Sementes: Colho o que planto ...

No nosso dia a dia é comum dizer o ditado popular em que assevera:

“Sempre se colhe o que planta”, principalmente referente as palavras, ou ações negativas ou positivas do cotidiano. Poderíamos também exclamar “somos o que pensamos e falamos” sendo estas logicas mais que verdadeiras. Poderíamos também referir ao texto Bíblico “Das e Receberas”, pois, é conforme o que você doa é que recebe. Se doar amor recebe amor, se ódio é evidente receber igual. Se atender bem a seus clientes é claro que terá sucesso dentro também de um planejamento eequilíbrio financeiro.

Falando em sementes é bom destacar o seu valor, especialmente na agricultura onde uma boa seleção, propicia uma boa colheita e estendendo mais a nossa fauna e flora, onde até os pássaros tem a função de dissimila-las, estendendo o nascimento de novas plantas e mantendo o ecossistema e proliferação de nova arvores frutíferas, tornando base de alimentação para os mesmos e novas proles.

Com nós seres humanos não é diferente, mais artesanalmente lembro do meu pai preparando as sementes e nos colocando para ajuda-lo, em que consistia descascar as espigas de milho, e eliminando os grãos da ponto e do pé destas que servia para alimentação animais e se plantava o somente os grãos do centro da espiga. O solo era bem fértil e não se usava adubos naquela época.Se dava o mesmos já não sendo sementes e sim os caules da mandioca,em que era selecionado as melhores ramas ou caules e plantadas de acordo com as fazes da lua, visto que obedecendo este critérios, obtinha melhor produção.

As sementes para novos plantios eram selecionadas com esmero carinho.

A seguir passamos texto da Revista Seleções edição de julho 2018, referente a importâncias das sementes, no contexto mundial futuras gerações, ainda sobre as mutações, como segue:

A Caixa-Forte

No interior de uma montanha na ilha Spitsbergen, na Noruega, quase um milhão de variedades de sementes do mundo inteiro estão guardadas e segurança

Por Jennifer Cockrall-King

Quando meu avião se aproximou da ilha norueguesa de Spitsbergen, de onde se pode ir ao Polo Norte de trenó puxado por cães me lembrou de uma reportagem da BBC listando o Silo Global de Sementes de Svalbard como um dos lugares mais sigilosos do mundo, ao lado dos Arquivos Secretos do Vaticano.

A BBC afirmava que era quase impossível entrar no silo. Mas lá estava eu, prestes a pousar no aeroporto de Longyearbyen, depois de me assegurar de quem se eu chegasse ao arquipélago ártico de Svalbard no início de março de 2016, teria permissão de observar o depósito congelado.

A coleção era formada pelos espécimes mais importantes de sementes cultiváveis do mundo inteiro. Estavam trancados na encosta de uma montanha numa ilha 60% coberta de geleiras e 100% no meio de nada. Eu pertencia a um punhado de pessoas de sorte convidadas naquela semana a visitar as sementes de 12 mil anos de passado, presente e futuro da agricultura.

A organização da visita exigiu um anos de idas e vindas com os guardiões desse estranho projeto, culminando com 5 mil quilômetros de viagem aérea de Edmonton, no Canadá, a Reikjavik, Oslo, Tromso e, finalmente, Longyearbyen.

Sem dúvida, era um lugar difícil de chegar. Mas, no voo para Spitsbergen, vi claramente, pela janela do avião, a cunha da entrada de concreto da caixa-forte de sementes, para o dia do “juízo final”, com sua cobertura azul cintilante.

O prédio ficava em um lugar remoto. Lembra uma fortaleza, mas não era nada secreto. Mais parecia um farol a inspirar a pergunta simples, mas fundamental, por trás de minha visita: quando o mundo constrói uma despensa no gelo e começa a guardar suas sementes mais valiosas, será um excesso de zelo ou há algo em nosso suprimento alimentar com deveríamos nos preocuparmos? E quero dizer nos preocuparmos de verdade.

Estamos no meio de uma extinção agrícola em massa. No século 20, 75% da diversidade genética vegetal desapareceu; agricultores do mundo inteiro abandonaram as plantas locais herdadas em troca de monoculturas adequadas apenas para a agricultura em escala industrial. Estima-se que, só nos Estados unidos, 90% das variedades históricas de frutas, legumes e verduras tenham desaparecido. Quase metade da alimentação ocidental se baseia nas três grandes gramíneas: trigo, milho e arroz.

Os fatores por trás dessa tendência de queda são muitos e cumulativos, e incluem guerras, mudança climática, crescimento populacional, mudança de práticas agrícolas, especialização regional da produção e, é claro, a concentração de sementes com tecnologias proprietárias num punhado de multinacionais.

O tamanho enorme das fazendas modernas, com sua economia de escala e custo unitário de produção mais baixo, faz com que mais hectares sejam ocupados por menos variedades de cultivo. O risco potencial é grande: depois de estreitarmos nossas opções alimentares por motivos econômicos, o que comeremos quando essas poucas variedades não forem mais adequadas à mudança das condições climáticas? A perda de diversidade genética tornará mais difícil reagir às ameaças à produção global de alimentos.

A Noruega, com sua fama internacional de neutralidade e sem nenhuma grande participação na agricultura global, defendeu a ideia de um estoque de reserva seguro e, em 2007, assumiu o custo de 9 milhões de dólares da construção do Silo Global de Sementes de Svalbard. Erguido com concreto para durar dezenas de milhares de anos, ele foi projetado para suportar bombas e terremotos. Além disso, por estarem profundamente inseridas na encosta da montanha, as três câmaras de armazenamento podem continuar congeladas 200 anos sem eletricidade, caso ela falte. A entrada sai da montanha 130 metros acima o nível do mar, alto o suficiente para o caso de o gelo da calota polar derreter.

Dito isso, em maio de 2017, depois de outro inverno quente, a água conseguiu se infiltrar pela entrada do túnel. O derretimento do ‘permafrost’ (o gelo permanente sob a superfície da terra) provocou uma tempestade na mídia. A salvaguarda do futuro alimentar estaria em risco? De acordo com os órgãos que supervisionam o silo, a resposta é não. As sementes, no fundo da montanha, estavam a salvo. No entanto, há obras em andamento para vedar novamente a entrada e criar dutos de drenagem melhores, entre outras medidas.

Quando cheguei à entrada do silo em março de 2016, não havia guardas armados nem verificações de segurança; somente três renas sardentas cavavam o gelo e a neve, procurando liquens e capim congelados. Brian Lainoff, meu guia naquele dia, um americano magro de pouco mais de 20 anos e ex-coordenador de parcerias e comunicação do Crop Trust, saiu do silo com alguns possíveis financiadores suíços.

Com oito anos de existência, garantir parceiros de bolso cheio ainda é prioridade; o custo operacional rotineiro do silo é de um milhão de dólares por ano. Depois de se separar do grupo suíço, Lainoff nos disse: “É provável que esta seja a maior operação de resgate biológico que já existiu”. Realmente, cerca de 940 mil variedades de semente já estão protegidas dentro do silo, projetado para guardar 4,5 milhões, número que as mentes mais brilhantes da bioconservação agrícola consideram uma proteção segura para vários cenários negativos.

Lainoff se despediu dos visitantes suíços, e atravessamos uma pequena ponte até a entrada. Ele enfiou a mão no bolso da parca procurando a chave para destrancar as imensas portas externas de metal. Lá dentro, o frio parecia se prender ao revestimento curvo de metal ondulado das paredes da primeira passagem interna. As lâmpadas fluorescentes que zumbiam em todos os 146 metros de extensão do túnel acrescentavam um clima de estação espacial ‘Battlestar Galactica’.

Conforme avançamos, as paredes de aço se tornaram um duto grosseiramente aberto na pedra, e o frio aumentou bastante. (As condições ideais para armazenar sementes em longo prazo são -18C e ar muito seco). Depois de ouro conjunto de portas trancadas, ficamos diante das portas das três câmaras de armazenamento. “Adivinhe em qual estão as sementes”, disse Lainoff, brincando. A câmara cintilava com uma grossa camada de gelo, como o interior de um freezer velho. Os dois outros espaços de armazenamento ainda vazios vão se encher quando o estoque do silo aumentar.

O interior da câmara, uma sala de 6 x 27 x 10 metros, parecia uma garagem bem arrumada. Estantes utilitárias de tela de arame estavam cheiras de recipientes plásticos, caixotes de madeira e caixas de papelão, algumas emendadas com fita adesiva. Lainoff nos levou pelos corredores, passando por caixas rotuladas “Canadá”, “Taiwan”, “Centro de Arroz da África” e “Sistema Nacional de Germoplasma dos Estados Unidos”.

“Esta é uma iniciativa global, com instituições de mais de 70 países”, disse Lainoff, explicando que há uma rara participação em comum de inimigos culturais e políticos. Ele apontou caixas de madeira pintadas de vermelho com “República Democrática Popular da Coreia” escrito em branco a poucos passados de recipientes da Coreia do Sul.

Aqui as caixas nunca são abertas, pois as sementes lá dentro são propriedade do depositante. Svalbard meramente as guarda; só se extrairá se e quando os proprietários solicitarem. A maioria das caixas está cheia de dezenas de variedades de semente, seladas a vácuo em bolsas de Mylar com rótulos e códigos de barras do sistema de catalogação do próprio depositante.

Lainoff se posicionou diante de um espaço nas prateleiras e explicou que esses lugares vagos são fora do normal. As caixas de sementes são sempre guardadas na ordem de recebimento e não são catalogadas geograficamente. Havia um espaço vazio porque, em 2015, o Centro Internacional de Pesquisa Agrícola em Áreas Secas (ICARDA, na sigla em inglês) – um consórcio sem fins lucrativos que realiza pesquisas em mais de 50 países – retirou uma parte de seu banco de sementes.

O ICARDA preserva cultivares únicos de cereais, leguminosas e forrageiras originários de lugares com grande importância agrícola no mundo. Durante a guerra civil na Síria, o escritório do ICARDA em Alepo, que já foi um dos mais importantes repositórios de sementes do mundo, em parte por causa da relevância histórica da Síria como pais de onde veio o trigo, teve de ser evacuado. Só 87% da coleção de sementes puderam ser salvas. O ICARDA requisitou suas sementes para que as variedades pudessem ser plantadas no Marrocos e no Líbano para, assim, refazer o estoque de sementes. Desde então, houve dois “redepósitos” em Svalbard de sementes que se regeneraram.

Quando Lainoff terminou a visita ao silo, notei que meus dentes batiam. No caminho de volta, meus dedos estavam dormentes quando assinei o livro de visitas. O primeiro nome da página era de Ban Ki-moon, então secretário-geral da ONU. Ele escreveu: “Este é um símbolo inspirador de paz e segurança alimentar para toda a humanidade”.

Saímos na luz azul do Ártico silencioso, e percebi que me sentia ambivalente a respeito do estoque de sementes que viera de tão longe para ver. Sim, a mudança climática está deixando nossos agricultores perplexos, e suas opções são cada vez mais limitadas. E os interesses corporativos tentarão aumentar a capacidade de regular a venda e controlar a genética das sementes. A redução da biodiversidade do sistema alimentar deixou nações e cientistas alarmados a ponto de resolverem estocar a genética das sementes.

Mas me pergunto se essa realmente é a melhor opção. Essas coleções ‘ex-situ’ são apenas uma proteção parcial contra o ataque de forças maiores. Svalbard não tem nenhum poder sobre o clima global nem sobre os interesses corporativos, sem falar da transferência geracional de conhecimento. É claro que é importantíssimo proteger a herança genética da humanidade, mas manter sementes trancadas dentro do Polo Norte é um lembrete doloroso de sua escassez.

Já aceitamos a derrota? Não seria melhor dar um jeito de manter o máximo possível dessas sementes nas mãos de agricultores que detêm o conhecimento de quando, onde e como plantá-las?

Por: José Pedroso

Frutal/MG, aos 17 de setembro de 2018.

Josepedroso
Enviado por Josepedroso em 17/09/2018
Reeditado em 17/09/2018
Código do texto: T6451798
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