"A BOCADA DO TIGRE CHINÊS".
  ARMANDO LEMES.

 
Há uma euforia de que o Brasil está melhorando. Se compararmos com dez anos atrás realmente houve uma melhora significativa. Essa euforia também foi sentida em épocas passadas, quando o país deu uma alavancada na descoberta de campos de petróleo e passou a ser um grande exportador de matérias primas como o aço in natura. Se olhar do ponto de vista comercial, um grande negócio, se olhar do ponto de vista estratégico, considerando que essa matéria prima  retorna em forma de manufaturados, um péssimo negócio. Exporta-se matéria prima barata e ela retorna em forma de produtos manufaturados caríssimos para nosso consumo. A China hoje é  um dos maiores  importadores de produtos in natura do Brasil, como o aço e o ferro. O Brasil melhorou bastante quanto à produção de petróleo, mas ainda não suficiente para nos tornar um país exportador e não importador. Grandes alternativas na substituição do combustível poluidor tem sido implementado como o etanol extraído da cana de açúcar, mas infelizmente seu alto custo nas bombas dos postos, inviabiliza a substituição da gasolina pelo etanol. O nosso combustível é um dos mais caros do mundo. Combustível caro num país onde os meios de transportes predominam-se como terrestre, como é o caso do Brasil, encarece enormemente o preço dos produtos internamente consumidos no seu destino final. O Brasil parece não se interessar pelo transporte ferroviário, um dos mais baratos e utilizados nos países da Europa e da America do Norte. Países desenvolvidos primam pelo transporte ferroviário, não só em nível de transportes de cargas, como também transporte de passageiros. Vários segmentos de nossa economia mostram visivelmente sinais de crescimento nos estados principalmente do sul, e sudeste do país. O setor de tecnologia é um desses setores, que passam por momentos de euforia, mas devemos realçar que já é visivelmente preocupante a interferência do tigre chinês na nossa economia. No Vale da Eletrônica que fica localizado em Santa Rita do Sapucaí, Minas Gerais, já se pode notar a influência dos países asiáticos, principalmente da China. Várias fábricas deixaram de desenvolver seus produtos próprios, por não conseguirem concorrer com produtos chineses similares. Havia até pouco tempo uma esperança dos empresários locais, de que o governo interferisse na importação desses produtos, mas o que se sente, é que devido a interesses comerciais entre as duas nações, torna-se difícil essa política externa de impedimentos. O recurso encontrado por alguns empresários do setor tecnológico é aderir à política chinesa, deixando de desenvolver seus produtos em suas fábricas e trazê-los prontos da China, por um custo muito mais vantajoso do que produzir por aqui. O Grande perigo dessa política, que já é sentida no meio tecnológico é o desemprego. Não desenvolvendo mais seus produtos em suas fábricas, os setores de desenvolvimento, que requerem mãos de obra especializadas, tende a desaparecer do mercado. Os empresários visando maior lucro e competitividade preferem se associar a empresários chineses para tocarem seus negócios. Até o momento, não se sabe o que o governo brasileiro pretende, se é, que pretende fazer  para pelo menos amenizar tal situação. Li há pouco tempo num jornal de grande circulação, um artigo que me chamou atenção, pelas artimanhas que continha sobre a estratégia da China em tornar-se muito breve a primeira nação do mundo, e se firmar como nação soberana mundial, apesar de seus mais de 1,3 bilhão de habitantes, na grande maioria vivendo em condições de vida abaixo dos níveis mundiais admissíveis. Dizia o artigo que o tigre Chinês prepara seu bote para tragar a economia mundial. Hoje seus preços e sua produção em quase todas as áreas de necessidades, são imbatíveis e daí a corrida ao Continente Asiático para suprir suas necessidades e aferir altos lucros, tornando assim as indústrias mundiais, meras montadoras dos produtos chineses, que já acontece hoje em grande escala comercial. O prazo de mais ou menos vinte anos seria necessário para acabar ou desestabizar o parque industrial mundial. Vencido essa fase, aumentariam o custo de seus produtos, inviabilizando as importações para competição. Como não seria possível adquirir os produtos chineses devidos seu alto custo e com o desmonte dos demais produtores mundiais, haveria uma recessão mundial, e através de subsídios dos governos para superar a crise, as empresas voltariam a adquirir seus produtos pelos preços altos chineses, como única alternativa de sobrevivência. O parque industrial mundial desmontado levaria pelo menos vinte anos para se reestabelecer e enquanto isso a economia mundial ficaria a mercê do povo chinês. Devemos lembrar que já passamos por situação semelhante quando o preço internacional do barril de petróleo disparou em consequência de medidas no oriente médio devido à guerra no Golfo Pérsico em 1990 quando o Iraque invadiu o Kuait. A elevação do petróleo causou uma revolução e uma crise mundial de grandes proporções.
Olhando do ponto de vista comercial, chega-se a pensar que a estratégia dos chineses, se verdadeira, assemelha-se a uma história de filmes futuristas, mas em se tratando de alimentar daqui a vinte anos talvez mais de dois bilhões de habitantes, alguma mudança de estratégia a China terá que fazer.
 
16 de novembro de 2012 -Texto de responsabilidade do jornalista Armando Lemes-registro nº 17692-DRT/MG.