ARTIGO – ECONOMIA & FINANÇAS - Paulada na taxa de juros!

 

            Lendo os jornais de hoje, assim como matéria na internet (UOL), deparo-me com uma manchete que o presidente do Banco Central, doutor Henrique Meirelles, aquele mesmo que omitira em suas declarações ao fisco a verdadeira fortuna que possuía quando assumira as altas funções no governo Lula: Pesidente do BC defende “paulada” na taxa de juros.

            Antes de entrar propriamente no assunto, fazemos uma digressão para dizer que não se sabe, pelo menos até agora, qual a penalidade imposta ao competitíssimo senhor, que tinha mandato de deputado federal pelo Estado de Goiás, eleito que fora em 2002.

            No entanto, esse homem público tem uma experiência sem igual no cenário econômico-financeiro mundial. Até as função de presidente do Banco de Boston fora por ele exercida e com muito êxito, disso ninguém pode duvidar, basta ver seu currículo.

            Confesso que a notícia me empolgou profundamente. Afinal, mais uma vez a taxa exorbitante de juros (das maiores do mundo!) cairia novamente, a fim de gerar, lá na ponta, economia para os consumidores, que são os reais destinatários dessas despesas financeiras.

            Tal a minha decepção, eis que a “paulada” a que se referiu o senhor Meirelles (elevado ao “status” de ministro, numa mágica do presidente Lula, para que não fosse julgado pela irregularidade acima citada; jogada anormal e inconstitucional, mas que fora aprovada pelo poder legislativo) nada mais é do que elevar dos 8,75% para 9,55% ao ano, que terá um reflexo favorável à contenção dos níveis inflacionários que já começam a mostrar a cara, mas elevará o custo dos empréstimos para os tomadores, até mesmo de créditos consignados.

            Eu sempre entendi que “paulada” se dava de cima pra baixo, no sentido da redução e não da bunda pra cima, para elevação. Mas esse termo pega a população pobre muito radiante, que de nada entendendo vai gritar alto e bom som que o governo dera um golpe na taxa de juros, e daí a popularidade do homem subirá assustadoramente. Esse aumento não deixa de ser um freio ao consumo que até poucos dias era tão incentivado pelos nossos mandatários. Mas podem se preparar que novos aumentos virão.

            Para o cidadão que não gosta ou não entende da matéria, essa taxa será a nova básica de juros, aquela que conduzirá a política financeira do governo, paga nos títulos da dívida pública interna. Todo o dinheiro recolhido pelas instituições financeiras ao BACEN, a título de depósito compulsório, assim como as letras do tesouro estarão sujeitos ao recebimento de juros nesse patamar.

            Por exemplo, um cidadão deposita seu dinheiro num banco, na conta normal de movimento e não obtém renda alguma, enquanto a entidade depositária o empresta a taxas exorbitantes, alguns casos chegando a mais de 5% ao mês. Para um leigo, se multiplicar 12 x 5 = 60%, taxa que seria a real no ano. Ledo engano, porque eles cobram todos os meses, isto é juros sobre juros, e aí a taxa real vai pras cucuias. São os chamados juros compostos.

            Mas se o cliente aplicar em investimentos vai obter rendimentos movidos pela taxa básica estipulada pelo governo, no caso será de 9,55% ao ano. Vejam aí que diferença a favor dos banqueiros, que é e sempre será a classe mais beneficiada deste país. Mesmo assim, fato que é corriqueiro, vivem essas instituições pedindo socorro aos cofres públicos, alegando que estão à beira da falência, que a meu ver é pura especulação.

            Vejam bem quanto a caderneta de poupança oferece de rendimentos. Nem chegam a 12% ao ano.  Agora vejam como ganham dinheiro fácil os bancos que aqui operam, os quais penalizam muitas vezes as atividades produtoras de riquezas, elevando com isso o preço de gêneros de primeira necessidade (alimentação), vestuário e transporte. Todo o custo dos empresários é repassado para o consumidor final, até mesmo os impostos.

            De uma coisa não podemos esquecer, todavia: A política de taxa de juros básica do governo do metalúrgico foi melhor do que a adotada pelo FHC, disso não resta dúvida. A média obtida pelo tucano girou em torno de 28% ao ano, preço bastante alto para conter a inflação.

            Vou encerrando por aqui, uma vez que o assunto é aparentemente fácil, como descrevi linhas acima, mas a matéria é complicada. Não seria assim em rápidas pinceladas que se esgotaria a discussão. Apenas estou dando o bê a bá, noções, até por que não sou professor e nem teria a veleidade de querer sê-lo.

Fico por aqui.

Um abraço.

Em revisão.

ansilgus
Enviado por ansilgus em 27/04/2010
Reeditado em 10/08/2011
Código do texto: T2222440
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