Conceitos de Miséria e Pobreza
Na visão do governo não existe mais miserável no Brasil. Quem ganha 71 reais por mês já passou para a categoria de pobre. Enquanto isso, na avaliação das Nações Unidas, a nossa posição está aquém de alguns países da América Latina, oito deles à nossa frente. Para não gerar controvérsia ou ciúmes, deixo de citar os nomes, porque alguns deles são nossos vizinhos.
Trazendo essa renda mensal para a diária, facilmente vamos entender que com R$ 2,37 ao dia não dá para sair do estado de miséria. Basta imaginar o que se pode adquirir com essa ínfima quantia, em termos de alimentação. E se pensarmos ainda que “nem só de pão vive o homem”, não podemos admitir que ele tenha sido promovido de miserável a pobre. Essa visão está muito distorcida entre o que se pode definir como extrema pobreza, que caracteriza um estado de miserabilidade, e o de ser simplesmente pobre, o que seria aceitável para a maioria dos nossos irmãos brasileiros.
Trazer da estatística esse conceito de miséria e pobreza é ignorar a real necessidade do ser humano para a sua sobrevivência. É como se somente nós sentíssemos fome, sede ou frio, quando nos falta o alimento ou o cobertor.
Querem, a todo custo, ressuscitar o personagem Justo Veríssimo, de Chico Anysio – “pobre que se exploda”.
Imaginem os miseráveis...