Águas passadas não movem moinho

É interessante como velhos ditados estabelecem eternas escritas, não?

Intrigante? Não, se os reconhecermos como a mais pura sabedoria.

Duas palavras que meu pai costumava usar: “ditado e escrita” - meus avós, velhos espanhóis, em sua educação, não deixaram faltar os ditos de sua terra natal.

Quando nos aconselhava e não o ouvíamos, e depois reclamávamos por causa do desastre, ele nos dizia: - Agora não adianta chorar, o caminho estava na escrita!

E repetia a mesma história, para que sempre nos lembrássemos, a cada desobediência:

“La mamá de Juanito le enseñaba a andar en bicicleta...y juanito le dice... mira mamá sin manos... muy bien ... mira mamá sin pies...muy bien... y depronto se cae y dice mira mamá sin dientes”

É, era duro ver e ter que reconhecer que escrito estava!

Na escrita da vida também valem as palavras de Márcia Tiburi: “Não há escrita sem alarde. Ela é a terra do lavrador, um evento fatal. E um livro se remete para o outro, não apenas para si. Somos, enfim, responsáveis pelo que escrevemos.”

A vida, suas águas e seus moinhos, estão ai para que façamos a farinha dos pães que nos alimentam, mas para isso é necessário sabedoria e esta só vem com o aprendizado.

Pessoas fracassam, empresas quebram, e tudo poderia ter sido evitado.

Aprenda, pois como dizia Bertrand Russel: “Por que cometer erros antigos se há tantos erros novos a escolher?”

Aprender nos possibilita reconhecer, segundo as lições de Sócrates, que “sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância”.

Em muitos momentos, não nos permitimos prestar atenção nem nas águas e nem nos moinhos!

Arrogantes, andamos em círculos, sem nos darmos conta que este é o caminho mais longo para o mesmo ponto.

A arrogância nos impede aprender, consequentemente a ignorância, mudar.

Alguns erros são fatais e poderiam ser evitados, sim.

Bom, a lição pode vir do Mount Sinai Medical Center, para todas nossas ações: “Não existe essa história de súbito ataque cardíaco. Ele requer anos de preparação."

Quando fracassar, não use o tempo para lamentos e sim para reflexão e veja se não construiu, com todo material que lhe deram, muros e não pontes!

Ah, a verdade! Estranha, onde repousa?

Os erros, tão evidentes! Por que se mostram?

“É muito mais fácil reconhecer o erro do que encontrar a verdade. O erro está na superfície e, por isso, é fácil erradicá-lo. A verdade repousa no fundo e não é qualquer um que consegue chegar até ela” - dizia Goethe.

Ora, se fausto, venturoso queres ser, que não seja com acordos com Mefistófeles, como no poema Fausto de Goethe! - Mefistófeles é um personagem satânico da Idade Média, conhecido como uma das encarnações do mal, aliado de Lúcifer na captura de almas inocentes.

Já experientes, quando a gente pensa que sabe todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas. Sem ação, imóvel, o incauto, sem saber o que fazer, não observa que sob o moinho águas passam.

Ora, “pelos erros dos outros, o homem sensato corrige os seus”, que lição de Oswaldo Cruz! Mas, é preciso aprender...

Nossa vida é a soma das nossas escolhas, amanhã sempre será melhor, não faltam esperanças. Mas o que é a vida?

“A vida é aquilo que acontece enquanto você está planejando o futuro” - segundo John Lennon.

Poderíamos pegar uma carona na frase de Lennon e dizer que a vida é aquilo que acontece enquanto fabricamos moinhos.

Ao construí-los e escolher as águas, cuide, pois águas passadas não movem moinho!

Ivan Postigo

Diretor de Gestão Empresarial

Articulista, Escritor, Palestrante

Postigo Consultoria Comunicação e Gestão

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Ivan Postigo
Enviado por Ivan Postigo em 23/08/2011
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