PRA ONDE VAMOS ANGOLA ?
Angola, após a posse do novo governo liderado pelo General João Lourenço, neste ano de 2018, tem feito um esforço grande em busca de investimentos estrangeiros.
Finalmente as Embaixadas angolanas terão de ser um pólo atrativo dos investimentos externos pois esse deve ser o seu papel também e esperamos que venham a ter competência para tal.
França, Alemanha, China, Estados Unidos da América, África do Sul, e agora Portugal e outros países, estão a ser visitados pelo Governo angolano.
Estes investimentos, que beneficiam muito os países patrocinadores, são necessários mas serão certamente investimentos de grandes empresas em projetos governamentais em Angola.
Os objetivos das grandes empresas são diferentes dos objetivos das médias e pequenas empresas.
As modernas empresas de hoje, pequenas e médias, têm seu desenvolvimento focado nos aspetos econômicos, sociais e ambientais pois só assim é possível um desenvolvimento sustentado para aqueles que realmente gostam de seu país e de seu planeta apesar de neste século XXI as dúvidas ambientais serem muitas.
As grandes empresas, cujos verdadeiros donos não vivem normalmente nos países aonde essas empresas se desenvolvem, têm seu foco centrado no retorno dos capitais investidos e se não houver retornos de capitais, mesmo que seja por pouco tempo, deixa de haver interesse em investir e continuar a investir.
Os grandes capitais globais e nacionais geralmente são muito especulativos pois a motivação é o lucro imediato, fácil de preferência, não é normalmente um desenvolvimento sustentado e harmonioso.
Há aqui uma clara diferença entre os objetivos dos grandes capitais e das pequenas e médias empresas.
Dificilmente se verá um americano, um alemão ou um inglês, cidadãos normais, a investirem em Angola em pequenas e médias empresas, sem terem um apoio direto institucional do Governo angolano ou de seus governos.
É necessário não ter a ilusão de que os alemães que prometeram financiar quinhentos milhões de euros vão enviar este capital financeiro para Angola, para os angolanos.
Este dinheiro será certamente para financiar empresas alemãs na compra de equipamentos e outros materiais, etc., para que as empresas alemãs trabalhem em Angola em estradas e outros empreendimentos estruturantes governamentais, e depois Angola pagará naturalmente esta divida.
O mesmo se passa com qualquer outro país financiador.
São apenas investimentos estruturais, cujos empresários estrangeiros vêm a Angola, fazem as obras e depois simplesmente regressam a seus países e dificilmente ficarão ou voltarão a Angola a não ser que hajam outros investimentos semelhantes.
Neste Setembro de 2018, em Angola, um ano após a tomada de posse do novo Governo, parece haver um olhar menos atento, muito perigoso, à cerca das pequenas e médias empresas angolanas, muito abandonadas na sua maioria aos destinos conjunturais e estruturais desta crise económica, social e ambiental angolana, país que tem tudo para dar certo desde que bem administrado.
Estas pequenas e médias empresas angolanas têm de pagar salários mensalmente, impostos, seguros, amortizações de equipamentos, energia de geradores e até energia elétrica da “ENDE” que não utiliza por ser uma energia instável, pagar para manter estradas secundárias, etc, etc...
É urgentemente necessário saber quais destas empresas são organizadas administrativamente e se produzem com qualidade, se fecham suas contabilidades mensais, se pagam salários em dia, se pagam impostos e outras obrigações sociais, se conseguem fazer amortizações de equipamentos, se pagam seus compromissos financeiros e se cumprem com regras ambientais e sociais.
O Governo, com responsáveis competentes e conhecedores da matéria, e se não os tiver que busque assessoria técnica externa mas responsável, já deveria saber quantas empresas em cada Província conseguem cumprir com estas regras, regras básicas em qualquer país desenvolvido, e procurar saber quais suas dificuldades diárias reais.
O Governo precisa de saber e aprender como ajudar estas empresas mais organizadas a ultrapassarem suas dificuldades de maneira a poderem crescer e desenvolverem-se.
O primeiro passo urgente, e já se faz tarde a hora, é o Governo saber quais destas empresas, não são muitas, conseguem estar devidamente organizadas tanto administrativamente como na produção, ajudá-las a ultrapassar suas dificuldades, caso a caso, promover seu crescimento pois são as empresas melhor posicionadas para um desenvolvimento real e sustentado na diversificação da economia angolana, sem necessidades de investimentos elevados pois são empresas já funcionamento e estruturadas.
Estas empresas deverão ser mais divulgadas em Angola para se tornarem modelos para outras empresas que precisam aprender a organizarem-se melhor, utilizando-se as Associações empresariais.
Só após haver um trabalho profundo por parte do Governo angolano, um trabalho com muita seriedade e responsabilidade, um registo das melhores empresas que conseguiram sobreviver e sustentarem-se com seus próprios ganhos, principalmente as industriais e agrícolas, só após haver um trabalho para pôr em ordem a casa angolana, de dentro para fora e não ao contrário, será possível a Angola começar a atrair empresas pequenas e médias externas para virem fazer investimentos, fixar-se em Angola, e participarem no desenvolvimento sustentado e diversificado da economia angolana.
Não se pode pensar que se podem resolver os problemas económicos, sociais e ambientais de Angola de forma sustentada, apenas através dos investimentos e empresários estrangeiros.
Os empresários estrangeiros interessados verdadeiramente em investir e desenvolver Angola com pequenas e médias empresas, pois são estas quem desenvolve qualquer país, estarão sempre desconfiados e provavelmente não virão enquanto Angola não fizer corretamente seu trabalho de casa, pôr em ordem sua economia interna, clarificar as regras de mercado e ser rigorosa no cumprimento destas regras, sem compadrios ou subterfúgios.
Os empresários estrangeiros interessados no desenvolvimento de Angola só virão após cumpridas estas obrigações básicas.
O trabalho que o Governo angolano faz neste momento, preocupado em atrair investimentos estrangeiros, poderá trazer algumas soluções estruturais mas certamente não trará um desenvolvimento sustentado e diversificado da pequena e média economia angolana.
Se esta tarefa de organizar a economia interna angolana não for feito com muita urgência, cada vez mais as poucas pequenas e médias empresas que conseguiram sobreviver até agora, irão também para a falência com resultados catastróficos para Angola pois um bom empresário, competente, responsável, conhecedor da matéria, não se faz simplesmente dando ordens ou atraindo do exterior ou indo à Universidade.
Um excelente empresário nacional, privado ou publico, precisa de muita experiência, conhecimento e rigor para ter sucesso sustentável.
Há que preservar com urgência os verdadeiros empresários que já estão em Angola, que não vivem às custas do Governo de mão estendida, senão este novo Governo angolano a quem desejamos bons augúrios, terá surpresas desagradáveis certamente e todos, a grande maioria dos cidadãos, certamente continuarão a ser os mais prejudicados e todo a nação.
Queremos acreditar, apesar de já passarem muitos meses e ser tarde, que o novo Governo pode dar a volta a este estrangulamento dos verdadeiros empresários angolanos e encontrar uma solução urgente.
Este é um clamor de empresários responsáveis e experientes que labutam em Angola e que sobreviveram até agora mesmo diante duma conjuntura nacional muito difícil, agressiva e gananciosa e egoísta.
Valdemar F. Ribeiro
Economista, ambientalista, empresário industrial.
Angola, após a posse do novo governo liderado pelo General João Lourenço, neste ano de 2018, tem feito um esforço grande em busca de investimentos estrangeiros.
Finalmente as Embaixadas angolanas terão de ser um pólo atrativo dos investimentos externos pois esse deve ser o seu papel também e esperamos que venham a ter competência para tal.
França, Alemanha, China, Estados Unidos da América, África do Sul, e agora Portugal e outros países, estão a ser visitados pelo Governo angolano.
Estes investimentos, que beneficiam muito os países patrocinadores, são necessários mas serão certamente investimentos de grandes empresas em projetos governamentais em Angola.
Os objetivos das grandes empresas são diferentes dos objetivos das médias e pequenas empresas.
As modernas empresas de hoje, pequenas e médias, têm seu desenvolvimento focado nos aspetos econômicos, sociais e ambientais pois só assim é possível um desenvolvimento sustentado para aqueles que realmente gostam de seu país e de seu planeta apesar de neste século XXI as dúvidas ambientais serem muitas.
As grandes empresas, cujos verdadeiros donos não vivem normalmente nos países aonde essas empresas se desenvolvem, têm seu foco centrado no retorno dos capitais investidos e se não houver retornos de capitais, mesmo que seja por pouco tempo, deixa de haver interesse em investir e continuar a investir.
Os grandes capitais globais e nacionais geralmente são muito especulativos pois a motivação é o lucro imediato, fácil de preferência, não é normalmente um desenvolvimento sustentado e harmonioso.
Há aqui uma clara diferença entre os objetivos dos grandes capitais e das pequenas e médias empresas.
Dificilmente se verá um americano, um alemão ou um inglês, cidadãos normais, a investirem em Angola em pequenas e médias empresas, sem terem um apoio direto institucional do Governo angolano ou de seus governos.
É necessário não ter a ilusão de que os alemães que prometeram financiar quinhentos milhões de euros vão enviar este capital financeiro para Angola, para os angolanos.
Este dinheiro será certamente para financiar empresas alemãs na compra de equipamentos e outros materiais, etc., para que as empresas alemãs trabalhem em Angola em estradas e outros empreendimentos estruturantes governamentais, e depois Angola pagará naturalmente esta divida.
O mesmo se passa com qualquer outro país financiador.
São apenas investimentos estruturais, cujos empresários estrangeiros vêm a Angola, fazem as obras e depois simplesmente regressam a seus países e dificilmente ficarão ou voltarão a Angola a não ser que hajam outros investimentos semelhantes.
Neste Setembro de 2018, em Angola, um ano após a tomada de posse do novo Governo, parece haver um olhar menos atento, muito perigoso, à cerca das pequenas e médias empresas angolanas, muito abandonadas na sua maioria aos destinos conjunturais e estruturais desta crise económica, social e ambiental angolana, país que tem tudo para dar certo desde que bem administrado.
Estas pequenas e médias empresas angolanas têm de pagar salários mensalmente, impostos, seguros, amortizações de equipamentos, energia de geradores e até energia elétrica da “ENDE” que não utiliza por ser uma energia instável, pagar para manter estradas secundárias, etc, etc...
É urgentemente necessário saber quais destas empresas são organizadas administrativamente e se produzem com qualidade, se fecham suas contabilidades mensais, se pagam salários em dia, se pagam impostos e outras obrigações sociais, se conseguem fazer amortizações de equipamentos, se pagam seus compromissos financeiros e se cumprem com regras ambientais e sociais.
O Governo, com responsáveis competentes e conhecedores da matéria, e se não os tiver que busque assessoria técnica externa mas responsável, já deveria saber quantas empresas em cada Província conseguem cumprir com estas regras, regras básicas em qualquer país desenvolvido, e procurar saber quais suas dificuldades diárias reais.
O Governo precisa de saber e aprender como ajudar estas empresas mais organizadas a ultrapassarem suas dificuldades de maneira a poderem crescer e desenvolverem-se.
O primeiro passo urgente, e já se faz tarde a hora, é o Governo saber quais destas empresas, não são muitas, conseguem estar devidamente organizadas tanto administrativamente como na produção, ajudá-las a ultrapassar suas dificuldades, caso a caso, promover seu crescimento pois são as empresas melhor posicionadas para um desenvolvimento real e sustentado na diversificação da economia angolana, sem necessidades de investimentos elevados pois são empresas já funcionamento e estruturadas.
Estas empresas deverão ser mais divulgadas em Angola para se tornarem modelos para outras empresas que precisam aprender a organizarem-se melhor, utilizando-se as Associações empresariais.
Só após haver um trabalho profundo por parte do Governo angolano, um trabalho com muita seriedade e responsabilidade, um registo das melhores empresas que conseguiram sobreviver e sustentarem-se com seus próprios ganhos, principalmente as industriais e agrícolas, só após haver um trabalho para pôr em ordem a casa angolana, de dentro para fora e não ao contrário, será possível a Angola começar a atrair empresas pequenas e médias externas para virem fazer investimentos, fixar-se em Angola, e participarem no desenvolvimento sustentado e diversificado da economia angolana.
Não se pode pensar que se podem resolver os problemas económicos, sociais e ambientais de Angola de forma sustentada, apenas através dos investimentos e empresários estrangeiros.
Os empresários estrangeiros interessados verdadeiramente em investir e desenvolver Angola com pequenas e médias empresas, pois são estas quem desenvolve qualquer país, estarão sempre desconfiados e provavelmente não virão enquanto Angola não fizer corretamente seu trabalho de casa, pôr em ordem sua economia interna, clarificar as regras de mercado e ser rigorosa no cumprimento destas regras, sem compadrios ou subterfúgios.
Os empresários estrangeiros interessados no desenvolvimento de Angola só virão após cumpridas estas obrigações básicas.
O trabalho que o Governo angolano faz neste momento, preocupado em atrair investimentos estrangeiros, poderá trazer algumas soluções estruturais mas certamente não trará um desenvolvimento sustentado e diversificado da pequena e média economia angolana.
Se esta tarefa de organizar a economia interna angolana não for feito com muita urgência, cada vez mais as poucas pequenas e médias empresas que conseguiram sobreviver até agora, irão também para a falência com resultados catastróficos para Angola pois um bom empresário, competente, responsável, conhecedor da matéria, não se faz simplesmente dando ordens ou atraindo do exterior ou indo à Universidade.
Um excelente empresário nacional, privado ou publico, precisa de muita experiência, conhecimento e rigor para ter sucesso sustentável.
Há que preservar com urgência os verdadeiros empresários que já estão em Angola, que não vivem às custas do Governo de mão estendida, senão este novo Governo angolano a quem desejamos bons augúrios, terá surpresas desagradáveis certamente e todos, a grande maioria dos cidadãos, certamente continuarão a ser os mais prejudicados e todo a nação.
Queremos acreditar, apesar de já passarem muitos meses e ser tarde, que o novo Governo pode dar a volta a este estrangulamento dos verdadeiros empresários angolanos e encontrar uma solução urgente.
Este é um clamor de empresários responsáveis e experientes que labutam em Angola e que sobreviveram até agora mesmo diante duma conjuntura nacional muito difícil, agressiva e gananciosa e egoísta.
Valdemar F. Ribeiro
Economista, ambientalista, empresário industrial.