Será mesmo escravagista a mão-de-obra chinesa?
Leio quase tudo em relação a China e o interessantíssimo mesmo, é a maior das tolices que escrevem em relação ao baixo salário chinês, alguns até consideram escravagista a mão-de-obra chinesa.
Na China há pobreza sim, mas não miséria, como todos os sinais de miséria que se apresentam na América Latina. Mas como isso é possível no país mais populoso do mundo (1,3 bilhão de chineses)? Por vários motivos. O salário mínimo do chinês é de cerca de 300 yuans, o médio está entre 500 e 600 yuans e o máximo mal chega a mil. Mas, com 150 yuans uma pessoa pode comer durante um mês, com 20 paga a moradia, quando é oferecida pela unidade de trabalho, e com poucos centavos paga a condução. Sobra dinheiro para outras despesas, como, por exemplo, o vestuário e o lazer.
Cada chinês pertence a uma unidade de trabalho, que pode ser a escola, a fábrica ou o hospital onde exerce sua profissão. A unidade de trabalho garante moradia, a preços baixíssimos, escola para as crianças e assistência médica. Todos os habitantes de uma cidade estão divididos em unidades de trabalho que, além de proporcionar a seus membros tudo o de que eles precisam, controlam em tudo o que fazem, aonde vão, se frequentam alguma religião.
Deng Xiaoping, herói da modernização chinesa, sem nenhum apreço por ideologias, nunca achou que um regime de liberdade política pudesse manter nos trilhos uma população de mais de 1 bilhão de habitantes.
A China investe com volúpia na remessa de jovens talentos para doutorados no exterior. Além das redes públicas de ensino, foram abertas 1300 universidades privadas a partir dos anos 90. As lutas de classe foram substituídas pela luta em prol da produção e da produtividade, com clara distinção entre partido e Estado, com redução acentuada na estatização, trocando a crença em slogans ideológicos por incentivos materiais, estimulando a instalação de uma capitalismo extremado em certas áreas, com atenção especial para a atração de investimento estrangeiros.
O desenvolvimento industrial na China, que ocorreu de forma acelerada, fez com que o país se tornasse um dos maiores em produção industrial do mundo. Existem também outros fatores determinantes para a intensificação industrial na China, um deles foi a implantação de Zonas Econômicas Especiais, nessas áreas foram concedidas permissões para a entrada de capitais estrangeiros. Ao longo das zonas foram criadas áreas de livre comércio, medida adotada em decorrência de leis de incentivo, como redução parcial ou total de impostos.
A redução de impostos por parte do governo tem como objetivo atrair investimentos e inovações tecnológicas oriundas de países desenvolvidos. Os principais investidores nas Zonas Econômicas Especiais são japoneses e norte-americanos. O que incentiva os países a investir na China não é somente o fator tributário, mas também a abundante e enorme potencial de mercado interno (1,3 bilhões de pessoas).
Entretanto, o capitalismo implantado na China tem grande intervenção do Estado (economia planificada), fato que ocorre de forma modesta em outros países de regime capitalista. O crescimento industrial proporcionou uma relativa melhoria na qualidade de vida da população, com destaque para as condições de moradia, alimentação e acesso ao consumo, especialmente de eletrodomésticos.
Como não há brutal carga de impostos trabalhista, como no Brasil, que chega a ser vergonhoso o que se paga, onerando as empresas com os encargos sociais e previdenciário que chega ser uma aberração, e faz com que um em cada três empregados não tenha carteira assinada. O chinês costuma poupar um quarto de tudo que ganha, mesmo com tal fator educacional, ao longo de anos, também adquiriu a cultura e atitudes consumistas, como: uso crescente do cartão de crédito, substituição da bicicleta por carros e o jeito de vestir, elementos que produzem status na China.
Um quinto da humanidade foram puxados pelos cabelos para fora da zona de miséria. Os chineses, os tais amarelos que sobrevivem com um salário de miséria e mão-de-obra escravagista como insistentemente afirmam, compram em supermercados de padrão ocidental e em shopping centers mais ricos (com as mais admiradas grifes internacionais) e maiores do mundo. Os amarelos rodam em automóveis das marcas, Mercedes-Benz, BMW e Audi. Os aeroportos estão lotados de amarelos tomando jumbos para viagens internas e na construção civil, elevam-se os mais altos edifícios do mundo, com arrojada arquitetura pós-moderna e restaurantes com culinária das mais sofisticadas e iguarias exóticas, como: serpentes; escorpiões e roedores, herança alimentícia da miséria onde tudo que se movia, se comia. Habitação popular, nas periferias enfileiram-se conjuntos de prédios de quarenta, cinqüenta andares para a massa trabalhadora.
Essa nova configuração da economia chinesa já apresenta significativas mudanças no espaço geográfico do país, o que atrai grandes redes de negócios a se instalarem por lá, como a rede americana de fast food McDonald's. O Big Mac chinês custa US$ 1,25 - enquanto que o o Big Mac brasileiro custa o equivalente a US$ 4,91 - A Ásia é o lugar mais barato para comer o sanduíche, lembrando que câmbios mais baixos tornam as exportações mais baratas, o yuan chinês está desvalorizado em 48%.
Hoje Produtos chineses estão tomando conta do restrito e lucrativo mercado de produtos de alta qualidade. No inicio, a China como grande produtor, para ganhar mercado, exportou para o mundo todo a preço abaixo do custo. Para tentar deter o avanço chinês, mercados aplicaram a lei antidumping, sobretaxando o produto chinês. Mas pouco adiantou, pois usaram outros mecanismos para driblar a taxação. E o estigma de baixa qualidade dos produtos chineses vem dessa época. A indústria chinesa superou essa fase. A China deu esse salto, hoje há milhares de empresas chinesas que fabricam produtos de qualquer outra qualidade do mundo. A etiqueta "made em China" mostra a real procedência dos vestidos franceses, das calças americanas, das bolsas italianas, fabricadas na China. Reflexo de uma realidade do mercado de luxo: seis em cada dez roupas já são produzidas total ou parcialmente na China. A italiana Alzati, uma das mais caras marcas de tapetes do país, recentemente trouxe 30% da sua nova coleção da China.
O número de cidadãos chineses com mais de US$ 1 milhão disponíveis para investimento chegou a 534 mil em 2010 - o que eleva a China para o quarto lugar no ranking de países com maior número de milionários. E já são 115 chineses com pelo menos US$ 1 bilhão de livre disponibilidade.
Nas relações de busca da felicidade em uma sociedade de consumo "enganosa" como a nossa, ininterruptamente reposta como necessidade de mais consumo, de diversão, de conforto, de bem estar individual e familiar, de lazer, padrões de vida e de "sonhos de consumo", também o pagamento de dízimo exagerado pelos pobres; o enriquecimento de igrejas, protegidas pela imunidade injustificável com a presença de ministros religiosos ocupando cargos públicos e etc. E em tais relações, não há a preocupação em consumir-comprar produtos de fabricação nacional, fomentando o emprego em nosso país, pois o certo e necessário sim refletir que os impostos é que estão matando a industria brasileira. E que também passou-se a usar o dólar para controlar a inflação e manter o mercado interno abastecido. Sempre que inflação sobe, valorizava o real (desvalorizando o dólar), barateando as importações. E assim tem sido até hoje, mesmo no governo Dilma - que agora resolveu sobretaxar alguns produtos importados ao invés de diminuir a carga tributária dos produtos fabricados no país. Isso pode ocasionar um preço muito alto para o Brasil, aí sim está um certo futuro negro.
Nossa dívida interna e externa já está em mais de 2 trilhões. Fora essa dívida, resultante de gastos excessivos, ainda existe outro risco gigantesco, que são as centenas de bilhões de dólares investidos no mercado financeiro (Bolsa de Valores), atrás do juro brasileiro, o mais alto do mundo. Cerca de 10 vezes mais alto do que nos EUA e nos principais países da Europa. Ao primeiro susto, essas centenas de bilhões de dólares aplicados em Bolsa, somem em 24 horas.
Produtos que envolvem alta tecnologia é o setor que mais tem sido prejudicado. Na área eletrônica, já não fabricamos mais nada. O "fabricado no Brasil" é quase sempre uma enganação. Nessa área o Brasil apenas monta, não fabrica. Assim é em todas as áreas que envolvem alta tecnologia. Na área automobilística, as fábricas voltaram a ser montadoras, como eram 40 anos atrás. Praticamente só fabricamos as carrocerias e estofamentos. Todos os principais componentes são importados. Com a alta carga tributária, fabricá-los no Brasil torna o preço proibitivo.
No dia 13 de setembro, o Impostômetro atingiu a marca histórica de arrecadação de R$ 1 trilhão de impostos no país. Esse valor em 2011 foi alcançado 43 dias antes de 2010. Números tão altos revelam o crescimento da carga tributária nacional.
Comprar produtos de fabricação nacional pelo simplório "slogan" da sobrevivência do trabalho com carteira assinada de seu amigo, do seu vizinho e até mesmo da sua própria e de seus descendentes - o fato de que o certo mesmo, é que precisam acertar os inúmeros interesses conflitantes em prol da economia nacional, reduzindo a carga tributária e não a aumentando. Simplificando os processos extremamente burocráticos, que hoje estrangulam as iniciativas privadas.
Seria mais eficiente "refletir um slogan" na batida que o governo tem que cortar e enxugar os gastos exacerbados que mantém com o custeio da máquina pública (o ministério do turismo é um exemplo de inutilidade e para que servem os 37 ministérios senão para para inventar cargos para os aliados, para roubar nosso dinheiro em prol de uma certa governabilidade?) e repensar a distribuição dos impostos, ao invés de forçar mais tributos aos brasileiros, que hoje trabalham 40% do ano somente para pagar impostos.