A Metástase Humana
Voar convida a introspecção, exemplo disso deu Saint Exupery, que nos deixou belas obras.
Aos poucos, as ruas e prédios, vão se tornando uma única imagem indistinguível, exceto os cemitérios, que servem como orientação.
Parece ironia se orientar pelos cemitérios, o destino final.
Do alto a cidade vai se tornando uma mancha acinzentada, expelindo raízes, que invadem, e maculavam a plenitude do verde.
Devorando a vida.
Instintivamente eu denominei aquilo como "Metástase".
Eu nunca havia visto uma Metástase, embora soubesse que era uma ação do Câncer.
Depois de anos, durante às noites no laboratório, pude observar os órgãos com Metástase, e descobri a infeliz semelhança, com aquilo que eu via do alto, enquanto voava.
Quando eu estudava Eletrônica, percebi a semelhança entre o Sistema Planetário, e os Átomos.
Antes mesmo da descoberta de outros Planetas, eu já tinha certeza que existiam, pois percebia as semelhanças, entre o Macro Cosmos e o Micro Cosmos, em estrutura e funções.
Seria o Câncer um modelo da conduta humana?
Encontrei ainda outra semelhança entre os comportamentos:
Quando nosso corpo é atacado por vírus, ou bactéria, o motivo disso é a ânsia de disseminação desses organismos.
Mas quando o câncer se manifesta qual seria o motivo?
Parecem células enlouquecidas, assim como os Humanos insanos, que matam o meio onde vivem, sem motivo algum, embora estejam matando a si mesmos.
Poderia se plagiar Shakespeare questionando:
"Câncer! O câncer! Onde está a tua vitória?"
Os humanos são os únicos, que se consideram mais criadores, que criaturas.
Enquanto outros seres se adaptam ao meio, os humanos arrogantemente tentam adaptar o meio a eles.
O resultado disso são as tragédias ambientais, e as doenças.
Pela nossa dependência da Mãe Natureza, eu vejo o ambiente, como nossos órgãos externos.
Como os órgãos internos dos humanos poderiam estar saudáveis, enquanto eles são a metástase, dos seus órgãos externos, a natureza?
Parece-me que os humanos, dão mais atenção à fabricação de remédios, que as causas das doenças.
Se os humanos percebessem a diferença, entre tecnologia e sabedoria, não destruiriam a natureza, para andarem cada vez mais rápido.
Fariam as suas estradas contornando cada árvore, e cada vertente.
Fariam caminhos cheios de curvas, dentro da paisagem, para andarem bem devagar, contemplando cada flor e cada bicho, sem pressa, como quem tenta adiar a chegada à sepultura.
Talvez aprendessem a diferença entre viver e sobreviver.
Acioly Netto - www.guiadiscover.com