CONSUMIDOR ENDIVIDADO, AFIRMA CNC...
A Confederação Nacional do Comércio (CNC) se pronunciou após a comemoração do Dia do Consumidor, observando que apesar de ofertas e promoções terem se multiplicado, ficou resgatada a preocupação latente e real do mercado. Segundo a entidade, 60 milhões de brasileiros estão com débitos pendentes, num montante que soma cerca de R$ 200 bilhões.
Na tentativa de conter a onda de endividamento, que hoje atinge quase 60% das famílias brasileiras, tramita na Câmara dos Deputados um projeto de lei que reforma o Código de Defesa do Consumidor (PL 3515/2015). Particularmente, tenho o receio que o crédito possa ser restringido, em razão da análise somente do indicador quantitativo, desprezando-se o qualitativo.
A proposta disciplina a oferta de crédito, prevendo mecanismos que garantam mais transparência nas transações, além do estímulo à conciliação, à educação financeira e prevenção e tratamento de situações de endividamento excessivo. O projeto já foi aprovado pelo Senado e agora tramita na Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara.
Presidente da comissão no último ano, o deputado Marco Tebaldi, do PSDB de Santa Catarina, avalia que a reforma do Código de Defesa do Consumidor deverá ser uma prioridade em 2017. “Tenho muita esperança que a gente possa aprovar isso e depois consiga reduzir esse grande percentual de famílias e de pessoas superendividadas.” Mesmo o Deputado Tebaldi raciocinando assim, penso que esse Projeto de Lei poderá se ater somente ao campo hipotético, sem que tenha a consequência prática que ele aguarda, e que os Brasileiros precisam, pois pode ser uma compressão no mercado de crédito, se não for adotados em sua plenitude os mecanismos corretos e principalmente os necessários.
Pelo projeto em discussão na Câmara, o endividamento não pode ultrapassar 30% da renda, exceto o financiamento da casa própria. O texto pretende estimular também a conciliação entre credores e devedores, desafogando o Poder Judiciário. Por um lado, os planos de pagamento devem informar medidas que facilitem o fim da dívida, como novos prazos e redução de encargos. Por outro, devem prever que o consumidor se abstenha de condutas que agravem sua condição de superendividado.
Pesquisa feita pelo Instituto de Psiquiatria da USP indica que 80% dos endividados apresentam um alto índice de sofrimento psíquico, o que já vem sendo uma constante nestes últimos anos, em função da crise política e econômica com consequências sociais imagináveis.