Brasil precisa investir em infraestrutura e inovação para acompanhar o e-commerce chinês
Com a elevada eficiência e competitividade global que o varejo chinês desenvolveu na última década sua força se fez sentir durante a pandemia de covid que obrigou Governos a restringir o acesso presencial dos consumidores às lojas físicas. Dados da pesquisa Marketer revelam que 52,1% das vendas na China serão feitas por e-commerce esse ano, um crescimento de 20% em relação ao ano anterior. Pela primeira vez na história o número de vendas on-line ultrapassará as realizadas em lojas físicas.
No Brasil, o setor de varejo on-line é dez vezes menor do que na China. Temos ainda grandes dificuldades de acesso bancário e conexão de rede em regiões menos desenvolvidas do Brasil. Mesmo com o crescimento exponencial e aumento da procura por soluções de consumo on-line, no ano passado o comércio eletrônico representou 5% das vendas realizadas pelo varejo brasileiro.
Estima-se que existam cerca de 41 milhões de consumidores ativos no Brasil e 7,3 milhões deles realizaram sua primeira compra on-line no ano passado, segundo estudo semestral do Webshoppers realizado pela Ebit da agência Nielsen.
AliExpress, Amazon, Mercado Livre e os marketplaces nacionais
O braço varejista do grupo Alibaba e maior empresa de e-commerce da China, comemora seus números no Brasil, o aumento de pedidos foi de 130% em diversas categorias. Somos o quinto maior destino de produtos e recentemente a empresa anunciou que fretou 4 voos semanais para entrega dos pedidos.
O tempo de espera, antes de cerca de 45 dias, caiu para 12 atendendo com mais agilidade consumidores que moram na região metropolitana de São Paulo. E em alguns casos a entrega é mais rápida do que as realizadas em território nacional. Muito popular entre usuários de até 30 anos, com maior renda e que realizam compras mensais acima de R$ 1.900.
A empresa fez investimentos acertados que satisfazem o cliente brasileiro, a inteligência artificial ajuda na tradução das ofertas e as equipes de atendimento ao consumidor são compostas por nativos e/ou fluentes em português. Além disso, o AliExpress está recrutando esse mês comerciantes do Brasil para que possam vender local e globalmente em seu site, assim como tem feito seu concorrente de Singapura, a plataforma Shopee que foca mais em consumidores de menor renda interessados em fretes gratuitos.
Dado o novo cenário, os marketplaces nacionais precisaram inovar para não sucumbir com a concorrência internacional. Investiram em novas malhas logísticas, serviços de gestão de pagamentos, parcerias bancárias e até sistemas de entregas próprios com a promessa de entregas em até 60 minutos. Também existe nos bastidores uma preocupação crescente da perda do reinado do grupo Argentino Mercado Livre, que domina mais de 50% do acesso por buscas no setor e atua no Brasil desde 2009.
Pandemia e desemprego estimulam crescimento do “bico virtual” e fechamento de lojas físicas
Hoje o Brasil possui mais de 930 mil lojas virtuais, destas mais de 88% são de pequeno porte e 44% delas não possuem funcionários. A busca pela renda alternativa tem sido a solução temporária para muitos brasileiros que perderam sua fonte de renda durante o agravamento da crise econômica brasileira. Há ainda aqueles que cansaram de seus antigos trabalhos e atualmente conseguem dobrar e até triplicar sua renda sem a necessidade de se deslocar diariamente no trânsito caótico de nossas cidades.
O público de pequenos revendedores lembram muito o início do próprio Alibaba: são pessoas que por meio de acesso a algum crédito ou poupança compram de fornecedores chineses e revendem para inúmeros clientes do Brasil. De modo on-line, ainda que com estoques limitados e trabalhando dentro de seus próprios quartos.
FONTES:
E-commerce chinês ultrapassará as vendas das lojas físicas em 2021
https://www.consumidormoderno.com.br/2021/03/12/ecommerce-chines-ultrapassara-lojas-fisicas/
"A china é o futuro do Brasil no e-commerce”, afirma diretor do Aliexpress
https://www.ecommercebrasil.com.br/noticias/china-futuro-brasil-ecommerce-diretor-aliexpress/
Revista PEGN - Brasileiros recorrem ao bico virtual e criam lojas online para reforçar renda
https://revistapegn.globo.com/Banco-de-ideias/E-commerce/noticia/2019/08/brasileiros-recorrem-ao-bico-virtual-e-criam-lojas-online-para-reforcar-renda.html