QUEM PODERÁ DETER A ECONOMIA EM MANDARIM?

A China vem crescendo a olhos vistos há várias décadas devido a seu,diga-se, pouco ortodoxo e nada leal hábito de desvalorizar sua moeda a fim de impulsionar a economia local. É por isto que não é difícil ir até o pequeno armazém da esquina ou ao hipermercado típico dos grandes centros urbanos e identificar a famosa inscrição: made in China (ou Taiwan, país conhecido como República da China e não foi oficializado pela Organização das Nações Unidas [ONU] como um Estado independente). Mesmo nos produtos cujas legendas refiram-se ao Japão ou Estados Unidos, os componentes utilizados para a fabricação desses são provenientes da China.

Com o yuan apequenado, importar da nação mais populosa do mundo torna-se um prato cheio para as grandes empresas. A mão-de-obra é barata e abundante. As companhias lucram através de baixo investimento e o país exportador catalisa suas finanças. Aparentemente, todos ficam felizes.

Contudo, a prática acaba por fazer dos demais Estados relevantes economicamente meros espectadores da sino-evolução. Com tantos produtos a preços baixos e ainda que de qualidade duvidosa (quem se importa, por exemplo, se o seu ventilador é nacional ou importado?), a balança torna-se pesada demais para o pouco opulento produtor local. Acuado pela implacável concorrência, o mesmo procura realçar a qualidade de sua fabricação, ainda que esta, em muitos casos, não seja um fator preponderante ao consumo (de volta ao exemplo do ventilador, o qual pode também ser um fogão, uma geladeira, uma televisão ou um computador). Banalizam-se também as marcas registradas. Para qual finalidade existirão aparelhos da Philco, Philips, Sony, Microsoft ou Semp Toshiba se seus aparatos são todos oriundos de apenas um.

Dessa forma, países como EUA, França, Alemanha, Espanha, Brasil, Índia veem decrescer a sua força de exportação, em contrapartida tendo crescentes índices de importações. Suas produções locais ficam sufocadas, estranguladas pelo baixo valor do yuan. É um fato que, se faz com que as multinacionais invistam pouco para extrair muito, faz com que a economia nacional sofra uma recessão. Com o mercado estufado por mercadorias baratas, das mais variadas espécies, e chinesas, os outros países clamam por um espaço na malha econômica global. Como garantir o lucro e a sustentabilidade do fabricante local se as prateleiras e gôndolas estão recheadas de made in China? De que forma convencer os pragmáticos chineses a valorizar sua moeda e permitir com isso o crescimento econômico das demais nações? Estas questões, certamente, não se resolvem com uma simples reunião do G20 – ou talvez devesse ser rebatizado como a República Popular da China e mais 19.

Andre Mengo
Enviado por Andre Mengo em 07/12/2010
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