Qual é a razão do atual aumento dos preços e crises sociais?
A economia internacional foi inflamada pela febre. As causas dessa febre são conhecidas. A primeira delas envolve o que se chama a política inflamada ou catch-up - ela visa devolver a economia numa situação normal, antes da crise do Covid, com um produto interno bruto pré-crise.
Deve-se admitir que esta política inflamada ocorreu ao longo dos anos, levando muito rapidamente e um grande impacto em termos da oferta de matérias-primas, consequência de um aumento da demanda, mesmo se isso não acompanha o aumento da oferta e, portanto, a falha no equilíbrio necessário.
Os programas implementados pelos países durante a crise visam a apoiar as famílias e a economia, sem portanto exercer um impacto negativo sobre as finanças públicas desses países, bem como sobre a política financiada pelos bancos centrais, fornecedores da liquidez necessária.
Concretizando, esta política, cujos programas governamentais preocupados com a liquidez dos bancos centrais sobre a febre econômica e inflação, levando a situação de gargalo na rede logística da economia internacional, num estado muito complicado devido aos aumentos de preços e inflação.
O perigoso é que nenhum dos especialistas internacionais pode determinar quanto tempo vai durar essa febre econômica; a maldita epidemia do covid que pode surpreender a qualquer momento com uma nova mutação, devolvendo a situação epidemiológica ao ponto zero e, assim, ameaçar efetivamente não apenas a continuidade da febre econômica, mas a possibilidade de sua exacerbação no resto do mundo, complicando o poder de compra dos cidadãos, combinando os dois males, o mal da epidemia, o mal da febre econômica e inflação.
Por outro lado, a febre econômica que o mundo enfrenta evidenciou ainda a grande disparidade na capacidade de esta crise provocar uma cisão entre os países ricos e demais países.
Para os países ricos, aqueles que detêm meios e poder econômico para superar a atual crise, usando o talão de cheques do Estado, em relação aos bolsos dos cidadãos, seja no sentido de ajudá-los, resistir ou enfrentar a febre, ou pelo aumento dos preços; uma vez que o Estado não possui muitos meios, no sentido de mitigar o impacto da crise sobre os cidadãos.
Para os países pobres, sobretudo aqueles que arcam com as maiores taxas de inflação do mundo; aponta-se no primeiro lugar Venezuela com 2.800 por cento, seguido por Sudão com uma taxa de inflação de 359,08 por cento e depois o Líbano com uma taxa de 154 por cento.
Por outro lado, assiste-se nos países pobres, as primeiras ondas do vírus têm colocado as economias desses países à beira do colapso econômico; cuja situação financeira conheceu um certo regresso à fase pré-crise a espera do processo de melhoria das finanças públicas, foi um aumento dos impostos e preços, de forma a compensar as perdas da fase Covid, obrigando o uso do talão de cheques dos cidadãos pelo tesouro do Estado; sob a febre económica que colocou estes pais face a uma prova difícil, sem poder voltar ao uso do seu talão de cheques, nem beneficiar do talão de cheques dos cidadãos, consequência da pobreza, dos rendimentos limitados e dos graves efeitos da crise do Covid …
Assim estes países se encontram incapazes de ter soluções aceitáveis, nem meios de recorrer ao apoio internacional, levando todos os países do mundo a diminuir seus negócios nas condições, impostas pela crise sanitária, a febre econômica em graus variados.
Quais são as soluções propostas para sair da crise nas experiências internacionais?
A crise do Covid interrompeu a atividade econômica nos anos 2020-2021, foi no final de 2021 e início de 2022, somando-se a passada crise relacionada com a febre econômica, inflação e ebulição econômica, trata-se de uma alta inflação de preços; sinônimo de ordem da continuidade, da preservação do poder de compra, bem como da prioridade sobre a palavra de ordem da mudança, da renovação das instituições, da produção de novas elites políticas e dos programas de mudança.
Assim, surgiu o slogan básico da fase, que é justamente aparecido nesta fase precisa, para focar a preservação das condições de continuidade, desta política que diferencia entre o que deve continuar e o que deve mudar.
Em certos momentos precisos, a prioridade não se caracteriza no que se deve mudar, mas sim no que deve ser preservado. Em relação aos países pobres, há um foco na manutenção da continuidade por meio do apoio ao poder de compra.
Segundo o pesquisador alemão Kenter Schmolder (no seu livro a política financeira), as finanças públicas são um tipo de economia planificada (direito financeiro - programação orçamentária).
Ao contrário disso, a economia do cidadão ou do indivíduo permanece ligada às decisões tomadas diariamente e relacionadas com as circunstâncias do mercado, dos preços e do sistema tributário geral.
Anota-se que o aumento dos preços e inflação tem afetado a economia do cidadão, do indivíduo e da pessoa física, levando-o ao protesto na rua. Cuja vontade geral associada à política financeira do Estado (sobretudo o direito financeiro) em face da vontade individual, associada às situações econômicas, dos aumentos de preços e inflação, ameaçando colidir entre a vontade política financeira pública do Estado e a vontade das massas associadas às situações econômicas, sob conflito do espírito das instituições, das massas e do povo, numa colisão das instituições a viver sob o teto à beira do abismo estratégico.
No Marrocos esta estratégia foi historicamente dispendiosa, a exemplo dos anos, 1965-1979 1981-1984-1990), tratando-se de muitas intervenções por parte da instituição real.
São alguns cenários descartados e evitados e nem repetidos, graças a atenção do governo e em particular do soberano do Marrocos.
Existe uma certa tradição económica, fiscal e financeira que difere de um povo para outro, com uma psicologia fiscal e financeira, conforme o escritor alemão Ganter Schmolders, referendo a este tipo de mentalidade, que não deve ser descurada quando ocorrem crises sociais. O Estado oficial tem que realizar reformas forçadas, sob o teto da manutenção da estabilidade e paz social.
Nos escritos conforme o dito “ franceses e a felicidade”, atribuído aos dois pesquisadores Jan Elkann e Elisabeth Eisley, eles afirmaram que nos países europeus a felicidade tinha que ser uma conexão eterna com o dinheiro e, portanto, a felicidade dos cidadãos dependia do dinheiro. Uma vez que a relação entre o nível de renda e a felicidade na vida tem sido muito forte, conforme as instituições de pesquisa nos países desenvolvidos, definindo o nível de felicidade dos cidadãos a cada três meses.
A atribuição da felicidade dos cidadãos para com o mundo do dinheiro, o nível de renda, da inflação e da taxa de elevação dos preços confirma-nos um fato básico, antigamente ligado com os primórdios, pelo qual se distingue hoje graças aos programas, conforme o ditado: “Os começos não são a ação, mas sim o número de (indicadores)....
O mundo depois de covid revela que a época atual constitui a vitória da pessoa econômica sobre a pessoa política (a teoria da racionalidade econômica). Tal atenção prioritária junto aos indicadores relacionados com essas condições, leva-se ao reconhecimento do ser econômico em primeiro lugar, impondo ao político o imperativo de passar da dependência da palavra para a dependência do número, ou seja da extensão do impacto do número sobre a economia pessoal e situação pela qual os cidadãos se destacam ao: (nível de renda - nível de inflação e aumento de preços).
Na tentativa de propor soluções para enfrentar as repercussões da inflação e febre econômica, o economista americano - Paul Crookman - Prêmio Nobel de Economia, escreveu recentemente no New York Times (nº 1631), sobre como enfrentar a febre econômica e a inflação.
Acreditando que o fato de ter que observar como outros fazem constitui um passo decisivo, porque a crise sanitária do covid obriga os economistas americanos a apresentar aos países meios para incitar a vigiar sobre o que passa de outro lado, sob lições de antecipação das crises.
As experiências internacionais confirmam que há países habituados com preços altos e inflação, diante da estratégia dos países pobres que sufrem da falta de recursos para enfrentar a inflação e os preços altos sob o slogan - convivência com a política de preços altos – a exemplo da experiência argentina.
Ao contrário de outros países que utilizam a estratégia de uso do talão de cheques por parte do estado, França, por exemplo, ou outros que consideram o sustento da febre econômica e da inflação através do ( tesouro do Estado - bolsos dos cidadãos), a exemplo da Italia.
O primeiro-ministro italiano Mario Draghi tem afirmado o apoio do Estado, num caminho importante de ajuda, apesar de ser insuficiente, sob as condições dos bolsos dos cidadãos, demarcantes do resto.
Qual é a abordagem adotada pelo ator político marroquino para enfrentar a febre econômica e a inflação?
Para responder à questão das soluções acionadas no Marrocos para enfrentar a febre econômica e a inflação, necessita-se acompanhar o comportamento do ator político neste país.
Primeiro, a instituição real, enquanto guardiã de longo prazo e responsável da medida estratégica para servir ao seu programa geral, o que leva o reino a se mover, sem retardar a anunciar a sua posição, através do apego à prioridade estratégica da conjuntura.
Tal posição flexível reutiliza-se da máquina de distribuição (investimento e apoio), melhorando a situação sob as ameaças da seca e das difíceis condições sociais.
Segundo, o ator político na fase de inflação e da alta de preços argumenta que o acompanhamento da situação acaba sendo uma responsabilidade do estado e dos bancos centrais, através da intervenção rumo as soluções, com base nas experiências internacionais, comprovando ainda o movimento dos bancos centrais, o caso dos Estados Unidos e Grã-Bretanha, usando a arma de política monetária, contra a inflação e os altos preços, razão pela qual espera-se que o rastreador no Marrocos em relação a posição do Banco Central (Bank Al-Maghrib), possa mudar de posição não retardar a crise sob o titulo da crise sanitária.
A declaração do Governador do Banco Al-Maghrib, perante a Comissão de Finanças e Desenvolvimento Económico, confirma o ritmo de crescimento económico insuficiente para melhorar o nível de vida da população e criar oportunidades de trabalho no campo socioeconômico.
O Wali do Banco Al-Maghrib, a título de enfrentar esta situação, tem direcionado as suas flechas sobre as medidas tomadas do governo anterior, tendo em vista o período da constituição de 2011, até o atual governo.
Considera-se que o governador do Banco Al-Maghrib tem apontado a classe política marroquina, responsável da informação sobre o estado social e conômico do Marrocos; criticado apesar do desenvolvimento do valor agregado positivo, redistribuído adequatamente, mas sem desconsiderar a redistribução do valor agregado negativo sobre os cidadãos.
Tal indecisão e ineficácia da medida governamental após a constituição de 2011 tem reduzido significativamente a possibilidade de nacionalização do poder de compra, ou pelo menos da grande contribuição do Estado, arcando com os custos de manutenção do poder de compra.
O Governador do Banco Al-Maghrib, no seu relatório, entende-se duas mensagens ao encontro da sociedade; a primeira é que o Banco Al-Maghrib não tem pressa em intervir através da política monetária, e a segunda visa a enviar um aviso ao governo de que não deve apostar muito no recurso do Estado marroquino, para ativar a política de usar o talão de cheques para o dinheiro público, (tendo em vista o volume de investimento público que não alcançou um superávit, capaz de fazer face a crises do domínio sanitário.
O desafio que enfrenta o governo será principalmente do cidadão, no sentido de manter o seu talão de cheques, a poupança e as dívidas.
Nestas condições econômicas tão difíceis, a atenção é direcionada sobre a instituição governamental, a responsável pela gestão situacional, vivada e cotidiana, cujo guardiã do curto tempo depende da instituição real a espera de uma estratégia para enfrentar a crise e, os contornos de sua agenda excepcional e dos desdobramentos relacionados à alta de preços, de inflação e seca.
A ausência de um roteiro claro para enfrentar a crise deve-se ao facto das políticas estatais em geral e não só no Marrocos, mas também em relação aquele Estado que antecipa as soluções, nem mais ou menos reconhecido nacionalmente e internacionalmente...
Tal Estado hoje segue uma estratégia desesperada de intervenção, cujos acontecimentos ocorrem segundo uma agenda, proporcionada e levantada pela mídia e foruns regionais e internacionais, alguns enquadrados numa categoria de urgentes.
A ameaça de aumento de preços, de inflação e seca contra à paz civil lembra o contrato social, que exige do governo de deixar claro sobre o seu principal inimigo, em termos dos preços altos e inflação.
Nesse contexto, lembra-se sobre o filósofo e jurista alemão Carl Schmidt, afirmando a política e a arte de inimigos, em termos dos altos preços, inflação e seca...
Insta-se sobre a consciência social que visa mobilizar os recursos do combate o principal inimigo da estabilidade e paz social.
No caso do governo de Marrocos, a estratégia sobre a febre económica e inflação envolvem uma pratica social, cuja dualidade de tesouro do Estado - bolsos dos cidadãos constituem os atores da tendência gradual de coexistência face a febre económica e a inflação. O que pode abrir a porta ao desconhecido, sobre o período febre económica e inflação, não transitório e sazonal, sendo objeto da nova mutação, ruptura das redes logísticas e da crise geopolítica, associada a nova realidade do conflito, caso do russo-ucraniano, com tudo o que isso significa em termos da continuidade da crise energética.
Soma-se a isso também o problema da seca, o que leva o governo a rever a sua estratégia, em termos do orçamento do Estado, independentemente do bolso dos cidadãos, oriundo para enfrentar essas mudanças e fundo de compensação.
Finalmente, as experiências internacionais, e conforme as palavras de Carl Schmidt, do presidente dos EUA, Biden, instando os esforços para combater a inflação, no mesmo nível que a importância do pretendido inimigo chinês; tendo em vista dos assuntos marroquinos e da política oficial do Marrocos, anotar-se que o governo atual não introduziu as politicas de reforma social que possam estabelecer uma ordem social e económico.
As questões da febre econômica, da seca, da inflação, do desemprego, da pobreza e dos altos preços da energia decorrentes do mercado internacional, constituem uma base da restruturação do estado marroquino. Cujas medidas concretas no terreno envolvem um roteiro abrangente sobre o cidadão, a mão de obra empregadora, a mão das instituições marroquinas, capaz de forjar um consenso político-financeiro, face aos distúrbios da mão oculta, do mercado, da economia do cidadão dada a conjuntura atual.
Lahcen EL MOUTAQI
Professor universitario-Marrocos