Até quando nossa natureza vai continuar ardendo em chamas?
Um triste espetáculo que se repete praticamente todos os anos em nossas serras e vales, está mais uma vez acontecendo: as queimadas que tantos danos trazem à nossa natureza. Dessa vez a situação ficou mais grave com as altas temperaturas batendo recorde em nossa região, nosso país e praticamente em todo o planeta, e o “El Nino” mais rigoroso. Nunca tínhamos registrado um incêndio com as atuais dimensões. Várias serras, vales e até mesmo áreas próximas as residências urbanas estão ardendo em chamas. Mais uma vez Jacobina é notícia nacional, desta vez por causa de um desastre ambiental. A contínua agressão à natureza está gerando respostas em todo o mundo: secas prolongadas, chuvas em demasia, tempestades, tufões, degelo, recordes de calor... Estamos colhendo o que plantamos, e não é por falta de avisos. Desde a Conferência de Estocolmo, em 1972, ambientalistas e cientistas vêm alertando para a necessidade de cuidarmos do nosso meio ambiente. Infelizmente estamos colhendo a falta de respeito das autoridades e do capitalismo desenfreado pela natureza. Os países mais “desenvolvidos”, que são os que mais poluem o meio ambiente, não querem abrir mão de ter cada vez mais lucros em detrimento de dar uma pausa para a natureza tentar se recuperar um pouco. Com isso não podemos vislumbrar um futuro viável para a humanidade nem para os seres vivos de uma forma geral.
Voltando para as questões locais, as queimadas que estamos enfrentando em nossa região me traz algumas indagações:
Essa tragédia, a nível local, não poderia ser amenizada ou mesmo evitada?
Se acontece praticamente todos os anos, por que não se faz um Plano de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais em nosso município?
Por que os Bombeiros e Brigadistas só são convocados para combater os incêndios, quando os mesmos já estão praticamente fora de controle?
Por que não estruturar equipes para fazer um trabalho educacional, principalmente próximos às áreas em que sempre ocorrem incêndios? Essas equipes podiam ir nas escolas, emissoras de rádios, em reuniões de associações de bairros, associações rurais, igrejas... Poderia fazer uma campanha nos períodos próximos às temporadas em que surgem as queimadas para sensibilizar toda a população a tomar os devidos os cuidados e também fiscalizar para evitar essas catástrofes...
Por que não cadastrar os brigadistas em todo o município?
Por que não equipar os combatentes com EPIs, fardamentos adequados, veículos, drones, etc...?
Por que não dar capacitação e até mesmo remunera-los? Essa equipe poderia fazer um mapeamento de trilhas nas serras e vales para facilitar o acesso para o combate aos incêndios.
Por que não preparar uma logística de transporte, alimentação e primeiros socorros para essas equipes?
Se o combate chegar o quanto antes nos focos de incêndios, a possibilidades de debela-los será grande. O problema é maior quando as chamas já tomaram grandes proporções. Chega um ponto que não adianta um grande efetivo, aviões nem outros equipamentos.
É possível amenizar o alcance dessas tragédias se o poder público (municípios, estado e governo federal) se empenhar em resolver. O investimento para estruturar esse setor evitará os imensos gastos com correrias de última hora e que nunca alcançam resultados satisfatórios. Com certeza os setores de meio ambiente e defesa civil contam com verbas para esses investimentos. Essas verbas sendo aplicadas para colocar em prática um Plano de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais evitaria gastos na remediação dessas catástrofes. É bom lembrar que a recuperação da natureza, quando possível, leva anos e anos.
Tomando as providências acima citadas, podemos modificar esse panorama de destruição da nossa fauna e flora, muitas delas endêmicas; podemos frear a destruição de inúmeras nascentes das nossas sagradas águas; parar a destruição das plantações dos pequenos agricultores; evitar a destruição de nossas cachoeiras e belas paisagens que tanto encantam turistas e todos que amam essa terra ... Podemos protelar um pouco mais a chegada do mundo caótico que estamos deixando para as próximas gerações.