vaidade e ao orgulho do ego, direcionando os indivíduos a uma vivência coletiva fraternal pela conscientização e amadurecimento e não pela imposição da força bruta.
É claro que o método marxista aos ouvidos humanos surge como mais prático e o cristão talvez como respeitoso e inatingível ideal. Nada mais natural: Marx estudou o passado humano, e nossa evolução até os dias recentes se deu pelo método do confronto, seja nas relações individuais, seja nas dos grupos. 
Assim, o  marxista propõe-se a implantação de um socialismo de Estado, que atuará como período intermediário para a implantação do comunismo universalizado. Ou seja, a revolução teria início no confronto de classes em uma nação e estabelecido o poder que iria se expandir por outras revoluções civis, assim como por uma atuação bélico-imperialista da nova nação socialista contra as demais nações .
Idéia antiga, esta, por exemplo, foi a base dos impérios: o grego-macedônico, fundado por Alexandre, o romano por Júlio César , o francês de Napoleão e o ariano-germânico de Hiltler. Em todos estes casos um povo tentou se sobrepor aos outros, tentando criar um império mundial (universalizado). Concluo, assim, que o “universalismo” aqui proposto de fato é imperialismo, é imposição da vontade de uma nação às outras pelo seu poder bélico.
Já a universalismo de Cristo parte de uma humanidade reunida como filhos de um único criador, irmãos independente das diferenças de classe e raça. É código profundamente avançado, sem similares no pretérito humano. Daí dizer apoiar-se em ideal futuro. Fala do direito de fato, do justo sobre o legal, prega o direito a partir da igualdade de nascimento divino. Se a ação imperialista está apoiada na força armamentista, o universalismo de Jesus apoia-se no uso da palavra através da ação dos seus apóstolos, o esclarecimento da verdade em lugar da imposição da força bruta.
Se Marx coaduna plenamente com o passado, no presente a economia globalizada e altamente integrada , associada ao esgotamento de recursos naturais e o surgimento de problemas não mais apenas regionais, mas planetários, parece denunciar o esgotamento da antiga ordem , mesmo porque, a capacidade de destruição dos atuais beligerantes possibilita acabar com o planeta, de forma que a proposta cristã  parece evoluir pela necessidade prática.
Por fim, se em Marx temos companheiros de partido político representante de uma classe social, em Cristo temos irmãos a partir da fé na origem, num único e divino criador. Se um é analise racional do passado, o outro é a fé na possibilidade de futuro. 
Como se vê,  o ideal cristão é que coaduna com a filosofia maçônica, seja por seus princípios, seja por seu método de ação. O que de fato não poderia ser diferente, à medida que o alicerce do pensamento e ação maçônica é a Bíblia Sagrada.
 
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 26/04/2009
Reeditado em 28/04/2009
Código do texto: T1560750
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