A FERA DEVORA SEU CRIADOR
A inexistência de uma nação ou organismo que possa servir de mediador entre dois países em caso de conflito, armado ou não. As grandes potências ou órgãos integrados por elas que existiam no século XIX, agora são forças inexpressivas, sua influência não tem mais o poder de antes, quando o mundo era bi polarizado, agora por ser pluripolarizado não há nada nem ninguém no comando. O poder não reside ou se manifesta na força militar, mas sim no poderio econômico. O único país que ainda exerce seu poder de dominação é o EUA, mas após 1989 com a queda do muro de Berlim e o esfacelamento da URSS, as forças foram pulverizadas entre várias nações. Esse status quo indica que dificilmente há campo para uma terceira guerra mundial devido a distribuição de forças.
É evidente que o mundo não vive em plena paz, sempre há uma guerra na Europa Ásia ou África, mas nenhuma em grandes proporções iguais a I ou II grande guerra. Os problemas internos vividos por cada nação as fragilizaram a ponto de não desejar se envolver com questões externas, como também o poder ao se pulverizar deixou esses países em posição equivalente em matéria de forças, onde um ataque seria respondido na mesma proporção. Ataques de pequenos grupos terroristas não são tão mal vistos como bombardeios oficiais, no qual o numero de mortos e feridos é muito elevado. Outro fator é que os custos de qualquer operação militar se tornaram muito caro devido a sofisticação das armas, inclusive nuclear.
A ascensão do Islamismo não foi apenas uma reação contra as ideologias e modernidades da ocidentalização, mas também contra o próprio ocidente. Outro fator que se alterou, a xenofobia dentro dos países ricos não é mais racial, mas sim contra as pessoas oriundas dos países de terceiro mundo em busca de emprego, que outrora eram bem vindos para executar os chamados “trabalhos sujos” e baratear seus produtos consumidos internamente. Os países tidos como primeiro mundo são sem duvida alguma muito mais poderosos que os de terceiro, embora esses sejam fracos para representar algum risco iminente, mas podem lançar mão de um ataque nuclear mesmo em pequenas proporções por seu poderio nuclear ser limitado.
Outro fator é que os povos vencidos pelo país imperialista, não mais se deixaria dominar por um pequeno aparato militar, para isso será necessário mobilizar soldados tanto quanto para uma guerra por tempo indeterminado. Portanto excessivamente muito oneroso, é por isso que não compensa mais desejar dominar um país pela força militar, exceto em alguns casos como o do Iraque, pela grande quantidade de petróleo contido. Invadir outro país traz outra conjuntura, para que lutar se não sabemos como resolver o problema.
Motivos religiosos promoveram várias guerras, no curto século XX, atualmente esse “poderio” religioso também estão pulverizados em várias seitas que se digladiam entre si na disputa por fiéis, não havendo, portanto uma religião ou líder capaz de promover uma coesão popular.
O colapso da URSS teve como uma de suas causas a ausência de competição que ocorre entre as empresas privadas, por ser de competência do Estado todo modo de produção e distribuição dos recursos. Não havendo competição não houve evolução industrial civil, tendo como agravante que mesmo se houvesse evolução, o povo não iria dispor de recursos para sustentar o consumismo, responsável pelo comércio e pelo desenvolvimento industrial. As teorias marxistas podiam ter seus efeitos na situação em que se encontrava a economia mundial no início do século, mas não teria condições de sobreviver no estado atual, ao menos não em sua formula original.
Em contrapartida onde prevalecia a livre concorrência privada o mercado apostava em um consumo sinônimo de felicidade, em uma competição ilimitada tanto em produzir como em consumir. Esse processo provocou uma saturação do mercado, onde o capitalismo alimentado pela febre do consumismo acabou por se alto asfixiar. Um dos pilares do capitalismo é o lucro obtido através da mais valia, no entanto a supertecnologia provocou a dispensa da maior parte da mão de obra, resultando no funcionário multifuncional que muito produz com pouca mão de obra, esse processo baixou o lucro obtido com a mais valia. Em contexto geral se o socialismo não deu certo pelos motivos que carregava em seu bojo, o capitalismo também mostrou sua fragilidade. Segundo Winston Churchill “O capitalismo não é o melhor sistema, mas é o melhor que temos por enquanto”. Eu acrescento, desde que seja mantido em sua jaula, para não devorar os próprios filhotes.
A religião, comercio, política, indústria, escola e cultura em sua maioria sempre estiveram atrelados na maioria dos casos. Por esse viés temos de ponderar o declínio de todas as religiões no lado ocidental, notoriamente nos países de primeiro mundo, igrejas construídas no início do século, estavam vazias no final dele. Da década de 60 em diante precipitou-se o declínio do catolicismo romano, o lugar ocupado pela ascensão das igrejas evangélicas não cobrem nem de longe a lacuna deixada pelo abandono e freqüência das igrejas, em tempos atuais a igreja eletrônica tem mostrado seu avanço em detrimento das igrejas militantes.
Nos países periféricos a freqüência aos ritos religiosos são mais constantes, uma vez que a Fé atua como balsamo e esperança aos que se sentem explorados pela elite dominante, neste caso há de se evidenciar um fato marcante, não significa que os mais afortunados se deixam levar pelos prazeres mundanos e se afastam da igreja, mas que quanto mais carente for uma população, maior será sua necessidade de procurar um conforto espiritual, por esse motivo é que as igrejas proliferam mais em regiões carentes
No lado oriental as religiões ainda retém uma boa parcela da população por representar estar contraria as práticas ocidentais, de onde se originam todos os males do mundo, em que um ocidente rico sobrevive da exploração dos povos pobres, o fato de os ricos locais ocidentalizados ostentando luxo e suas mulheres emancipadas, deram aos movimentos contrários a aparência de lutas de classes, motivo pelo qual o Islã é a religião que mais cresce no mundo.
As igrejas atuais são diferentes das do passado, as crenças atuais não oferecem uma solução para os problemas atuais, motivando seu abando, sendo que a busca pela religião é a procura de um balsamo para suas dificuldades. È justamente nesse terreno que as igrejas eletrônicas ganham adeptos por falar a língua dos seus seguidores.
A dissociação do Estado com a igreja mostrava-se necessário, ao menos na maior parte do mundo, portanto um Estado laico não pode contar com a força da igreja para se sustentar, mesmo porque o povo já havia demonstrado que não mais aceitaria a submissão imposta pelo Estado vinculado com a igreja, essa perda de força no controle outrora auxiliado pela fé deixou os dirigentes perdidos, sem saber o que na realidade devia ser feito, uma vez que ficou demonstrado que nem sempre a teoria de uma administração condiz com a prática.
Os resultados catastróficos do breve século XX deixarão sua marca indelével no seio da humanidade. Se por um lado as ciências e tecnologia se desenvolveram mais nesse século que nos últimos 5 mil anos, com a poluição do planeta ocorreu o mesmo, isto é, no século XX poluímos muito mais que nos últimos 5 mil anos. Efeito estufa com derretimento da camada polar, o efeito pode não ser tão catastrófico quanto apregoam os céticos, mas deve ser encaro com seriedade, para haver uma reversão da situação será muito mais penoso, uma vez que o problema não será local, mas sim global.
Alguns apregoam que os dados atuais que demonstram estarmos rumo ao apocalipse, nada mais é que uma tentativa norte americana de frear o desenvolvimento dos outros países. Para tanto tomaremos como exemplo o gás “Freon” utilizado nos equipamentos de refrigeração. Esse gás era fabricado pela empresa America DU PONT, que após 10 anos foi “quebrada a patente”, isto é permissão para que todos que desejarem fabricar o referido gás. Os empresários americanos apresentaram dados duvidosos por sinal que esse gás era responsável pelo buraco na camada de ozônio. O gás Freon CFC foi proibido e, todos são obrigados a adquirir outro gás similar com patente norte America, a qual lhes rende muitas divisas até a patente ser quebrada.
No campo da poluição há controvérsias. Fontes alternativas de energia são pesquisadas e usadas, essa iniciativa parte mais dos países ricos que pobres, mas se para a economia de energética for necessário a estagnação, o pobre na Suíça viverá melhor que o pobre indiano.
A economia apresenta fatores interligados, se a mão de obra for transferida para os países periféricos em nome da concorrência, a população dos países ricos não terão renda suficiente para consumir esses produtos, portanto deve haver um equilíbrio, para que o processo não se alto destrua, a corrente produção consumo não pode ser quebrada.
Quanto a distribuição da população mundial podemos notar que a partir da década de 90 nos países ricos a taxa de natalidade tem apresentado um declínio significativo, ao passo que nos países pobres, embora tenha também diminuído, seria o fornecedor de mão de obra para os países ricos, abarrotados de velhos precisando desses serviços. Mas incorreria em problemas sociais, ao menos que esses imigrantes aceitassem estar em solo estrangeiro sem desejar os mesmos privilégios que os nativos, apenas permanecerem por pouco tempo como no caso dos (seikasan) brasileiros que foram trabalhar no Japão. Em suma pelo visto a história está se repetindo, quando os hebreus ao enfrentarem dificuldades por uma seca prolongada se dirigiram ao Egito em busca de melhor condição de vida, e lá serviram como escravos por 700 anos até que Moisés os libertasse.
Segundo o autor Eric Hobsbawn o que está escrito pode não trazer as soluções para os problemas, mas pode auxiliar na identificação dos mesmos, homens e mulheres que estiveram a frente das decisões, podem rever suas atuações frente ao problema identificado, o qual é o primeiro passo, pode surgir uma ação mais adequada para suas soluções, uma vez que os problemas foram criados pelo próprio homem que agora se julga incapaz de controlar a fera que criou.
Fazendo referência aos anos 80 e 90 vamos conferir para ver o que ocorreu. Na década de 80 foi marcada pela interrupção de fluxo de capital para o Brasil, conseqüentemente pela crise do Estado desenvolvimentista. O fluxo de caixa foi negativo marcado pela saída de capital maior que a de entrada. O país foi induzido a gerar saldo comercial para pagar os juros e parte do capital. Quem não conseguisse gerar tal recurso tinha de pedir moratória para não perder as poucas reservas que tinha. O lucro na balança comercial era conseguido em detrimento dos baixos salários. (como a China esta fazendo atualmente). Essa moratória ocorreu em 82,87,88.
O dinheiro dos bancos dos países de centro deixou de ser destinados aos países periféricos como ocorreu nos anos 60 e 70. A partir dos anos 80 os bancos perderam a preleção para os fundos de pensão e fundos mutuo de investimentos, os quais destinavam esse dinheiro para o governo ou empresas de países do centro. Esse quadro só mudou a partir dos anos 90, quando voltaram a emprestar para os países da periferia. Nos anos 80 os investimentos cresceram mais nos países do centro e nos anos 90 foram mais dirigidas aos países da periferia com ênfase para os mais promissores.