Um jeito esquisito, uma empresa complicada

Um amigo me perguntou outro dia: - Você já deve ter encontrado muitas empresas que não oferecem treinamento aos colaboradores quando a situação está ruim, porque não tem dinheiro, e também não oferecem quando a situação está boa e vendendo muito, porque estão todos muito ocupados e não têm tempo, não é verdade?

Penso que todos nós nos deparamos com isso todos os dias. Talvez muitos não se dêem conta, mas é fato.

Disse que sim, claro. Isso não está relacionado apenas a treinamentos, mas a muitas questões que envolvem mudanças e decisões.

O poder tem duas faces: em uma das faces está a autoridade, na outra a responsabilidade.

O exercício da autoridade não é tão simples quanto parece por conta da outra face.

Responsabilidade é a obrigação de responder pelas próprias ações, por isso causa constrangimentos e inseguranças.

O poder causa fascínio à distância, contudo de perto ele amedronta.

Vamos raciocinar usando um exemplo simples: nossa seleção brasileira de futebol.

Poderia apanhar outra modalidade esportiva, daria no mesmo, mas fiquemos com aquela que congrega o maior número de pessoas.

O atleta sonha com a convocação, festeja quando ocorre, mas quando cai a ficha...

Não são poucos os que por falta de estrutura emocional não tem sucesso. O peso da responsabilidade sobrepõe a autoridade da qual foi investido.

E que tal um momento para glória: bater o último pênalti que poderá nos dar a taça, com o mundo todo assistindo?

Sentiu o friozinho na espinha?

Com os gestores ocorre o mesmo. Treinamento ou qualquer ação que demande investimento clama por retorno, portanto a resposta à autoridade de investir é a responsabilidade pelo resultado.

Não é difícil entender porque esse meu amigo fez a pergunta: como profissional que trabalha com desenvolvimento humano, visita muitas empresas e se defronta com o “não” com frequência. Ora, nós também como consultores.

O mercado tem se mostrado favorável e algumas empresas sequer abrem as portas para recebê-lo, a alegação é de que estão sem tempo. O que ele tem questionado é que a resposta é a mesma que recebia há alguns anos quando o mercado se mostrava recessivo.

Ele ficou surpreso quando arrisquei alguns palpites e acertei o nome das empresas.

Claro, batemos mala há muito tempo e acabamos conhecendo e visitando as mesmas organizações e seus gestores.

Treinamento tem mais a ver com o pensamento do que com o momento. Já vi interromperem o treinamento de operadores de máquinas, oferecido pelo fornecedor, porque o cliente achou muito longo. Sim, isso mesmo, comprou o equipamento e sua equipe estava recebendo orientação para uso.

Quer saber quanto tempo estavam fora da produção? Dois dias!

Na sua conta, esse tempo custava muito caro para a empresa. Estava pagando seus funcionários que não estavam produzindo.

Quer saber se a equipe aprendeu a operar as máquinas?

Como diziam meus avós: “malemá!”

Um dos exemplos interessantes de rejeição ao contato é aquele em que a pessoa quando lhe é apresentada uma proposta de treinamento responde: - Nós não usamos aqui esse tipo de serviço!

Normalmente não é preciso mencionar, dá para perceber, pois o atendimento apresenta muitas falhas, principalmente com ligações transferidas para qualquer ponto da organização.

E que tal quando você liga para fazer um pedido e a pessoa lhe diz: O ramal está ocupado, o senhor espera ou liga mais tarde?

Com tantas opções para que esperar ou ligar mais tarde? Basta ligar no concorrente!

Tenha certeza que não perguntarão quem está falando, não anotarão seu telefone e sequer avisarão a equipe comercial que você ligou. E se você se deparar com a gravação ouvirá: não desligue, sua ligação é muito importante para nós!

E não se dão conta que você também pode responder: - Esperar, ligar mais tarde? Nós não usamos aqui esse tipo de serviço.

Ivan Postigo

Diretor de Gestão Empresarial

Postigo Consultoria Comunicação e Gestão

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Twitter: @ivanpostigo

Skype: ivan.postigo

Nossas maiores conquistas não estão relacionadas às empresas que ajudamos a superar barreiras e dificuldades, nem às pessoas que ensinamos diretamente, mas sim àquelas que aprendem conosco, sem saber disso, e que ensinamos, sem nos darmos conta.

Ivan Postigo
Enviado por Ivan Postigo em 09/05/2011
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