A Dor do Desemprego
Felizmente, nunca senti a dor de olhar para a mulher e filhos na condição de desempregado. Tive um período laboral entre 18 e 54 anos, com pouco mais de 36 anos consecutivos de contribuição previdenciária, até a merecida aposentadoria. Atualmente, a recessão tem levado a um crescente número de fechamento de estabelecimentos empresarias, provocando a triste situação do desemprego. Hoje, antes da minha habitual caminhada matinal, li, na internet, as manchetes do principal jornal local. Uma delas dizia que, numa determinada avenida, 56 estabelecimentos foram fechados.
Voltando da caminhada, passo em frente a um restaurante, que estava em total desarrumação. Pergunto o motivo daquela bagunça e tenho como resposta: “está fechando”. Ali, um cidadão de meia idade, montado numa bicicleta, parada no meio fio, observava aquela situação. Com seu semblante condoído, disse que ali havia trabalhado algum tempo, mas que, felizmente, já estava trabalhando noutro na mesma avenida. A sua dor era por alguns de seus colegas, pois, sabia que, numa situação dessas, nem todos conseguem uma nova ocupação.
As recentes notícias sobre o mercado de trabalho têm mostrado que, mesmo as pessoas de boa qualificação profissional estão aceitando trabalho de menor remuneração, em decorrência da atual recessão, pois, pior do que ganhar pouco é não ganhar nada. Administrar a escassez faz parte da economia. A crise sempre existiu. Ora maior, ora menor, é nela que o homem busca a criatividade. Haveremos de vencer, não cruzando os nossos braços diante do mal maior, que é a corrupção. É ela que está provocando esse desnível social. Uns com tanto e outros sem nada. Não é à toa que um preso da Operação Lava Jato disse que “se for enfileirar os corruptos do Brasil, vai além do tamanho da muralha da China”.