PIB: UMA VARIÁVEL SUPÉRFLUA
O mundo parece girar no sentido contrário ao do ponteiro de suas reais necessidades. Um movimento giratório submetido à força gravitacional do desenvolvimento tecnológico. Estará esse desenvolvimento técnico atendendo às necessidades essenciais e lógicas da espécie humana?
Pensando bem, a qual mercado, hoje, a tecnologia mais favorece? O de alimentos indispensáveis à vida, vestuários do dia a dia, medicamentos realmente necessários à saúde?... ou o de bens supérfluos, o das novidades imediatamente descartáveis?
É estarrecedor saber que, hoje, aproximadamente 80% do que se consome nas gôndolas do mercado mundial são produtos sem os quais todos os seres humanos sobreviveriam. Supérfluos processados e garantidos pela quase velocidade da luz espraiada no vácuo da tecnologia. Mais estarrecedor ainda é saber que o PIB de todos os países recebe influência desse mercado de sandices.
Tome-se como exemplo a China, cujo PIB caiu à metade nos últimos dois anos. Nada obstante, ainda exibe o maior PIB mundial. Ultimamente, procura diminuir o excedente da sua produção de grãos (milho, soja, arroz), evitando exportá-los a preços vis (como o faz com os demais produtos) e - claro! - poder atender à demanda de sua superpopulação, até há pouco faminta. Ao mesmo tempo - quem sabe, estrategicamente - processa sem limite produtos supérfluos que destina ao abastecimento, principalmente do mercado ocidental. Portanto, produz, gera empregos, recebe em dólares o valor dos bens exportados e, em consequência, proporciona substancial elevação do seu PIB. Um jogo chim inteligente, a que o mundo inteiro assiste - de olhos oblíquos e apertados - e se rende. A China consegue dessa forma - via preços -, estancar a produção de supérfluos (exportáveis ou não) dos demais países, afetando, sobremaneira, a valorização dos seus PIB.
Descendo a escada dos grandes PIB, analise-se um de menor nível, cá no outro lado do planeta. Vale um exemplo brasileiro, como a Amazônia, que vem de há muito sendo desmatada. Grande parte de sua madeira destina-se à fabricação de bens supérfluos. Evidentemente, esse produto processado, uma vez comercializado, vai influenciar positivamente o PIB do Brasil. Pergunta-se se isso, sob o ponto de vista do bem-estar do povo brasileiro, é significativo (?). Relembrando bem os fatos e as estatísticas, veja-se que, no ano 2000, o Brasil detinha o 8º maior PIB mundial – mercado de supérfluos em expansão. Paradoxalmente, mais da metade da população brasileira vivia na linha da pobreza (daí para baixo). PIB elevado e panelas vazias. Valia a pena essa posição de destaque no ranking da economia mundial?
Agora, o PIB-Brasil decresce e o mundo se assusta. Panelas vazias? Nem tanto, se se compara a condição atual do brasileiro com aquela esdrúxula situação vivida no último ano do século XX. Um terrível contrassenso: país rico, miséria em alta.
E o que fazer para se recuperar a posição do Brasil no rank dos maiores PIB do mundo? Pruduzir e produzir, é o que se pode ouvir. Entenda-se: produzir automóveis, eletrodomésticos, eletroeletrônicos, roupas de grife, bens de capital (máquinas de fazer máquinas)... Para serem negociados a que preço, se são coisas que a esteira chinesa já dispõe pra pronta entrega em nossos endereços?...
Entre inúmeras medidas de ordem econômico-administrativa, ouve-se, sim, que o País depende da maximização de sua produção e da exportação de muitos bens aqui processados. Um desejo de todos, mas que depende do estímulo e da redução dos custos dessa produção (mesmo que de supérfluos). Depende, sobretudo e essencialmente, do comportamento do mercado mundial, que tem muito a ver com o desenvolvimento social.
Ponderando essas observações e trazendo-as para a realidade em que o mundo hoje vive, medido por um PIB superficial, manipulável e irreal, sobretudo por ser aferidor de uma grande parte de produtos supérfluos e descartáveis, questiona-se:
– “Não será o PIB uma variável supérflua?”…
O mundo parece girar no sentido contrário ao do ponteiro de suas reais necessidades. Um movimento giratório submetido à força gravitacional do desenvolvimento tecnológico. Estará esse desenvolvimento técnico atendendo às necessidades essenciais e lógicas da espécie humana?
Pensando bem, a qual mercado, hoje, a tecnologia mais favorece? O de alimentos indispensáveis à vida, vestuários do dia a dia, medicamentos realmente necessários à saúde?... ou o de bens supérfluos, o das novidades imediatamente descartáveis?
É estarrecedor saber que, hoje, aproximadamente 80% do que se consome nas gôndolas do mercado mundial são produtos sem os quais todos os seres humanos sobreviveriam. Supérfluos processados e garantidos pela quase velocidade da luz espraiada no vácuo da tecnologia. Mais estarrecedor ainda é saber que o PIB de todos os países recebe influência desse mercado de sandices.
Tome-se como exemplo a China, cujo PIB caiu à metade nos últimos dois anos. Nada obstante, ainda exibe o maior PIB mundial. Ultimamente, procura diminuir o excedente da sua produção de grãos (milho, soja, arroz), evitando exportá-los a preços vis (como o faz com os demais produtos) e - claro! - poder atender à demanda de sua superpopulação, até há pouco faminta. Ao mesmo tempo - quem sabe, estrategicamente - processa sem limite produtos supérfluos que destina ao abastecimento, principalmente do mercado ocidental. Portanto, produz, gera empregos, recebe em dólares o valor dos bens exportados e, em consequência, proporciona substancial elevação do seu PIB. Um jogo chim inteligente, a que o mundo inteiro assiste - de olhos oblíquos e apertados - e se rende. A China consegue dessa forma - via preços -, estancar a produção de supérfluos (exportáveis ou não) dos demais países, afetando, sobremaneira, a valorização dos seus PIB.
Descendo a escada dos grandes PIB, analise-se um de menor nível, cá no outro lado do planeta. Vale um exemplo brasileiro, como a Amazônia, que vem de há muito sendo desmatada. Grande parte de sua madeira destina-se à fabricação de bens supérfluos. Evidentemente, esse produto processado, uma vez comercializado, vai influenciar positivamente o PIB do Brasil. Pergunta-se se isso, sob o ponto de vista do bem-estar do povo brasileiro, é significativo (?). Relembrando bem os fatos e as estatísticas, veja-se que, no ano 2000, o Brasil detinha o 8º maior PIB mundial – mercado de supérfluos em expansão. Paradoxalmente, mais da metade da população brasileira vivia na linha da pobreza (daí para baixo). PIB elevado e panelas vazias. Valia a pena essa posição de destaque no ranking da economia mundial?
Agora, o PIB-Brasil decresce e o mundo se assusta. Panelas vazias? Nem tanto, se se compara a condição atual do brasileiro com aquela esdrúxula situação vivida no último ano do século XX. Um terrível contrassenso: país rico, miséria em alta.
E o que fazer para se recuperar a posição do Brasil no rank dos maiores PIB do mundo? Pruduzir e produzir, é o que se pode ouvir. Entenda-se: produzir automóveis, eletrodomésticos, eletroeletrônicos, roupas de grife, bens de capital (máquinas de fazer máquinas)... Para serem negociados a que preço, se são coisas que a esteira chinesa já dispõe pra pronta entrega em nossos endereços?...
Entre inúmeras medidas de ordem econômico-administrativa, ouve-se, sim, que o País depende da maximização de sua produção e da exportação de muitos bens aqui processados. Um desejo de todos, mas que depende do estímulo e da redução dos custos dessa produção (mesmo que de supérfluos). Depende, sobretudo e essencialmente, do comportamento do mercado mundial, que tem muito a ver com o desenvolvimento social.
Ponderando essas observações e trazendo-as para a realidade em que o mundo hoje vive, medido por um PIB superficial, manipulável e irreal, sobretudo por ser aferidor de uma grande parte de produtos supérfluos e descartáveis, questiona-se:
– “Não será o PIB uma variável supérflua?”…