CRISE?
 
Sofremos a crise do petróleo em 1973.  Países industrializados e os em desenvolvimento, dependiam - e dependem - desse combustível fóssil, apelidado de “ouro negro”, descoberto no início do século XX. 

Lembremos que os países árabes, recém-colonizados pelos europeus, eram os detentores das maiores reservas de petróleo, todavia seus ganhos não ultrapassavam os dez por cento da produção negociada. 

Grandes empresas petrolíferas, europeias e norte-americanas, formaram o cartel das “Sete Irmãs”, controlando, assim, a produção, distribuição e as ínfimas parcelas do lucro destinadas aos países produtores.  Estes países acordaram e fundaram a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), através da qual obtiveram raras ou tímidas vitórias sobre as “Sete Irmãs”.
 

No conflito entre árabes e israelenses, em 1967 (Guerra dos Seis Dias) e em 1973 (Guerra dos Yom Kippur), os EUA e a Europa apoiaram os israelenses, submetendo os árabes a duas humilhantes derrotas.  Daí, a retaliação: os árabes se uniram e reduziram a produção de petróleo, do que resultou brusca elevação do preço do barril exportado.   Sofreu todo o mundo industrializado.  Sofreu o Brasil, país em desenvolvimento, que importava 80% do petróleo consumido.   A taxa de inflação, aqui, disparou de 15,54% (em 1973) para 40,81% (em 1978) e 242,24% (em 1985).  Não mais se reduziu até 1995. 

Caíram por terra as alvíssaras do “Milagre Econômico” (1968-1973). 

O governo militar havia eliminado (em 1964/65) todos os ramais ferroviários tidos como deficitários, propondo substituí-los por rodovias asfaltadas.


Sem o petróleo bruto, como continuar a construção de estradas? Como seguir com a Transamazônica, iniciada por Médici, em Cabedelo-PB, em junho/1970?

O disparo no preço da gasolina elevou os preços de tudo.  Não se abasteciam veículos depois das vinte horas. Comprava-se gasolina pirateada, apesar do risco. Estimulava-se o plantio da cana-de-açúcar, em detrimento das áreas destinadas à produção de grãos.  A inflação, mais a acentuada queda das atividades econômicas e o consequente elevado nível de desemprego, tiveram índices redobrados, aqui e no mundo inteiro.  Segundo os renomados economistas da época (predição que até agora se confirma), jamais, qualquer país afetado pela crise, voltaria a crescer no mesmo ritmo que havia crescido nas três décadas anteriores. 

Portanto, nada obstante o caminho do dinheiro acumulado pelos árabes ter sido o dos bancos europeus e norte-americanos, a crise econômica de 1973 deixou todo o ocidente mais pobre.

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Em 1979, no governo João Figueiredo, ocorreu a maxidesvalorização do cruzeiro, em que o dólar dormiu no valor de CR$ 293,41 e acordou a CR$ 381,44 – avivando a inflação, deixando mais ricos os especuladores e causando quebra brutal do poder aquisitivo das pessoas.
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Em 22/abril/1985, assume a presidência da República José Sarney, que faz as primeiras quatro tentativas de conter a inflação.  O Plano Cruzado I a reduz de 242,24% para 79,65%, conferindo-lhe elevado índice de popularidade.  O Plano sucumbiu e a popularidade do governo também, principalmente quando teve de optar pela moratória da dívida externa (de fev/1987 a set/1988).  Para uma dívida de US$ 109 bilhões, o país só dispunha de US$ 5 bilhões de reserva.  Um desastre que se refletiu em todas as camadas da sociedade.  Faltou-nos o crédito externo avalizado pelo FMI.  A inflação continuou em disparada: 363,41% (em 31/12/1987), 980,22% (em 31/12/1988) e 1.972,91% (31/12/1989).   Novamente, todos ficaram mais pobres, exceto os especuladores.
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Planos Collor I e II.  Necessário enxugamento do Meio Circulante. Era preciso esbarrar a liquidez: excesso de dinheiro na economia.  Confiscam-se: investimentos, inclusive poupança e conta corrente, acima de 50 mil cruzados novos.  Eleva-se o imposto de renda sobre produtos agrícolas exportáveis.  Faz-se corte no déficit público, iniciando com demissões de funcionários públicos e de estatais (de uma previsão de 360 mil, demitiu 163 mil).  Em 1991 o nível de desemprego alcança os 14%.  Extinguem-se: a EMBRATER (descompromisso com a pesquisa no setor agropecuário), o Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), o Instituto Brasileiro do Café (IBC) e o Banco Nacional de Crédito Coopeativo (BNCC), do que resultou enorme queda da produção agrícola e da venda de equipamentos, insumos e máquinas agrícolas.  Com a nova moeda (o cruzeiro) os saldos de financiamentos agrícolas assumiram posição devedora muito acima do valor previsto para as safras.  Todo agropecuarista ficou prejudicado com mais essa mudança da moeda.  Elevado nível de inadimplência. 

Cai o preço do petróleo a nível internacional, mas usineiros são estimulados a exportar açúcar, prejudicando aos que optaram pela compra do carro a álcool (ainda não havia motores flex).

População com dinheiro preso (e de valor defasado) durante dezoito meses.
 

O governo Collor, por si só, foi uma extensa crise, do primeiro ao último dia.
 

Dá pra acreditar que no governo seguinte – Itamar Augusto Cautiero Franco -, em 31/12/1993, a inflação alcançava o pico de 2.477,15% ? . . . 
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Aí, veio o sétimo plano econômico - Plano Real - com Itamar Franco, que subtraiu as falhas dos planos anteriores ...
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A crise internacional de 2008. 
Essa crise não teria acontecido se o FED (Federal Reserve) adotasse os meios de controle e segurança em uso pelo Banco Central da República do Brasil.  Bancos brasileiros não podem emprestar nada além de um limite estipulado pelo Banco Central, que toma por base o patrimônio líquido de cada instituição.  O BACEN assinala a operação  nos mesmos dia e hora em que algum banco ultrapassa essa linha.
 

Não é o caso dos bancos norte-americanos, a quem o FED concede total liberdade de operar sem limites.  Para os banqueiros, o controle é antidemocrático, embora, a posteriori, o governo federal americano tenha se obrigado a emitir trilhões de dólares para tirar bancos da falência.  E foi exatamente essa "liberdade", mal interpretada pelos banqueiros, que propiciou a crise mundial.  Uma crise que não nos pegou de calças curtas e que somente nos afetou cinco anos depois (com aumento do nível de desemprego, redução do PIB e inflação acima da meta fixada).  Atingiu o nosso País, sim, só agora, porque tínhamos muita gordura para queimar. Queimadas as gorduras, restou-nos rearrumar a casa.  Impusemo-nos o reajuste fiscal que aí está e que, apesar das contramarchas do Congresso, vai sendo bem costurado.  Uma barrigada da economia, com data marcada para ela alçar voo.  Um freio de arrumação indesejável, mas inevitável, felizmente, desta vez, sem necessidade da interferência do FMI (Fundo Monetário Internacional).
 

Se compararmos com as crises anteriores, aqui mencionadas, sinceramente, não estamos em crise. Alguns “ais” se ouvem: talvez porque, hoje, haja mais proprietários de carros financiados do que ontem; talvez porque, hoje, haja mais proprietários de motocicletas, celulares, I-Phones, I-Pads... do que nas crises de ontem.  Basta ver que, nos restaurantes mais finos dos grandes centros, há filas para o atendimento - é só constatar.  Basta ver que nossos aeroportos estão sempre repletos de "senhores passageiros".  Basta ver que há um conjunto de brasileiros que ainda gasta US$ 1,5 bilhão em compras de supérfluos no exterior, por mês...

Portanto,  nossa crise é, tão somente e com absoluta certeza, uma crise política.

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Que falem os economistas e financistas que conviveram com as crises brabas, precitadas, e que tanto, e de fato, empobreceram o patrimônio dos brasileiros à época.
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Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 25/07/2015
Reeditado em 27/07/2015
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