TRAGÉDIAS QUE NÃO DÃO IBOPE
Voltava de Cuiabá, e ao descer na rodoviária de Ribeirão Preto, em minha última baldeação. Pelo previsto meu tempo de espera alí, seria muito curto. Comprei logo meu bilhete de passagem, e assentei-me numa confortável cadeira do local de espera, assim aguardando a saída do onibus. Neste intervalo de tempo assentou-se ao meu lado , transportando sua pesada mochila,um jóvem que levava em seu semblante núvens de muita preocupação. Eu o saudei desejando-lhe boa noite, ao que ele respondeu dizendo que realmente precisaria possuir muita tranquilidade para ter uma boa noite, e passou-me a narrar o seguinte.
Outro dia, quando em casa estava chegando, ouvi gritos alucinados de minha mãe. Subi disparado o lance de escada que me separava dela. Qual não foi meu espanto, ao ver o rosto de minha mãe sangrando, e meu pai embriagado a espancá-la. Não foi-me muito dificil fazer parar aquela cessão de espancamento; pois um bebado apesar de ter muita raiva, tem pouca coordenação. Depois de algum custo levei meu pai para cama ao mesmo tempo que caia numa tristeza profunda. Enquanto isto pensava comigo: será este o mesmo homem que me ensinou a rezar, a cavalgar, que me ajudou nos meus exercícios de matemática, que me aconselhou nos meus momentos difíceis, que me disse que era necessário praticar-se as virtudes.
Agora, de um ano e meio para cá, por causa daquilo que no princípio foram apenas poucas e raríssimas taças de champanha. Depois umas já não tão inocentes cachacinhas que logo cederam lugar a uns alarmantes e grandes copos de vódica que logo se tornaram litros de vódica. Até que culminou com o dia anterior a esta tragédia, quando meu pai bebeu meio litro de conhaque e um litro de vódica.
Nossos ônibus chegaram à plataforma simutaneamente e só lhe deu tempo dele dizer-me: mas eu vou tentar uma solução. Apressadamente lhe desejei boa sorte.