METACOMPETÊNCIA: A QUALIDADE DE SER TÉCNICO E HUMANO
RESUMO
O presente artigo vem discutir a questão da metacompetencia sob a perspectiva das competências técnicas e humanas em busca da realização profissional e pessoal, vislumbrando as exigências mercadológicas e a tomada de atitude e a responsabilidade ambiental e social do profissional ingresso ou em busca de emprego.
PALAVRAS-CHAVE: Era do conhecimento; Metacompetência; competência humana e técnica; empreendedorismo.
1. INTRODUÇÃO
A revolução industrial trouxe um novo modo de trabalho pautado na produção e na competição. O operário eficiente deve conhecer toda a parte técnica e ser uma excelência na parte da produção. O trabalho ficou compartimentalizado, cada um cuida apenas da parte que lhe compete. O individualismo ganha espaço dentro do setor e o contato com o outro torna-se mais frio e distante.
Diante desse mundo altamente globalizado e competitivo, há uma necessidade urgente de formar profissionais que atendam às necessidades do mercado de trabalho e que tenha habilidades em lidar com pessoas. Esta é a metacompetência que, como define Eugenio Mussak, “pode significar tanto o que está além competência quanto uma discussão sobre o verdadeiro sentido da palavra competência”.
Para o profissional ser bem-sucedido, segundo Robert Katz (1995), existem três tipos de habilidades importantes para este desempenho: a técnica, a humana e a conceitual. Contudo, essas habilidades requerem certas competências pessoais para serem colocadas em ação com êxito. Essas competências são qualidades de quem é capaz de analisar uma situação, apresentar soluções e resolver assuntos ou problemas, constituem o maior patrimônio pessoal do profissional, segundo Idalberto Chiavenato.
Além disso, a crise generalizada que afeta a humanidade se revela pelo individualismo nas relações pessoais e principalmente mercadológicas. Porém, o mercado de trabalho não solicita apenas pessoas que dominam o seu serviço, mas de profissionais ético e e com boas relações públicas.
Portanto, transcender os limites da competência é o que possibilita um contrato em longo prazo e a satisfação pessoal. Esta é a metacompetência, fator essencial para a excelência na profissão e na vida, porém, pouco executada, de fato.
2. METACOMPETÊNCIA: COMPETÊNCIA TÉCNICA X COMPETÊNCIA HUMANA
Competência é a capacidade de resolver problemas e atingir objetivos propostos. Então é voltado para saber fazer. “Há pessoas competentes pessoas que parecem ir além”, conforme pensamento de Mussak. Há profissionais que desempenham suas tarefas com bastante competência e há aqueles que deixam “um toque a mais”, que estão além da competência.
Competência é o produto entre o conhecimento, a habilidade e a atitude. Porém, hoje, admite-se que esses profissionais possuam a chamada metacompetência, isto é, que não sejam aqueles que apenas saibam retificar qualquer problema e cumprir aquilo que foi contratado. O profissional deve atentar-se para a ética nas relações humanas, para conseguir ter um bom relacionamento com o "cliente”, não apenas visando o lucro e a credibilidade, mas o bem-estar e a humanização.
Além disso, Chiavenato traz a idéia que para ser um bom profissional, no setor técnico, é necessário visar a eficiência e a eficácia, visando o desempenho excepcional, o alcance de resultados e a satisfação das pessoas e dos clientes.
Contudo, nem sempre eficiência, eficácia e acrescentando-se a ética andam juntas e de “mãos dadas”. Muitas vezes o trabalhador é eficiente ao extrair o máximo dos recursos, mas não é eficaz porque não atinge os objetivos esperados. O ideal é ser eficiente, eficaz e ético. E isso ganha a denotação de excelência, aqui traduzida por metacompetência.
De nada adianta executar tarefas técnicas, muitas vezes difíceis e desafiadoras. O importante é verificar se vale a pena executar essas tarefas e se elas são relevantes para o alcance dos objetivos da instituição e se há conseqüências positivas ou não para a sociedade e o meio ambiente. Isso é responsabilidade social e ambiental, ideal e exigida para qualquer empresa e típica de empreendedores, mas somente dos metacompetentes.
3. METACOMPETÊNCIA E O PERFIL DO PROFISSIONAL DO SÉCULO XXI
Muitas pessoas altamente talentosas ou não crêem ser profissionais a partir do momento em que se formam na faculdade. Porém, nem sempre os melhores acadêmicos são os melhores profissionais e talvez o inverso seja positivo. O mundo está exigente e as características dos trabalhadores são definidas por outros valores e necessidades, diferentes das do século passado e cujas competências são estabelecidas pela chamada sociedade do conhecimento.
O profissionalismo pode ter significações distintas para pessoas diferentes, mas nem o perfil do profissional desejado por muitas empresas é aquele que possua habilidade de inspirar confiança; flexibilidade, buscando fazer i melhor trabalho possível mesmo com várias circunstâncias; ser comprometido com o bem maior da organização, o que chama-se popularmente de “vestir a camisa” da instituição; ser determinado em atingir metas e ser estável; ter iniciativa, maturidade, comportamento pessoal e, principalmente, ter respeito para consigo e para com o outro; de acordo com Susan G. Manch, diretora de consultoria dos Estados Unidos.
Mussak também traz essa idéia ao citar as exigências pessoais e profissionais deste “mercado insaciável” e com a “Revolução do conhecimento” cobrando do trabalhador a flexibilidade, a criatividade, a informação, a comunicação, a responsabilidade, o empreendedorismo, a sociabilização e a tecnologia.
Ele acrescenta ainda que “atualmente são valorizadas as pessoas multimídia, com capacidade de agir de forma mais abrangente, possuidoras de qualidades humanas tão bem cuidadas quanto as qualidades acadêmicas e profissionais.
Nessa perspectiva, portanto, o profissionalismo conquista0se com o passar do tempo e pode fazer a diferença entre o sucesso e a falha e é essencial direcionar cedo e regularmente a atenção dos acadêmicos para esse fato. Porem é preciso ter em mente que para atingir esse perfil e conseqüentemente a metacompetência é necessário ter competência, pois não há como desempenhar bem trabalho sem saber de assuntos técnicos e sem querer de certa forma relacionar-se com o outro. Pessoas assim, que não se enquadram nas novas exigências do mercado são simplesmente descartados.
4. METACOMPETÊNCIA NA ERA DA INFORMAÇÃO
O início da década de 90 marca o inicio da terceira etapa do mundo organizacional ou como diria Alvin Toffler, da Terceira Onda: a Era da informação, cujo impacto foi causado pela tecnologia da informação. Desta forma, a nova riqueza passa a ser o conhecimento, o recurso mais valioso e importante. Não é possível admitir que essa nova era veio para diminuir a importância do capital financeiro, mas apenas para contribuir com ele e fortalecer os laços do capitalismo que ainda introduz as amarras no comportamento da sociedade e conseqüentemente do profissional que é parte formadora dela.
Na idade da informação instantânea, as coisas mudam rápida e incessantemente. Para Chiavenato, as mudanças afetam profundamente as organizações, do ponto de vista estrutural, cultural e comportamental, transformando poderosamente o papel das pessoas que nela trabalham e dando ênfase na produtividade e na competitividade. A busca da excelência está por trás dessas preocupações e é neste ponto que deve entrar a metacompetência, pois o profissional deve-se valer da praticidade em prol do convívio e da ética para com o outro.
Charles Chaplin corrobora com está idéia que Eugenio Mussak e Chiavenato trazem ao dizer que “nós criamos a época da velocidade e nos sentimos enclausurados dentro dela. Conhecemos os limites do universo, as profundezas do oceano e todas as áreas da terra e o nosso vizinho para nós é desconhecido”. Então, o ser humano, produtor de ciência e desconhecimento domina esta área, porem pela automacidade, pelo individualismo acabam deixando de lado o fator humano das relações. Eis a pior conseqüência desta nova era.
Esta sociedade moderna está construída para valorizar cada vez mais a cadeia de produção, já que hoje tudo é feito em equipe e isso é bom para as relações interpessoais. Por isso, a responsabilidade está tão em alta.
Para Mussak, “em uma equipe pode haver diferenças. Conhecimentos, habilidades, velocidades, percepções, as tarefas podem ser diferentes. Responsabilidade, não”. Para um individuo metacompetente sua responsabilidade profissional e para com o outro deve estar aflorada. Isso é o resultado de sucesso.
5. CONCLUSÃO
A metacompetência é um neologismo criado para dar nome ou qualificar as pessoas que possuem um desenvolvimento pleno ou que buscam incessantemente transcender paradigmas, isto é, ir além daquilo que lhe compete e não perder de vista o lado humano apenas por “sugestões” do mercado capitalista que visa o lucro. As instituições estão buscando profissionais assim e quem conseguir ser flexível e com pensamento humanitário, certamene alcançará um futuro profissional promissor.
Portanto, nessa era do conhecimento, em que o individualismo, a departamentalização, a agilidade, o egoísmo e a competitividade acirrada e sem escrúpulo, é necessário que o profissional adquira uma postura responsável para com a profissão e ética para com o outro. Essa é a metacompetência: a qualidade de ser técnico e humano.
6. REFERÊNCIAS
BOFF, Leonardo. Saber cuidar: ética do humano _ compaixão pela terra. Petrópolis, RJ: Vozes, 1999.
CHIAVENATO, Idalberto. Administração nos novos tempos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
DIONISIO, Ana Carolina. Caminho de choques e êxitos. Revista Empreendedor. Ano 13, nº 154, agosto 2007. Editora Empreendedor
MANCH, Susan G. Sobre tornar-se um profissional... Revista Advogados: mercado & Negócios. Ano IV –nº19. Editora Minuano.
MUSSAK, Eugenio. Metacompetência: uma nova visão do trabalho e da realização pessoal. São Paulo: Editora Gente, 2003.
VICENTINO, Cláudio. História geral. São Paulo: Scipione, 2002.