O vendedor de toldos
O VENDEDOR DE TOLDOS, QUE AINDA NÃO SABE QUE VAI FALIR
Esse texto foi publicado no blog Mostradanus em 18.11.2008
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Liguei semana passada, para uma empresa de toldos próxima de minha residência e falei com a pessoa que me atendeu (que me pareceu ser o proprietário), que eu precisava de alguém que trocasse a lona do toldo (que tenho em minha área de lazer e garagem alternativa) pois a chuva de granizo o deixou em pedaços. Pedi ainda que, eventualmente estudasse um orçamento para aumentar a sua estrutura de forma que ficasse com um tamanho mais adequado, ou seja, ao invés de 11 x 2,20, meu desejo é, ou seria, transformá-lo em 11 x 4,5 metros, tudo dependendo do custo, etc e tal.
Não estamos mais propriamente numa crise, mas também nem tudo está fácil, visto que esse ano pode não ter sido um ano de prejuízos, mas também ninguém ganhou dinheiro a rodo.
Ledo engano meu, a pessoa me ouviu atentamente do outro lado, muito atencioso, me disse que lá, eles somente fabricavam o toldo novo, sob medida e não faziam reformas. “Podemos arrancar tudo que está aí, e colocar um novo, só isso”. E mais uns dois ou três, repetiram a mesma conversa.
Fiquei espantado com a resposta, pois numa situação dessas, em que provavelmente aquele pequeno empresário, poderia fazer a reforma, pois teoricamente ele não fugiria um centímetro de sua especialidade, negou-se peremptòriamente a fazê-lo, dando uma prova de incompetência na gestão de seu negócio. Com certeza um “eruginoso emproado”
Ouvir uma resposta assim, leva o cliente que desejava a reforma (no caso eu) a duas atitudes:
1 – Nunca mais procurar aquela empresa, mesmo que seja para fazer um toldo novo.
2 – Ter quase a certeza de que, se uma empresa dessas não desaparecer em pouco tempo, ou o mercado desse produto aqui em Goiânia, é muito bom e com certeza tem espaço para mais concorrentes, ou então alguma coisa está errada, algum fenômeno no sistema que foge da minha compreensão e que permite que pessoas incompetentes e que não enxergam um palmo à frente do nariz, continuem sobrevivendo, apesar de atitudes esnobes.
Lembro-me bem de um fato, do qual fui testemunha ocular, em que um proprietário de uma pequena oficina de marcenaria, recebendo um cliente que desejava consertar o pé quebrado de uma cadeira, também recusou tal empreitada, porquanto “não estava ali, para fazer remendos”. Em pouco tempo, chegou uma grande lição de vida, onde o pobre marceneiro sem serviço, mesmo sendo o melhor profissional da cidade, tentou pegar as instalações novas de uma grande farmácia que seria inaugurada numa pequena cidade próxima, e quando foi apresentar o orçamento deparou-se com aquele que havia quase lhe implorado que lhe arrumasse a cadeira.
Moral da história...
Faz-me lembrar do estilo Norte Americano, onde o dinheiro ampliou a teoria do descartável.
De tanto jogar fora, de tanto se esquecerem de que o resto do mundo não se sujeitaria a se transformar na grande lixeira do Tio Sam, estão arrotando choco e poluindo a mente de povos que sempre foram especialistas em alternativas inteligentes, como sempre foi o caso do nosso Brasil, com as famosas “gambiarras”. Todos aqui no ramo têxtil, sabem como surgiram as famosas “gambiarras” no Brasil, pois nas fiações e tecelagens, 30, 40 anos atrás, havia uma dificuldade muito grande para importar peças de reposição e em muitos casos fomos obrigados a montar oficinas mecânicas dentro das fábricas para “recondicionar” diversas peças de teares e assim também surgiram os mecânicos de beira de estrada que faziam milagres com os carros enguiçados e tratores.
Dia desses, me ligou a funcionária de uma empresa que representamos e a palavra mágica (alternativa) não funcionou: Chega-me um e-mail, dizendo assim, do seu pedido tal, cliente tal, 1.000 ms, falta um item de 100 ms., posso faturar e liquidar tal pedido? Minha resposta foi: Fature 900 e grude os outros 100 ms. que ficarão prontos, segundo seu próprio e-mail, dentro de 15 dias, ao pedido novo que lhes enviamos para entrega fim desse mes e que já está implantado e assim você não ficará com 100 metros mais no estoque e terá no lugar uma bonita duplicata a receber que fica muito melhor do que em forma de um rolo de tecido encravado na prateleira.
E você, quantos chuveiros “estragados” tem naquele quarto de despejo de sua casa? Esqueceu-se de como se troca uma simples “resistência”?