Venha a nós: os Mei's e, ao vosso Reino: Trabalhadores, nada ?

Já dizia um amigo meu: "Números" é coisa do diabo !

Em 18Jun15 foi veículado em: "http://www.siscontabil.com.br/Noticias/Ver/19840/seis-anos-depois-de-criados,-os-meis-ja-somam-5-milhoes

', que o Sr Guilherme Afif Domingos, velho conhecido político advindo da era do regime militar, veio "humildemente", na batuta de Ministro da Micro e Pequena Empresa, informar, entre linhas, que a arrecadação com os Mei's está por volta de R$ 216.650.000,00 e que a inadimplência, em janeiro de 2015, superava os 50% (digamos: 55%), isto seria algo em torno de R$ 119.157.500,00.

Deu a subentender que era devido à preguiça coletiva em emitir os carnês, que sempre jazeram disponíveis no site do Simples.

Teria sido, talvez, devido ao desinteresse dos Contadores ?

Isto porque eles eram obrigados a trabalhar de graça para os Mei's por um ano, coisa que ninguém faz e, muito menos, deve-se obrigar um profissional a fazer, sobretudo quando taxam estes profissionais de dispensáveis.

Ou ainda, porque, na verdade, por mais barato que seja, ninguém gosta de pagar imposto, nem mesmo os Mei's.

Além disto, há uma desconfiança devido ao fato de que nenhuma autoridade sabe dizer corretamente sobre os limites da simplificação de processos tão prometida pelos políticos profissionais de plantão.

Estes se consideram donos desta fatia da microeconomia esquecendo-se que quem manda, na verdade, é o Ministério da Fazenda pelas mãos do tão poderoso leão da RFB.

Ora, não teria sido desleixo do grande especialista em pequenos negócios, o Sebrae, que gasta milhões em propaganda institucional, muito mais para fins eleitorais de seus dirigentes do que propriamente utilidade pública ?

O Sebrae ajuda no básico dos básicos mas são os Contadores, estes sim, na verdade, quem seguram a onda dos Mei's, fornecendo-lhes macros orientações ao serem abandonados pelo Sebrae, pelos bancos que, fazem exigências absurdas e, se negam a abrirem contas bancárias, mesmo com apresentação de um CNPJ ?!?

E agora, de repente, o Sr Afif vem a público afirmando que em apenas 5 meses conseguiram uma redução de inadimplência por volta de R$ 32.497.500,00 ou seja de 15% e tudo graças a singela adoção e envio de carnês que jaziam disponíveis no site do Simples ?!?

Ainda mais curioso é que, considerando-se que os carnês milagrosos só começaram a ser distribuídos em Junho de 2014, ainda havia em janeiro de 2015 uma inadimplência tão alta de 55%, como dito pelo Sr Afif ?!?

Sendo assim, é possível imaginarmos que, antes disso, tudo era um caos, com inadimplências superiores a 55%.

Bons carnês, não é ?

Bem, vamos ver se o milagre acima é verdadeiro e sustentável afinal, ainda restam 40% ou seja: algo em torno de R$ 86.660.000,00 de inadimplência que, a julgar pelo poder milagroso de tais carnês, com o propalado fôlego que teve, vai triturar este saldo até o final do ano de 2015, não é mesmo Sr. ministro ?

Como o governo e políticos manipulam as informações em benefício próprio é difícil de acreditar neles e fácil de perceber a manobra gratuita de captação (abano com o chapéu alheio) de crédito para fins políticos para, depois, serem chamados de idealizadores disto ou daquilo.

O Mei não é uma empresa e sim uma firma, mesmo assim, praticam operações de empresa: compram, fabricam, vendem revendem, prestam serviços, importam, exportam, admitem e demitem funcionários, distribuem lucros, recolhem impostos, participam de concorrências públicas, movimentam caixa, bancos, aplicações, adquirem equipamentos que se depreciam ao serem utilizados nas operações, crescem, submetem-se a reenquadramentos comerciais, jurídicos, tributários com implicações na pessoa física do proprietário, dentre outras situações.

E o mais interessante disto tudo é que o Sr Afif, tal qual o Sr Scaff, defendem tanto a livre iniciativa, defendem tanto o solidificação dos Meis (até aí tudo bem) mas nada falam do trabalhador.

Sim o trabalhador é menor que o Mei e não tem qualquer benefício em termos de renúncia fiscal, enquanto um Mei só paga R$ 49,00 por mês para uma renda de até R$ 5.000,0o, o trabalhador que ganhe este mesmo valor é tributado, em média, por 9% de INSS + 15% de IR, isto é 24%, resumindo: o Mei paga R$ 49,00 e o Trabalhador paga R$ 1.200,00.

E o principal instrumento de simplificação que lançam mão é o aumento dos limites de isenção, haja vista que pretendem reajustar em 100% para os Mei's e microempresas, enquanto o trabalhador chora as minguas um reajuste da tabela de IR de 5%.

Então Sr Afif, o que mesmo o Sr quer simplicar, como e até onde ?

Srs Ministros, trabalhem para que não haja uma crise econômica prolongada pois, se isto ocorrer, terão que pensar o que fazer para que tais carnês continuem realizando seus milagres.

Então Sr. Afif comece lutando para retirar as amarras da irretratabilidade da opção ao Simples em janeiro de cada ano; lutando para conferir aos Mei's um nome empresarial decente e não aquela aberração de nome pessoa física + CPF; lute para que os bancos parem de negar a abertura de uma conta corrente sob a alegação de desinteresse econômico, sem sequer, sussurrar ao interessado que ele pode, no mínimo, abrir uma conta poupança ou uma conta nos moldes de conta salário, que trazem a vantagem de não terem custo e ainda poderem movimentar recebimentos e pagamentos; lute para dizer para o pessoal do Sebrae e, principalmente, para o pessoal da Voz do Brasil que os Contadores são, sim, peça importante também para o crescimento dos Mei's pois são os verdadeiros especialistas, inclusive em pequenos negócios pois, dizer que os Mei's podem dispensar os Contadores, como o disseram no programa da Voz do Brasil, de 17Jun15, é como dizer que podem dispensar os Advogados também.

Fernando de Almeida

(11) 946191815

FeraDeAlmeida
Enviado por FeraDeAlmeida em 19/06/2015
Reeditado em 15/07/2015
Código do texto: T5282028
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.