A Mudança dos Ventos...

A naus Santa Maria, Nina e Pinta que conduziram Cabral rumo às Américas e que, servindo-se dos ventos, aportaram no sul da Bahia (Porto Seguro) em 22 de abril de 1500, foi um marco histórico da época dos Navegantes portugueses que tinham no sangue a aventura nos mares e buscavam a via-dos-ventos para alcançar seu objetivos náuticos.

Os ventos continuam a soprar nesse intercâmbio entre o Velho Mundo e as Américas, não mais para soprar as naus expedicionárias, mas açoitam os interesses mercantis que giram em torno do comércio globalizado que envolve bens de diversas espécies.

Não dá para retirar desse holofote de interesses a realidade do futebol mundial, já que de um lado o povo respira o desenvolvimento e, de outro, emergem as Nações subdesenvolvidas que possuem a matéria prima do futebol mas que não conseguem manter seus craques em face do grande muro econômico que divide os ricos da grande torre material que amarra a aspiração dos pobres. Assim, o país da bola chamado Brasil vê seus meninos se despedirem em tenra idade para buscar os horizontes do Eurodólar, já que o sonho do enriquecimento é uma atração fatal no mundo dos negócios.

Mas os ventos começaram a mudar e sopram em sentido contrário, pois o país de inúmeros problemas sociais e econômicos, está redirecionando sua nau rumo a um prognóstico mais alvissareiro, considerando que as empresas nacionais, movidas pela alavanca econômica da exportação e dos bons negócios internos tem evoluído significativamente na última década, propiciando que façam propostas ostentosas aos nossos atletas de tal forma que alguns dos promissores jogadores possam ter a opção de sair para o estrangeiro ou ficar no Brasil.

Muitos exemplos tem marcado essa nova época, ou esses novos ventos, conforme a proposta metafórica deste texto. Com isso, estamos observando, sistematicamente, não só o repatriamento de jogadores que estão no exterior, como mantendo nossos jovens talentos. São novos tempos. Exemplo disso, é a renovação milionária do Neymar com o Santos e a anunciada renovação com o meio campista Ganso. Isso é prenúncio de bons tempos, pois nas devidas proporções já estamos dando conta de que podemos manter os novos atletas e de certa forma mostrar a Primeiro Mundo que já estamos caminhando com nossos próprios pés no mundo dos negócios estratosféricos.

Muitos diriam: Mas do que valem esses contratos milionários, considerando que a maioria do povo continua com os mesmos problemas sociais e econômicos, vivendo em favelas e com uma perspectiva de vida desumana e sem futuro? A resposta para os pessimistas é desalentadora porque fica mais nítida a desproporção da contingência humana no mundo capitalista, pois enquanto uns são milionários, outros são miseráveis. Para o mais otimista a resposta é mais animadora, pois essas negociações milionárias demonstram que o Brasil está dando certo no mundo empresarial. Isso significa dizer que havendo mais empresas sólidas, existirão mais empregos e maior circulação de dinheiro no mercado, possibilitando novos negócios e novas formas de vida para os jovens acendentes, ou aqueles que se interessam pela evolução profissional em tempos bem próximos.

Assim, apesar de santista e de ver as negociações em tela como uma alegria a mais, por continuar a ver 'os meninos da vila' exibindo seus dotes aqui no Brasil, vejo com bons olhos essa ascendência do Brasil no mundo empresarial, pois isso é um sinal evidente de que nosso país vai mundo bem obrigado, apesar de muitos ainda acharem que está tudo errado.

Não quero adentrar às questões políticas e nem fazer alusão a este ou aquele governante. O que desejo profundamente é que o nosso país saia da única nódoa que lhe mancha o desenvolvimento que á falta de ética entre as diversas relações econômicas, sejam na área política ou na área empresarial. No mais, podemos dizer que estamos próximos de um mundo melhor, desde que as pessoas, na sua individualidade, também procurem evolução. Não é apenas criticando que iremos alcançar o sucesso que almejamos, mas mostrando a forma e o caminho para que as mudanças aconteçam.

Machadinho
Enviado por Machadinho em 20/08/2010
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