As criptomoedas como a base de uma nova crise econômica mundial
Desde o pós-guerra, Estados começaram a investir no desenvolvimento de tecnologias, dentre elas, a ciência da computação. Com a popularização da internet no final da década de 1990, aumentou a demanda e o consumo por transações eletrônicas. Ao século XXI estaria reservado a criação da primeira criptomoeda: o Bitcoin. Isso modificou a nossa relação com o dinheiro e trouxe novas problemáticas a economia.
A criptomoeda surgiu de modo inusitado. De acordo matéria do portal IstoÉ Dinheiro, em 31 de outubro de 2008, alguém identificado como Satoshi Nakamoto disparou e-mails criptografados para um grupo seleto de pessoas. Nos e-mails estava contido um artigo sobre uma inovadora proposta de emissão de moeda, totalmente digital, decentralizada e com processo auditável pelo público.
Em tese, isso evitaria a inflação, pois, a emissão do Bitcoin não seria lastreada em nenhuma outra moeda como o Dólar, ou seria produzido infinitamente. A criptomoeda já nasceu para se tornar escassa, ou seja, ter emissão limitada. O fato se transformou em algo muito sedutor, afinal, o sujeito iria produzir o seu próprio dinheiro, em casa, sem depender de qualquer instituição como o Banco Central, Ministério da Fazenda ou Casa da Moeda.
Essa inovação toda depende do processo de mineração. Assim como a extração de metais e pedras preciosas, o Bitcoin precisar ser minerado. Isso ocorre em um gigantesco banco de dados digital, o Blockchain. Esse último é como se fosse uma mina pública. Qualquer um pode escavar e extrair. Para isso é necessário remover o entulho para criar os túneis, o que seria equivalente a resolver os problemas matemáticos dentro do Blockchain e criar blocos de validação de transação. Isso gera uma recompensa de unidades de Bitcoin.
Como todo bom mineiro, é preciso possuir diversas ferramentas. Para os mineradores de criptomoedas, são potentes computadores e energia elétrica, muita energia mesmo! Considerados os estudos acadêmicos de 2021, a mineração de Bitcoin consome o equivalente a 130,9 terawatts-hora anualmente. A cada ano os problemas matemáticos ficam mais complexos, e a recompensa menor. O Bitcoin vai escasseando.
Se for considerado as características das criptomoedas no geral, emissão decentralizada, limitada, conversível, transferência eletrônica sem intermediário etc. o seu valor é puramente especulativo. Se por um lado ela não gera inflação pela emissão finita, a moeda está se transformando em reserva de valor. Todas as condições já estão postas, e acredito que a criptomoeda foi criada para esse fim.
A segunda questão a ser analisada, é a especulação financeira em cima das moedas digitais como o Bitcoin. O seu valor é totalmente baseado na “teoria do mais otário”, algo que o próprio Bill Gates fez questão de mencionar. No futuro, criptomoedas serão usadas cada vez mais para pirâmides financeiras, sonegação de impostos, evasão de divisas e lavagem de dinheiro devido a transação ponto a ponto.
O fato supracitado já vem ocorrendo. Serão ainda mais corriqueiros com a saturação de moedas e o alto nível de especulação financeira. As bolhas se formam e estouram. A única coisa para qual a criptomoeda servirá é a criação de novos monopólios financeiros sem a intermediação institucional ou controle do Estado, caso mantenham a valorização constante. O futuro parece incerto, mas se mantém digital.
Referências
INFOMONEY. O que é a mineração de criptomoedas? Entenda como funciona. Disponível em https://www.infomoney.com.br/guias/mineracao-de-criptomoedas/. Acesso em 09 set. 2022, às 21:25 horas.
ISTOÉ Dinheiro. Bitcoin: conheça a origem da primeira criptomoeda do mundo. Disponível em https://www.istoedinheiro.com.br/bitcoin-conheca-a-origem-da-primeira-criptomoeda-do-mundo/. Acesso em 09 set. 2022, às 21:08 horas.
RIBEIRO, Janaína; DANA, Samy; DE NUCCIO, Dony. Qual o gasto energético para minerar um bitcoin?. Disponível em https://investnews.com.br/investnews-explica/qual-o-gasto-energetico-para-minerar-bitcoin/. Acesso em 09 set. 2022, às 21:13 horas.