Deserto Verde

Muitos estranharão esse termo, deserto verde, mas a ideia é essa, trazer questionamentos. Pois questionar de forma clara é o caminho para compreensão melhor do que acontece ao nosso redor.

Com o termo deserto verde, quero trazer um ponto de análise e reflexão com algo que acontece na nossa cidade.

Sob a premissa de preservação do meio ambiente, o que vemos nas margens do rio não é a recuperação da mata ciliar, mas um deserto verde.

Vamos aos fatos. Conversemos com engenheiros florestais ou pessoas que entendem da flora da mata atlântica, e receberemos a notícia de que nas margens do nosso rio o que vemos é uma espécie de leguminosa, não nativa e que ocupa praticamente sozinha toda a beira do rio.

Não vemos outra planta, a não ser essa mesma leguminosa, causando uma monotonia no olhar, completamente diferente da exuberância da mata atlântica, que é característica na nossa região.

Mas não é só isso. Além do fato de não ter plantas nativas, podemos notar algo ainda mais grave. Não há sons no meio dessas árvores. “Sons?”, surpreenderão alguns. Sim, sons!

Quem passa pelas margens do rio não escuta nenhum som de pássaros ali. Não há nada. É um deserto verde, onde apenas há esses arbustos, sem qualquer outra vida em torno.

E mais, a presença dessa planta nas proximidades do salto tirou a possibilidade de assistir e aplaudir a um dos mais belos cartões-postais da cidade, o salto do rio Piracicaba. Basta ir à beira do rio nas proximidades do salto e não se vê nada, apenas essa monotonia verde, esse deserto verde. Não é possível admirar o salto, está encoberto.

Ora, com poucos argumentos, já questionamos a política de preservação ambiental em nossa cidade. Se é que existe alguma política nesse sentido.

A falta de um planejamento sério de recuperação e preservação ambiental cria a falsa noção de que existe preservação do meio ambiente, quando na verdade é o contrário. Não há planejamento de substituição dessa planta, que está se tornando uma praga, por plantas nativas, plantas estas que atrairiam pássaros, incluindo tucanos. A falta de um planejamento está tirando o acesso a um dos maiores cartões-postais da cidade. A falta de planejamento faz com que nosso rio esteja cercado por um deserto verde, sem pássaros, sem os sons que eles trazem, sem as frutas que os alimentam, enfim, um deserto, um nada, sem vida.

Assim, o deserto verde está presente em Piracicaba, empobrecendo nossa flora, espantando nossa fauna e tirando de nós o nosso cartão-postal.

É assim que queremos Piracicaba?

julianopd
Enviado por julianopd em 28/02/2023
Código do texto: T7729546
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