Dólar e Real
No final de dezembro de 1994, seis meses após a criação do Real, a cotação do dólar estava em R$ 0,84. Hoje está em R$ 3,22, uma variação correspondente a 283,33%. Naquela época, estávamos envaidecidos com a nossa moeda forte, principalmente pela comparação com a moeda universal, a que rege o comércio internacional. Mais ainda, pelo fato de dizermos que a nossa moeda estava mais valorizada do que a dos Estados Unidos, a grande potência mundial. Para o leigo em economia, isto era motivo de orgulho, por ignorar os efeitos da balança comercial, no que se refere a exportação e importação. Entretanto, como a vantagem econômica de um pais é ser mais exportador do que importador, logo surgiram as correntes defensoras da desvalorização da nossa moeda. E eis que, somados a outros fatores econômicos, o dólar chega hoje a esse patamar, arrefecendo aquele nosso envaidecimento inicial.
Difícil correr emparelhado com quem tem mais fôlego. É uma situação que dura pouco. Quem pratica esporte de corrida sabe muito bem que nem sempre aquele que larga na frente será o primeiro a alcançar a linha de chegada. Resistência é a palavra mais adequada. O Brasil não teve resistência para segurar sua moeda por longo tempo. Aliás, até que não foi tão curto esse tempo, quando comparado com planos econômicos anteriores. São 21 anos da criação do Real.
Se afastarmos a comparação com o dólar e passarmos a comparar com as moedas dos países vizinhos, então vamos constatar que ainda estamos relativamente fortes. Portanto, ruim com ele pior sem ele. Ninguém quer ressuscitar o cruzeiro e cruzeiro novo, nem cruzado e cruzado novo, quando se usava “um saco de dinheiro para comprar um quilinho de feijão”, como dizia a canção da admirável cantora Beth Carvalho.