A Formação Equivocada dos Professores
A Formação Equivocada dos Professores
Luiz Eduardo Corrêa Lima
INTRODUÇÃO
Talvez o título desse artigo possa levar o leitor a fazer uma idéia errada do seu objetivo. Na realidade, quando se fala em formação do professor, a pretensão é a formação do profissional de Educação e de Ensino em nosso país. Na verdade, o que se pretende é chamar a atenção para a dificuldade enfrentada pelas Instituições de Ensino Superior que formam professores e por seus alunos (pretensos professores) para produzir e desenvolver profissionais capazes de atuar no mercado educacional com competência e com possibilidade de desenvolver um trabalho profissional eficiente e eficaz.
As evidências e a prática comum têm demonstrado que os profissionais de Educação e de Ensino são formados de maneira genérica, sem qualquer preocupação com a atividade profissional que irão exercer, principalmente com a função específica dos professores na sociedade. A questão é discuta avaliando alguns de seus aspectos e propondo um mecanismo genérico que possa providenciar melhorias na formação dos professores.
CONSTATAÇÕES
Tenho dito em minhas palestras que: “um professor, assim como qualquer profissional, não se forma ocasionalmente e muito menos, da noite para o dia”. Isto é, não é qualquer pessoa que pode ser um professor e há de se ter uma formação específica para os indivíduos que procurem essa atividade profissional. Embora a afirmativa pareça ser óbvia, no caso dos professores isso não costuma ocorrer. Entretanto, parece que, finalmente, o Governo Federal está começando a entender isso e resolveu investir em mecanismos que efetivamente pretendem melhorar a formação do Professor. Na outra extremidade, as Instituições de Ensino Superior (IESs) ainda estão muito aquém daquilo que se deveria preconizar como condição mínima para tal formação e a questão está muito longe de uma solução.
Existem várias profissões em que as pessoas, antes de ingressar nas suas respectivas preparações, passam por testes especiais de aptidão, para ver se vão ser capazes ou não de desenvolvê-las. No caso do exercício da função de Professor, quero crer que também fosse necessário haver um teste de habilidade e aptidão. No entanto, não conheço e creio que não exista em nenhuma das IESs, qualquer prova desse tipo que avalie a aptidão para a função de professor.
Por outro lado, é sabido que ensinar também é uma arte e certamente nem todos os humanos são capazes de desenvolver essa arte. As escolas de formação de professores, também não possuem cursos específicos sobre oratória, dicção, impostação de voz e muito menos, sobre o pensamento lógico e o desenvolvimento da capacidade de argumentação, que são condições fundamentais para os professores, em todas as áreas. Também não existem diferenciações nos métodos e processos de formação nas diferentes áreas e, por exemplo, um professor de línguas certamente requer interesses e habilidades muito diferentes de um professor de ciências.
Além disso, é interessante salientar que grande parte das pessoas que atuam no ensino como professores, em todas as áreas, não têm se quer, formação pedagógica. Isto é, grande parte dos professores não são professores na realidade, são apenas pessoas que ministram aulas, mas cujas formações específicas relacionam-se com outras atividades profissionais. Isto, certamente, é um complicador maior da questão, mas não vou me ater a esse aspecto no momento.
Sempre é bom lembrar, que um professor é, antes de tudo, um comunicador, que precisa ser capaz de informar e convencer. É necessário que o professor tenha crédito (confiança) de seus alunos, se não o aprendizado não será possível. Sem comunicação não há convencimento, sem convencimento não há aprendizado e sem aprendizado não há ensino. Ninguém aprende o que não quer e o professor, principalmente nos últimos tempos, tem que ajudar o aluno a querer aprender. A concorrência é muito difícil, pois hoje existem muito mais coisas que agradam os alunos do que umas “simples” aulas. O professor é um “comerciante de palavras e idéias” e tem que estar preparado para convencer seu freguês (o aluno), vender o seu produto (a informação) e garantir a sua empresa (a escola) e o seu trabalho (a educação). Para tanto, ele deve usar todos os recursos disponíveis, mas precisa estar preparado para isso.
Quer dizer, a formação dos professores necessita ser mais bem trabalhada, tanto pelas autoridades constituídas na área educacional, como pelas IESs e principalmente pelo próprio estudante que vislumbra ser um Professor e está cursando uma Licenciatura. O Governo Federal, através da Resolução do CNE/CP Nº 2 de 19/02/2002, deu um novo enfoque à questão, o qual é oportuno e muito bem vindo. Entretanto, ainda é pouco, pois a questão precisa ser entendida e digerida de maneira melhor pelas instituições de ensino que cuidam da formação dos professores, a fim de que sua aplicabilidade possa ser efetiva.
OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS
Muito tem sido falado a cerca dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), os quais são, certamente, um grande avanço no ensino do país e estão aí para serem usados pelos professores na orientação e na composição dos conteúdos a serem ministrados aos seus respectivos alunos. Entretanto, os PCNs não fazem milagres e ainda não existem parâmetros para a formação dos Professores. Talvez seja isso mesmo que esteja faltando, isto é, PCNs específicos visando orientar a formação de Professores e Educadores, nos quais estejam previstas todas as possibilidades de tratar e de esclarecer aos interessados, qual a melhor maneira de informar sobre determinado assunto, em dada situação.
Como essa ferramenta ainda não existe, infelizmente, cada IES faz, praticamente, aquilo que quer fazer, no que diz respeito às Licenciaturas e à formação dos profissionais de ensino que diplomam e lançam no mercado de trabalho anualmente. Cabe lembrar aqui, que o Mercado de Trabalho para Professor é praticamente inesgotável e está sempre deficitário, ou seja, há empregos para Professores sobrando nesse país e cada Professor formado é um novo empregado automaticamente.
Vejam bem investir num profissional de Educação de melhor qualidade é investir numa melhor qualidade de todos os outros setores, pois todos dependem de professores, principalmente nos níveis básicos de formação. Mas, é precisamente nesses níveis em que a situação é mais caótica e, portanto, precisa ser mais bem trabalhada. Em síntese, pensar em PCNs para a formação dos Professores não é uma coisa tão absurda como muitos poderiam estar pensando.
Em suma, a formação de professores tem sido uma verdadeira Torre de Babel e temos visto quadros lamentáveis, com referência à formação dos professores por causa desta falta de ação metodológica definida. É preciso que sejam tomadas atitudes urgentes para que se possa modificar o atual quadro.
Ensina-se ao professor o que ele deverá ensinar, através dos PCNs, porém não se ensina como ele deverá aprender aquilo que deverá ensinar e, muito menos, como ele deverá ensinar aquele conteúdo. Ou seja, há um hiato entre o ideal e a ação na aplicabilidade dos PCNs. Essa falha precisa ser urgentemente compensada para a eficácia na utilização dos programas. Até porque, a contextualização tão requisitada pelos PCNs, depende de conhecimento e principalmente de vivência educacional (prática de ensino) que os professores, na maioria das vezes, saem da escola sem ter e que quando têm, não sabem como aplicá-la no processo didático-pedagógico.
Sendo assim, como o conhecimento é diferente e o entendimento mais diferente ainda, de professor para professor, as suas respectivas formações acabam sendo muito deficientes, pois as escolas não podem fazer um curso para cada indivíduo. Por outro lado, como há uma carência generalizada de professores no país, temos que formar mais gente nessa área e vamos empurrando o absurdo com a barriga. Com isso, a Educação, que já não anda muito bem, fica pior e os alunos tendem a ser cada vez mais mal formados, pois os seus professores também não são formados devidamente.
Infelizmente, o ciclo vicioso apresentado no quadro descrito acima é verdadeiro e precisamos desenvolver mecanismos para mudá-lo, em benefício do ensino e da educação como um todo. Mas, como fazer? Esta é a grande questão. Sabemos onde está o problema, mas continuamos com ele, pois não temos orientação de um mecanismo que permita resolvê-lo.
UMA POSSÍVEL PROPOSTA DE RESOLUÇÃO
Sou de opinião e quero deixar claro que estou apenas dando uma opinião, pois não sou especialista no assunto, tenho apenas alguma sensibilidade sobre a questão e gostaria de tentar ajudar a resolvê-la. Penso que é preciso que se desenvolvam programas modelos e padrões metodológicos regionalizados que permitam formar professores habilitados nas diferentes áreas, de acordo com a real situação em que vivem, isto é, contextualizados (regionalizados).
As questões gerais da região devem ser abordadas como problemas gerais de cada disciplina e devem ter resoluções específicas em cada uma delas e esses temas devem ser trabalhados pelas IESs nos seus diferentes cursos de formação de professores. Obviamente, esses problemas devem estar diretamente associados aos conteúdos específicos das diferentes disciplinas. As questões nacionais e mesmo as internacionais devem ser focos para discussões comparativas, mas não devem ser as mais importantes no que tange à formação dos professores.
Vejam bem, não estou dizendo para que sejam esquecidas as questões que não são regionais. Estou sim, dizendo que estas questões deverão ser tratadas de forma menos abrangente e mais superficial, até porque o cotidiano da informação é uma obrigação dos professores e cada um deverá, a seu modo, procurar se informar. A ecleticidade, além de ser muito bem-vinda, para qualquer profissional, deveria ser uma característica fundamental aos professores em especial. Porém, não é a escola que deve formar ecléticos, até porque ela não tem como fazer isso.
A escola deve sim, preparar os futuros professores que está produzindo, a partir da realidade próxima (do seu entorno) e orientá-los, no sentido de que busquem a sua melhor formação e seu aprimoramento sócio-cultural, a fim de que possam desenvolver ao máximo o seu intelecto e a sua capacidade cognitiva. A ecleticidade é uma necessidade que o Professor deve obter, a partir de suas próprias experiências e de seus próprios interesses.
Esse é um outro aspecto fundamental que precisa estar evidente nos pretensos candidatos a Professores. Ninguém, que não goste de estudar, deve ensinar, até porque eu entendo que uma coisa puxa a outra. A Educação e o Ensino devem ser realizados por pessoas habilitadas, mas antes disso, por pessoas interessadas em Educação, preocupadas com o Ensino, envolvidas com a aprendizagem e, principalmente, felizes com a função (condição) de Professor (Educador).
Essa é outra questão que existe no cenário nacional e que depõem contra o que se quer, pois grande parte dos professores não está satisfeita com a função que exerce, outra parte nem mesmo é habilitada como Professor e apenas “quebra um galho” dando aulas, outra parte ainda, é composta por pessoas que por estarem desempregadas assumem a regência de determinadas turmas e vão dar aulas daquilo que não sabem o que é, mas juram que irão aprender. O tempo passa, o provisório fica efetivo e o que se ia aprender, na verdade, nem se estudou e o diabo fica cada vez mais feio. Enfim, está tudo errado nesse aspecto, mas vamos voltar ao assunto anterior.
Aprender, além de ser uma condição fundamental para poder saber mais e ensinar melhor é sempre uma experiência interessante, enriquecedora e extremamente benéfica, pois satisfaz ao ego e a saúde como um todo. No que diz respeito ao Professor, aprender é uma experiência fundamental. O Professor tem que ser, antes de tudo, uma pessoa que possua cultura e, para tanto, deve estar sempre buscando novas informações. Todo Professor tem que ter consciência desse fato para explorá-lo e praticá-lo diuturnamente, até porque a formação do professor continua por toda a sua vida e aprender será sua missão eterna. O conhecimento é ilimitado e a geração de novos conhecimentos é infinita. Sendo assim, sempre haverá algo novo para ser aprendido sobre determinado assunto e o Professor tem que se manter atualizado ad eternum. Desta forma, estudar é fundamental para poder aprender e conseqüentemente, para poder ensinar.
O PAPEL DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR (IESs)
No que se refere às IESs, há dois aspectos fundamentais que precisam ser considerados: o primeiro está relacionado ao dimensionamento desses cursos que variam no tempo e no espaço mais do que a velocidade de um carro de fórmula 1 e o segundo diz respeito ao tipo de curso de formação de professores que elas desenvolvem.
No primeiro caso, a situação é muito complicada, pois existem cursos que variam desde 1 ano, com aulas só aos sábados (devem ser cursos para Santos, porque para mim isso é milagre), de 2 anos (meio milagre), de 3 anos (quase milagre, mas dependem de muita fé) e de 4 anos. Nesses últimos é possível fazer um trabalho de razoável a bom, mas, ainda assim, é pouco tempo para formar um professor.
No segundo caso, embora haja muitas variantes, existem alguns cursos que não chegam a ser terríveis e outros até bem razoáveis. O problema está na maneira de agir da IES, quando esta é uma instituição efetivamente interessada na formação de professores e encara este processo dentro da realidade brasileira e da necessidade local, acabam existindo cursos de bom nível.
Por outro lado, se a IES resolver continuar a se preocupar primariamente com questões econômicas e com fatores externos (não regionalizados) na formação do professor, aí mesmo é que ela se mantém na condição de não formar ninguém. O conhecimento humano cresce assustadoramente a cada dia e as escolas e mesmo os bons professores, por mais que tentem, não conseguem acompanhá-lo efetivamente.
A função das IESs, além de diminuir o hiato entre o conhecimento de ontem, de hoje e do futuro, é dar uma boa base específica na disciplina pretendida pelo futuro professor, destacando os princípios fundamentais das diferentes áreas de interesse e um bom treinamento na habilidade de ensinar e de relacionar com pessoas, seus futuros alunos ou não, dentro e fora das escolas.
É claro que as informações, tanto às novas, quanto às velhas, devem ser contextualizadas e por isso a regionalização delas é fundamental. A realidade regional deve ser a premissa de toda atividade educacional, pois este é o mais próximo e mais direto contato do professor. Isto é, a realidade regional é a sua própria realidade, aí ele vive, aí ele tem que aprender e aí ele deverá ensinar.
A formação específica nas diferentes disciplinas, mal ou bem, sempre foi feita, o treinamento como professor e a contextualização das informações é que ficaram condicionados a um segundo plano. Na maioria das vezes, esses itens acabam não existindo, porque eles nunca foram considerados importantes e o professor se forma totalmente fora da realidade educacional, sem nenhuma experiência de sala de aula, do contato com os alunos e, principalmente, desinformado da necessidade regional, pois desconhece o local onde vive e os problemas que têm maior significado para ele e para a comunidade escola que ele irá encontrar pela frente. Isto é, o professor tem sido formado sem uma preparação específica como educador, fora da realidade local e sem nenhuma contextualização do conhecimento que lhe foi passado. Desta forma, este “professor” é lançado no Mercado de Trabalho e vai “ensinar”. Ora, a Educação não pode ser melhor, se o problema continuar dessa maneira.
É preciso que as IESs resolvam investir um pouco mais nos cursos de Formação de Professores, para evitar esses grandes saltos de qualidade que existem entre elas. Que fique claro, investir nesse caso não é obrigatoriamente gastar mais dinheiro, mas é criar mecanismos diferenciados utilizando a criatividade e principalmente a competência do seu corpo docente, ouvindo os mais influentes profissionalmente e os mais preocupados com o processo e não somente os “superiores”.
Em geral, soluções simples costumam trazer melhores resultados do que grandes projetos. Algumas vezes são desenvolvidos projetos faraônicos, apenas porque “alguém” sugeriu, em detrimento de excelentes idéias que funcionariam muito mais e cujos resultados seriam muito melhores. As IESs devem estar atentas para poder trabalhar bem essas questões e não gastar dinheiro desnecessariamente.
O PAPEL DOS PODERES PÚBLICOS
A questão da contextualização do ensino aqui no Brasil é muito séria, pois somos um país continental que apresenta peculiaridades regionais divergentes e bastante significativas. Além disso, há muita migração, tanto de professores, quanto de estudantes e às vezes é muito difícil contextualizar efetivamente as coisas, mas, no que tange à Educação é preciso que seja feito um esforço adicional para que se consiga atingir esse intento.
Muitas vezes os futuros professores saem de uma região e vão estudar em outra e, posteriormente voltam para a região anterior para ensinar aquilo que aprenderam na região onde se formaram. Obviamente isso é muito ruim, pois geralmente há significativas diferenças entre as duas regiões. Pior ainda, é quando o Professor nascido e formado numa determinada região vai trabalhar em outra totalmente diferente. Às vezes, até a língua, ou melhor, a linguagem, a forma de falar e o sotaque são diferentes e, obviamente a comunicação e o entendimento acabam ficando mais difíceis. Os alunos desses professores ficam perdidos e não conseguem contextualizar as informações porque elas estão fora da realidade regional, pelo menos no contexto lingüístico. Mas, nada disso é capaz de justificar a não regionalização como princípio efetivo e apropriado para a contextualização.
Eu mesmo sofri esse tipo de problema quando vim para a região do Vale do Paraíba do Sul dar aulas de Zoologia na Universidade de Taubaté, em 1980. Alguns dos nomes vulgares atribuídos aos animais eram bastante diferentes daqueles pelos quais eu os conhecia lá na cidade do Rio de Janeiro e veja que são menos de trezentos quilômetros de distância entre as duas cidades. O pior de tudo é que os alunos não admitiam que eu, Professor de Zoologia, não conhecesse aqueles animais (os nomes populares daqueles animais) tão conhecidos para eles. Que tipo de professor era eu, que não era capaz de reconhecer e identificar animais tão comuns?
Hoje, 28 anos depois, já estou totalmente inserido na região e obviamente não tenho mais desses problemas. Entretanto, tive que trabalhar e estudar muito para aprender. Imaginem, então, quando as distâncias são maiores o que pode acontecer. Eu me regionalizei (conheci a região, os seus problemas e soluções) e aprendi, mas isso só foi possível porque estudei, porque resolvi ficar na região e porque gosto do que faço e queria ampliar os meus conhecimentos regionais, para poder contextualizar minhas aulas para os meus alunos. Entretanto, a minha realidade não precisa ser a realidade de todos os professores.
Bom, eu sei que será difícil, mas, de qualquer forma, é fundamental que se comece a pensar mais seriamente na questão da formação regionalizada (contextualizada) dos professores, que a educação desse país tanto necessita, pois do contrário, ainda iremos sofrer muito para alcançar o local que merecemos no cenário internacional. O Brasil não pode esperar mais para ser o principal país do mundo, entretanto há de se lembrar que sem educação não há solução e sem professor não se faz educação. Sendo assim, urge que os Poderes constituídos, nas três esferas, passem a pensar a profissão de professor como o caminho mais efetivo e eficiente para o desenvolvimento do país. Ainda, que dando apenas um palpite, estou convencido da necessidade da contextualização do ensino e tenho certeza que a resolução desse problema está diretamente ligada à regionalização.
Todos os problemas desse país se resumem a uma só causa: a nossa falta de educação generalizada. Só resolveremos os problemas se resolvermos à causa dos problemas. Para corte do cabelo, usa-se o barbeiro, para roupa rasgada usa-se a costureira, para dor de dentes usa-se o dentista, para defesa jurídica usa-se o advogado, para doenças usa-se o médico. Enfim, para cada coisa tem um profissional específico capaz de resolvê-la. Pois é, então para falta de Educação só se pode usar o Professor e esse professor tem que está em totais condições de informar e de formar cidadãos críticos, capazes e conscientes da importância que têm no desenvolvimento do país. Entretanto, do jeito que a coisa anda, está cada vez mais difícil, pois não estamos formando o Professor que o país necessita. E o pior é que está parecendo que não estamos nos importando muito com esse fato.
Recentemente vimos os jornais noticiando que algumas IES da capital paulista estão dispensando os seus Professores Doutores e contratando Professores com qualificação inferior, pois estes últimos custam mais barato às instituições. Ora, esse é o caminho do absurdo e assim além de não resolvermos os problemas que já temos, estaremos também, arrumando outros bem maiores.
É preciso que se tenha professor de qualidade sob todos os aspectos. Não basta apenas formar melhores professores, esta é somente a ação inicial, é necessário também que a profissão resgate a sua credibilidade e a sua autoridade perante a comunidade, em particular o público jovem que freqüenta as escolas. As condições infraestruturais da educação e, principalmente, os salários dos professores devem ser condizentes com a qualificação que esses profissionais precisam passar a ter. E qualificação dos Professores deve ser efetivamente premiada, até mesmo para motivá-los a investir em sua formação e aprimoramento. Professores melhores certamente representam escolas melhores, alunos melhores e uma Educação melhor.
Lamentavelmente, hoje qualquer um está sendo capaz de “dar aulas” e a profissão de Professor virou motivo de chacota, pois perdeu a sua identidade profissional e há efetivamente poucos Professores no Mercado de Trabalho, embora haja muita gente dando aulas.
CONCLUSÃO
Se o País quer mudar e quer crescer, então é preciso reverter esse quadro. Para começar, poderia colocar “Verdadeiros Professores” nas salas ministrando aulas e tentando ensinar aos futuros professores. Desta maneira, é fundamental que esses professores sejam pessoas capazes, com cultura suficiente, não só para informar sobre suas respectivas disciplinas, mas principalmente para formar novos professores. Para tanto, quero crer que a minha proposta de regionalizar o mais possível os cursos de Licenciatura existentes no país possa ser o pontapé inicial.
A grande dimensão geográfica do Brasil, aliada à sua imensa diversidade cultural, social e natural me permite afirmar que se a regionalização não é o melhor caminho, certamente é um caminho bastante viável e que certamente trará resultados positivos à formação dos professores em curto prazo e obviamente à educação como um todo em médio prazo. Precisamos formar professores que sejam mais que simples passadores de informações daquilo que não conhecem e, principalmente, que não vivem.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Lei 9394/96 (Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Ministério da Educação, Brasília, 1996.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio, Ministério da Educação, Secretaria da Educação Média e Tecnológica, Brasília, 364 p., il.,1999.
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LIMA. LUIZ EDUARDO, C., Particularidades do Ensino de Ciências, Ângulo, Lorena, (107): 01- 05, 2006.
SCHWARTZMAN, SIMON, Educação: a Nova Geração de Reformas In Giambiagi, Fabio; Reis, José Guilherme; Urani, André (org.), Reformas no Brasil: Balanço e Agenda – Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira (2004).
Luiz Eduardo Corrêa Lima (52) é Biólogo (Zoólogo);
Escritor, Pesquisador e Professor de Ensino Superior, Técnico e Médio;
Ex-Coordenador do Curso de Licenciatura Plena em Biologia da FATEA/Lorena;
Ex-Vereador e Ex-Presidente da Câmara Municipal de Caçapava.