UBUNTU

Assisti estes dias um programa na rede futura

"Ubuntu, Castanha-do-Pará".

O qual me levou a algumas reflexões que gostaria de compartilhar com o meu seletíssimo grupo de leitores.

Vamos esclarecer o que é Unbutu, já que é um verbete recém integrado à nossa Língua.

Uma micro aplicação de um Ubuntu, a primeira vez que eu ouvi.

Diz que um missionário interessado em descobrir talentos no atletismo na África, propôs a um grupo de meninos uma caixa de bombons para quem ganhasse uma corrida a uma determinada distância. Os meninos se ajuntaram e atravessaram a linha de chegada juntos e dividiram a caixa de bombons. Ele sem entender questionou os meninos, “Por que fizeram isto?”

Eles responderam que para um ganhar outros teriam que perder, e eles preferem que todos ganhem. Ubuntu, my Lord!

Uma definição macro pode ser exemplo o governo de Mandela na África do Sul, que após ficar preso por 27 anos em razão da sua luta contra a segregação racial, fez um governo sem vinganças, onde imperou a tolerância entre negros e brancos. Ubuntu, Mandiba!

Outro exemplo é a comunidade quilombola da região Amazônica, que deu origem a esta reflexão.

A matriz de sustentabilidade desta comunidade é a coleta e comercialização da Castanha-do-Pará. Se organizam em grupos e coletam as castanhas de maneira coletiva, se por acaso algum deles está impossibilitado por motivos de doença ou algum impedimento, outros fazem a parte do impossibilitado, entra igual na partilha. Ubuntu, Amigos!

Aí vem minhas reflexões, as tribos indígenas amazônicas praticam está ideologia secularmente. Convivi por 10 dias entre os Ianomâmis em Roraima, fui pescar com eles no rio Mucajaí, um dia inteiro, 4 índios e dois brancos, eles com linhadas e os brancos com molinetes, resultado um peixe de dois quilos. A família deles ficaram esperando peixe para comer. Quatro famílias tiveram que comer apenas o biju com o pequeno peixe dividido entre as quatro famílias.

Rio Mucajaí antes piscoso de peixes acima de 20 quilos, hoje com águas barrentas e poluídas de mercúrio pelo garimpo ilegal.

Em outro dia ouvimos na aldeia o grito de “porco, porco” na língua deles, imediatamente todas as atividades são suspensas e eles correm com suas flechas e espingardas atrás daquela comida, que não pode escapar. Advertido previamente do perigo de ser atacado por uma queixada, procuro uma árvore para subir no sufoco. Não tinha, resolvi ficar no meio das índias. Mataram 7 porcos e pela tradição Ianomâmis quem não mata tem a obrigação de carregar as caças, eu e o amigo branco tivemos que arrastar um porco adulto por quase um quilometro. Deixamos na casa de um líder indígena, fiquei impressionado pela destreza deste para descarnar e repartir em peças o animal. Como carregamos foi nos oferecida um pedaço. Perguntei ao Chefe, “Carne agora para muito tempo em chefe?” Ele disse, “Não isto dá só para até amanhã, temos que mandar para outros agrupamentos nosso próximo daqui.” O companheiro que entende muito de índios disse é o costume entre eles, instinto de preservação. Para mim, Ubuntu, Cara pálida!

Amazônia é origem de tantas atividades econômicas, a borracha, o cacau, o açaí, palmito, caju e sua castanha, exploração racional da madeira...

Por que não racionalizar esta exploração com esta ideologia Ubuntu tão arraigada lá preservando a Floresta e o "modus vivendi" de seus habitantes?

Uma coleta de castanhas ou de açaí ou qualquer outra espécie sem um manejo racional faz com estes coletores tenham que percorrer enormes distancias com enormes sacrifícios, e baixo retorno. Se fossem feitos plantios de parques entremeando castanheiras, com Cacaueiros e açaizeiros...preservando a mata, ainda o corte controlado de arvores, podemos conservar eternamente a Amazonia e seu povo.

Ainda a preservação dos rios, das onças, do uirapuru, do pirarucu, poderia trazer enormes receitas via ecoturismo.

Uma das barreiras para isso é a doença que os maias receberam como resposta de um espanhol conquistador.

Perguntaram, "Por que vocês gostam tanto do ouro, se não é de comer?

Ele respondeu, "Nós temos uma doença em nos nossos corações que só muito ouro, todo o ouro que encontramos, pode curar."

Então, é isso, atualmente está doença é o capitalismo extremo, e a cura só pode ser toda riqueza que podemos acumular, além do ouro e pedras preciosas que trazem irreversíveis danos ambientais.

É isso e não importa a extinção dos povos indígenas dos quilombolas e toda fauna e flora Amazônica.

Concordam? Só concordar não é suficiente. Compartilhem e compartilhem e façam chegar aos seus deputados eleitos.

Obrigado,

Dermeval Franco Frossard