MAMÃE TESOURO E PAPAI TEMER
Abrir o jornal de hoje e ver a foto do presidente interino à cabeceira de uma mesa de “reuniões”, ladeado por Renan Escandalheiros e Eliseu Partilha, circundados por governadores, casa bem com o clima aqui em São Paulo: sem sol e com cara de chuva e muito frio. Algo assustador.
Quem acompanha o mínimo de noticiário deve se lembrar que ,desde há muito, quando se avolumam problemas fiscais ,ou vive-se uma crise econômica mais profunda, há uma corrida desenfreada de governadores até Brasília. A farra de gastos é discutida em reuniões intermináveis que inevitavelmente acabam com a conta sendo repassada ao Tesouro Nacional (leiam-se: para nós, contribuintes ou não).
Dever para o Tesouro não é um mau negócio, pois, ao contrário do que seria dever para um credor privado, premia-se a irresponsabilidade: seja com adiamentos, perdões, reduções ou isto tudo junto e mais um prolongamento (de anos) das dívidas e de seus serviços (juros).
Com o advento da LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal), esse tipo de negociata pareceu, de certa maneira, ter sido freado. Inicialmente o governo federal assumiu uma última “negociação” à moda antiga e a partir daí todos foram enquadrados na LRF tendo que obedecer limites de gastos e proceder com ajustes graduais até zerar suas dívidas com o Tesouro Nacional.
No governo Dilma rompeu-se esse arranjo e os bancos públicos foram usados para expandir créditos aos estados, permitindo aumento dos gastos estaduais. Com o agravamento da crise econômica instalou-se a ruína orçamentária. Em algum momento assistiríamos a corrida até Brasília, precipitada, talvez, pelo anúncio da decretação do estado de calamidade do Rio de Janeiro.
Resultado: apesar do blablablá comum dessas ocasiões, MAMÃE TESOURO vai assumir a farra dos filhos Estados, sob um governo frágil e provisório de PAPAI TEMER. Ou mesmo de VOVÓ DILMA.